Tárcio - Consciência pesada.

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Antes que Tárcio abrisse os olhos, um cheiro doce e delicado entrou em suas narinas o fazendo sorrir, ele sabia que aquele cheiro era parecido com o perfume de Bárbara e ele sentiu seu coração se agitar ao lembrar do sonho que tivera com a moça.

A cama parecia ser mais confortável naquela noite, e sem abrir os olhos Tárcio sentia que algo estava errado.

Ele não escutava nenhuma movimentação de outros Pastores que dormiam no mesmo quarto, e seu despertador ainda não havia tocado.

O rapaz abriu os olhos e olhou confuso para o teto que ele tinha certeza que não era eu quarto da sede. Ele fechou os olhos mais uma vez e abriu, o mesmo teto e ele se perguntou como havia parado ali. Tárcio se inclinou para observar e seu coração tremeu. Seus sapatos, meias e a calça estavam jogados pelo meio do quarto e sua camisa no encosto da camisa... Ele olhou para o lado e a viu. Os olhos de Bárbara estavam vermelhos como se tivesse chorado a noite inteira.

Ela estava sentada na cama ao seu lado abraçando os seus joelhos enquanto o encarava.

Tárcio olhou para seu peitoral descoberto e sentiu a realidade o atingir em cheio. Não havia sido apenas um sonho...

Eles haviam caído em pecado.

-Bárbara... -Ele sussurrou assustado.

-O que foi que a gente fez? -Ela perguntou com a voz rouca. Tárcio ficou em silêncio e a voz de Bárbara se elevou. -TÁRCIO! O QUE FOI QUE A GENTE FEZ?!

-Bárbara, calma... -Ele se inclinou para encostar a mão no ombro da garota, mas ela recuou.

-Se afasta de mim! -Lágrimas escorreram dos olhos dela. -O que a gente vai fazer agora?

Tárcio sentiu sua garganta se fechar. Não era para ter sido daquele jeito, não era para ter acontecido daquela forma. Ele gostava de Bárbara e o que era para ser a melhor noite da vida da garota, havia sido o pior erro da vida dela.

Não restava mais nada a fazer do que o certo.

-Vamos até o Pastor contar tudo.

-Sério? -Os olhos de Bárbara se alarmaram em surpresa e medo. -Mas o que vão pensar de nós, Tárcio? Eu sou Obreira! E você é um Pastor! Aí meu Deus!

-Bárbara! -Ele se arrastou e a segurou pelos ombros. -Precisamos de ajuda.

-Mas...

-Vai ficar tudo bem. Confia em mim! -Ele olhou no fundo dos olhos de Bárbara. -Nós precisamos de ajuda.

-Sim, Tárcio. -Bárbara concordou. -Por mais que doa, nós precisamos de ajuda.

Ele sorriu fracamente a motivando, mas por dentro o medo do que aconteceria depois era enorme.

***

As mãos de Tárcio tremiam quando ele sentado na frente de seu Pastor contou tudo o que havia acontecido. Ele se sentia um lixo, a pior pessoa da face da terra, e pedir ajuda era a pior coisa. Sua vontade era sair correndo de lá. Ninguém iria saber o que havia acontecido...

Mas ele reconhecia que precisava de ajuda.

Quando Tárcio terminou o Pastor respirou fundo:

-A senhora é de qual igreja? -Ele perguntou olhando para Bárbara.

-Jardim Maía.

-Pastor Rodriguez?

-Sim.

Ele discou o número rapidamente em seu celular:

-Alô? Rodríguez? É o Vinícius. Preciso que você venha até a sede, urgente!

Depois que o Pastor terminou de falar ao telefone, mandou os dois saírem do escritório. Nenhum ousou trocar uma palavra sequer, por mais que estivessem com medo eles sabiam que colheriam o fruto daquela má escolha.

Passado vinte minutos, o Pastor Rodríguez entrou no salão e observou os dois jovens.

O Pastor Vinícius também saiu e ficaram lado a lado.

Tárcio tentou se acalmar esperando o pior.

-Bárbara você vem comigo. -Rodríguez falou e a garota se levantou.

-E você Tárcio, comigo. -Vinícius se dirigiu para o escritório.

Tárcio olhou a última vez para Bárbara e sussurrou enquanto andava:

-Me desculpe...

Canção de um servo.Onde histórias criam vida. Descubra agora