Tárcio - Uma noiva tão bonita.

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Tárcio estava mexendo no celular, ele observava algumas jovens que andavam de um lado para o outro em seus vestidos floridos enquanto esperava Bárbara.

Conferiu mais uma vez o seu cabelo, ele não entendia o porquê de estar tão nervoso, certamente a Obreira o acharia um atrapalhado por ter confundido os celulares, nada mais que isso.

Mas ele não poderia deixar passar desapercebido quando a viu. Bárbara o procurava, e antes que ela o encontrasse o rapaz a observou. Seu vestido rosa claro rodado fazia com que ela parecesse ainda mais uma boneca.

Sem se conter, Tárcio se levantou e acenou para ela:

-Obreira Bárbara! -Ele gritou e todos olharam para ele.

Bárbara caminhou timidamente até ele arqueando as sobrancelhas.

-Desculpe... -Ele abaixou a cabeça. -Um dia ainda aprendo a falar baixo como vocês paulistanos.

-Sem problemas! -Ela sorriu. -Aqui está o celular do senhor.

-E aqui está o senhora! -Bárbara pegou seu celular e o analisou. -Eu não mexi em nada, sou educado!

-Não estou condenando o senhor! -Ela riu.

-A senhora vai assistir a reunião?

-Sim! -Ela disse e os dois começaram a caminhar para o guarda-volumes. -Mas acho melhor colocar meu celular bem longe do senhor, acho que se trocarmos novamente, não verei meu celular tão cedo!

-Voltarei hoje mesmo para Minas Gerais... -Ele comentou.

-O senhor gostou de São Paulo?

-O Templo é a coisa mais linda de se ver!

-Mas Minas da saudade, não é?

-Sem sombras de dúvidas!

-É verdade que o pão de queijo de lá é bom? -Ela começou a rir.

-Como quase todos os dias e não enjôo!

-Não acredito nisso! -Ela colocou as mãos na cintura fingindo estar brava. -Dá próxima vez que o senhor vier e me ver tem que trazer pães de queijo!

-Da próxima vez que eu vier e te ver? -Ele perguntou cauteloso e Bárbara ficou vermelha.

-Claro, se o senhor quiser me visitar...

Eles guardaram o celular e começaram a caminhar até a vistoria, eram muitas pessoas e para ambos não se perderem um do outro, Tárcio segurava o cotovelo de Bárbara e a guiava.

Como sempre, a fila dos homens era rápida e Tárcio foi o primeiro a passar, por mais que ele tentasse disfarçar a todo momento um sorriso brotava em seus lábios e ele não entendia muito bem, ele não conhecia Bárbara, como ele poderia gostar dela?

Assim que Bárbara passou pela revista, ela se aproximou dele e sussurrou:

-Pastor, acho que está todo mundo olhando para nós... -Tárcio franziu as sobrancelhas, mas antes que perguntasse qualquer coisa, Bárbara explicou: -Acho que todo mundo sabe que o senhor é Pastor e estão achando que sou noiva do senhor.

Ele olhou para Bárbara que ficava vermelha e balançou a cabeça tirando a gravata vermelha e pondo em seu bolso:

-Está melhor? -Ela acenou. -Queria eu ter uma noiva tão bonita... -Tárcio falou e quando deu por si da besteira que havia pronunciado em voz alta, começou a se desculpar: -Com todo respeito, Obreira... Desculpa!

Ela simplesmente sorriu e os dois entraram no santuário.

***

A reunião havia sido maravilhosa. Tárcio e Bárbara caminhavam em direção a esplanada e ele sabia que logo teria que se despedir da moça. Bárbara era uma jovem simpática e sorridente, e em seu interior o rapaz desejou ficar pelo menos mais alguns momentos com ela.

-Então é a segunda vez que o senhor vem para São Paulo?

-Sim, foi muito Deus eu ter conseguido vim essas duas vezes, a menos que eu seja transferido para São Paulo, é difícil ser escolhido para vim. São muitos Pastores que querem ter e precisam ter essa oportunidade. -Ele explicou e sentiu sua barriga reclamar em fome, Tárcio levou a mão sobre ela e fez uma careta.

-Está tudo bem? -Bárbara perguntou preocupada.

-Acho que deu fome!

-Faz quanto tempo que o senhor comeu?

Tárcio ficou em silêncio, seus dias eram tão corridos que ele sequer se lembrava de qual havia sido a última vez que ele havia comido.

-Eu não faço ideia. -Ele admitiu. -Às vezes eu esqueço de comer.

-Não deveria! A vida do senhor é corrida, pode acabar ficando doente!

-Tá amarrado, Obreira!

-Tá amarrado, mas nem tudo é o diabo, devemos cuidar de nós! -Dessa vez, foi ela quem pegou o cotovelo do Pastor. -Vamos, vou levar o senhor em um restaurante.

Canção de um servo.Onde histórias criam vida. Descubra agora