Canção de um servo.

Tárcio - Amar a Deus sobre todas as coisas.

Os dois ficaram em silêncio por alguns momentos e Tárcio observou Bárbara enquanto a mesma olhava para os carros que passavam pela rua.

Bárbara poderia ter ainda a cara de uma menina, mas ele podia ver pela suas expressões o quanto ela havia amadurecido. O quanto uma pessoa poderia mudar em dois anos?

Ele tinha tanta coisa para perguntar, tanta coisa para falar, mas na verdade ele só queria ficar ali, tentando suprir a saudade que Tárcio havia sufocado durante todo esse tempo.

-Você não imagina o quanto eu queria te ligar, Bárbara. -Ele voltou a falar. -Todos os dias eu tinha que lutar contra os pensamentos que me levavam até você. Enquanto eu tivesse "você" eu não era digno do Altar. Eu gostava muito de você, mas tive que confiar em Deus. Tive que confiar que Ele cuidaria de você melhor do que eu. -Ela olhou para ele e ambos tinha que se controlar para não chorar. -Eu queria poder contar tudo para você, contar tudo o que aconteceu até aqui, queria poder escutar você também... Mas eu não tenho tempo.

-Você já vai embora? -Ela perguntou com a sua voz falhando como se implorasse para ele ficar.

-Eu preciso ir, Bárbara. Mas dessa vez, você é quem dará a última palavra.

-Como assim?

-Bárbara, você está solteira. -Ele limpou a garganta. -E eu também.

Bárbara arqueou as sobrancelhas entendendo o ponto que Tárcio queria chegar.

-Tárcio, não...

-Como não? Eu ainda gosto de você! E se você gostar de mim, não há nada que nos impeça de ficarmos juntos!

Ela soltou um risada seca:

-Tárcio, você é Pastor! E eu sou uma simples Obreira... Que tem um filho!

-Mas esse filho é meu, Bárbara. E eu estou disposto a lutar por nós se você estiver disposta a estar no Altar. -Bárbara engoliu em seco. -É a sua escolha, ou vamos com isso até o fim, ou eu volto agora e sumo da sua vida... Se quiser até falo para o Pastor que não deu em nada, você pode seguir com a sua em paz... -Ele olhou bem dentro dos olhos da moça. -O que você vai decidir?