Bárbara - Meu pai.

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O silêncio reinava no carro entre Bárbara e o Pastor Rodríguez, ela não sabia o que dizer, nem queria ter ido para a Igreja com ele e mal conseguia olhar em seus olhos que a todo momento a encarava através do espelho.

Assim que chegaram na Igreja, Bárbara subiu para pegar seu uniforme. Quando o Pastor entrou na Igreja o pai dela já estava lá.

-Boa tarde, senhor José. -O Pastor estendeu a mão o cumprimentando.

-Boa tarde, Pastor. Aconteceu alguma coisa?

-Vamos para o escritório, é melhor. -O Pastor chamou o Obreiro que estava no teclado. -Obreiro, feche todas as portas e fique do lado de fora, não é para ninguém entrar aqui dentro só a Bárbara que vai descer. Vamos, senhor José para o meu escritório.

O Obreiro fez conforme o Pastor havia dito, fechou todas as portas e esperava Bárbara descer.

O Pastor levou senhor José até o escritório e o preparou para a notícia antes que Bárbara descesse .

-Senhor José, você está bem?

-Estou sim, senhor! Estou na fé!

-Que bom! Eu tenho que ter uma conversa com o senhor nada agradável.

-Pode dizer, Pastor. O que aconteceu?

-É sobre sua filha.

-O que a Bárbara fez? Eu sei que ela está sentindo muito a perda da mãe, mas desde a sua morte ele tem se dedicado mais a Igreja de Deus, a Faculdade e ao trabalho que mesmo sem precisar ela arrumou.

-Senhor José, não tem maneira melhor de dizer isso então lá vai, a sua filha caiu com um Pastor.

-Como assim, Pastor?! -O olhar do senhor José assustado cortou o coração do Pastor, mas ele precisava contar a verdade.

-Ontem a Bárbara caiu com o Pastor Tárcio, eu não sei se o senhor o conhece.

-Conheço sim, queria muito que eles ficassem juntos mas não dessa forma. -Senhor José não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

-Eu sinto muito, se eles tivessem chegado até nós e conversado sobre os seus sentimentos, nós teríamos ajudado, orientado, mas não sabiamos de nada.

-Eu não acredito que minha filha fez uma coisa dessas.

-Tem mais uma coisa...

-O quê?

-Sua filha não é mais Obreira.

Bárbara apareceu nesse instante na porta do escritório com o uniforme nas mãos e os olhos vermelhos cheios de lágrimas.

Seu pai a olhou de cima a baixo e só ali ele se deu conta do real estado espíritual que sua filha estava.

-Aqui está Pastor o meu... -Lágrimas escorriam em seu rosto molhado. -O meu uniforme. -Bárbara o colocou na mesa em frente ao Pastor.

-Eu já conversei com o seu pai, mas acho que vocês precisam de um momento a sós, eu vou fazer um café enquanto vocês conversam, o senhor aceita José?

-Sim, senhor!

O Pastor saiu deixando eles sozinhos no escritório. Bárbara não ousava olhar para o seu pai, estava morrendo de vergonha, mas assim que o Pastor fechou a porta ele se levantou.

-Como você pode fazer isso, Bárbara? Eu e sua mãe te criamos com toda a educação do mundo! Ensinamos o caminho que você deveria andar e como se portar como uma mulher de Deus, mas você não aprendeu nada! Decidiu ir para a cama com um rapaz que você mal conhece! Que tipo de mulher você se tornou?

-Pai, não foi bem assim, eu posso explicar.

-Explicar o quê? Que você agiu como uma... -Seu pai levantou a mão fechada se controlando para não terminar aquela frase e bateu a mão na mesa e olhando para ela. -Você me deu a maior das decepções, você tinha tudo e não precisava de nada! Mas você decidiu que isso não era o suficiente, preferiu chorar a morte da sua mãe na cama com um homem do que no Altar nos braços do seu Pai! Você não só perdeu o uniforme, mas a sua dignidade!

Bárbara não tinha palavras para responder apenas lágrimas que já saiam de seus olhos com dor.

Assim que o Pastor chegou com o café, Bárbara foi embora e José ficou mais um tempo para terminar de conversar com o pastor Rodríguez.

IzabelaGomesGA

Canção de um servo.Onde histórias criam vida. Descubra agora