Tárcio sentia suas mãos doerem enquanto tentava tirar a tinta que havia caído no chão do banheiro quando haviam pintado o teto.
Ele não aguentava mais pegar na espátula, mas não era algo que ele tinha muita escolha. Ele estava ali pela misericórdia e não poderia dar nenhuma motivo para que o Pastor Kléber achasse que ele não tinha mais jeito e a única solução era colocar ele no meio da rua.
Tárcio fechou os olhos quando seu dedo polegar bateu com força contra o chão.
Respirando fundo ele apenas sussurrou:
-Deus, eu tenho tantos motivos para reclamar, mas o motivo que eu tenho para agradecer é maior do que eles... Obrigado por ter me aceitado mesmo após ter errado.
Ele abriu os olhos e um rapaz estava encostado no batente da porta.
Tárcio franziu as sobrancelhas:
-Sim, senhor?
-Ah, por favor! -O menino sorriu mostrando o aparelho verde. -Eu devo ser bem mais novo que você, não precisa me chamar de senhor.
-Mas é um Pastor.
-Na verdade, eu sou IBURD. Eu moro aqui porque minha mãe me colocou pra fora de casa.
-Mas ainda está acima de mim. -Tárcio falou. -Eu não sou nada.
O jovem sorriu:
-Tárcio, né? -Ele concordou. -Meu nome é Júlio César. Aonde tem uma espátula dessa que você está aí na mão?
Tárcio apontou para uma sacola que estava na pia. O jovem pegou uma espátula, levantou a barra da calça e se agachou ao lado do rapaz. Ele fez a menção de começar a raspar junto, mas Tárcio o impediu:
-O que você está fazendo?!
-Estou te ajudando, uai!
-Você vai sujar a sua roupa!
-Se eu não te ajudar, você vai ficar aí até Jesus voltar! -Ele falou e mesmo com os protestos de Tárcio, começou a ajudar.
-Por que está falando comigo? -Tárcio perguntou.
-Que?
-O Pastor Kléber disse para que todos evitassem de falar comigo.
-Tárcio, se eu for fazer algo errado, não será por sua influência, será pelas minhas escolhas. -Ele deu um sorriso. -Agora vamos terminar com isso!
***
Quando os dois terminaram, Tárcio sentia os dedos dormentes. Júlio estava sentado no chão com o rosto vermelho, o rapaz queria descansar também, mas tinha mais coisas para fazer.
-Obrigado, César.
-Meu Deus, você me chamou de César!
Tárcio sorriu:
-É o seu nome, não é?
-Pelo amor de Deus! Ninguém me chama assim! -Ele se levantou e deu um empurrão de leve no ombro do rapaz.
E assim começava uma amizade e Tárcio agradeceu silenciosamente, às vezes era doloroso passar por tudo aquilo sem alguém.
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Canção de um servo.
EspiritualConheça Tárcio e Bárbara, um jovem,, casal que estão determinados a tudo em favor das pessoas que sofrem, mas antes irão passar por muitas coisas que eles nem sequer imaginariam ser possível sobreviver. Uma história que irá fazer você se emocionar...