Bárbara - Velório.

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"Eu nunca gostei de flores! Mas aquelas eram ainda piores, seu cheiro penetrava mais rápido e mais forte do que todas as outras e trazia consigo a frieza da morte batesse rapidamente comigo!

Eu ainda não tive coragem de entrar na sala em que a minha mãe estava, eu não queria acreditar que a mulher que me deu a vida me ensinou o caminho que eu deveria andar e me ajudou quando eu mais precisei estava ali naquela sala pequena com as paredes pintadas de branco e verde. Branco representando a paz que ela tinha, mas que não se transmitia mais para mim. Verde simbolizando a esperança de que ela poderia ressuscitar, afinal Jesus fez isso, por que meu pai não poderia tentar?"

Tárcio chegou interrompendo os pensamentos de Bárbara. Ele se sentou ao seu lado no banco de madeira do lado de fora do cemitério.

Bárbara encostou a cabeça no ombro do rapaz e as lágrimas que pareciam já ter acabado voltaram a cair. Timidamente, Tárcio passou o braço pelos ombros da moça e a abraçou.

-Eu não consigo entrar... -Ela sussurrou.

-Você ainda não foi lá?!

-Não! É a minha mãe lá dentro, Tárcio. -Dessa vez, ela não se preocupou em chama-lo de Pastor. -Eu não consigo acreditar que Deus tirou o chão dos meus pés. Ela era tudo, e agora eu não sou nada!

-Bárbara, eu sei que está difícil, mas você tem que confiar em Deus. -A voz de Tárcio estava séria, e seu sotaque se acentuava em cada sílaba. -Ele é Quem deveria ser o Seu tudo! É Ele Quem vai te levantar e te consolar nesse momento.

-Eu sei... Mas dói tanto!

-Vem, vamos ver a sua mãe. Eu entro com você. -Tárcio se levantou e estendeu a mão na frente de Bárbara.

Eles entraram na pequena sala que estava o caixão e Bárbara se jogou em cima de sua mãe. Ela segurava sua mão que era a única parte de seu corpo que estava quente, de tantas pessoas fazerem o mesmo e sussurrava em seu ouvido:

-Mãe, acorda... Levanta daí, mãe! Por favor! Você não morreu! Levanta, mãe! Em nome de Jesus, levanta! -Bárbara esperou em silêncio, quando já não tinha mais forças e fé para acreditar que aquilo aconteceria, ela chorou.

O Pastor Titular de sua igreja foi quem realizou a oração, Bárbara estava sentada sendo consolada por Tárcio que já estava com o ombro de sua camisa molhada de tantas lágrimas derramadas, mas ele não se importava, eram de Bárbara e ela precisava dele.

O pior momento foi quando terminada a oração, tiveram que levar o caixão para ser enterrado. Eles foram caminhando com o golfe devagar, mas parecia a pior caminhada que já fizeram, o pai de Bárbara embora estivesse triste não havia feito nenhum escândalo, ele estava triste pela morte da esposa, mas tinha paz e consolo dentro de si, o Espírito Santo fazia com que a sua dor fosse menor.

Ver o caixão descendo e terra sendo jogada em cima era horrível para todos, mas uma Obreira decidiu puxar um coro com a música preferida de Rose:

Ao findar o labor desta vida
Quando a morte ao teu lado chegar
Que destino ha de ter tua alma
Qual sera no futuro teu lar
...
Meu amigo hoje tu tens a escolha
Vida ou morte, qual vais aceitar
Amanha pode ser muito tarde
Hoje Cristo te quer libertar
...
Tu procuras a paz neste mundo
Em prazeres que passam e vao
Mas na ultima hora da vida
Ele já, não mais, te satisfarão
...
Por acaso tu riste, ó amigo
Quando ouviste falar de Jesus?
Mas somente Jesus pode dar-te
Salvação pela morte na cruz
...
Tens Manchada tua alma e não podes
Contemplar o semblante de Deus
Só os crentes de corações limpos
Poderão ter o gozo nos céus
...
Se decides deixar teus pecados
E entregar tua vida a Jesus
Trilharas sim, na ultima hora
Um caminho brilhante de luz

Bárbara suspirou com a dor profunda em seu peito.

IzabelaGomesGA

Canção de um servo.Onde histórias criam vida. Descubra agora