[...] John fez o mesmo quando pegou a cueca. [...]
Ele segurou na mão dela e seguiram ate o final do corredor. Assim que entraram Nat sentou na cama e esperou por John que havia entrado no closet:
- Acho que uma camisa ficaria bem em você
- Uma camisa? – Ela levantou e andou ate ele.
- Sim, com certeza ficará grande em você - Ele falou enquanto procurava.
- Hmm deixa eu ver – Se aproximou dele.
- Enquanto você procura eu vou pegar uma calça para mim
- Tudo bem – Continuou vasculhando – Oh! Acho que essa aqui vai ficar boa – Ela tirou da cruzeta uma camisa verde escuro de manga. Vestiu, ficando ate o meio da sua coxa. Quando puxou seu cabelo para fora da camisa viu algo familiar pendurado no meio das roupas. Caminhou empurrando as roupas para o lado para conferir. Natasha sorriu balançando a cabeça, era a blusa que estava usando quando encontrou John pela segunda vez e foi parar no hotel dele. Ela pegou a peça e virou para ele:
- É a minha blusa?!
- Hmm? – Terminou de amarrar o fio da sua calça e virou para olha–lá. Quando viu o que ela estava segurando ficou sem graça passando a mão sobre sua nuca – Sim... É sua blusa. Quando você foi embora do meu quarto esqueceu sua blusa, a moça veio entregar logo depois, e como não sabia onde você estava eu a guardei.
- Hmm! Certo. Mas depois a gente se reencontrou, e desde então tivemos uma série de encontros e você nunca mencionou ou pensou em me devolver ela?!
- Err... Sim, pensei sim, só que...
- Só que o que? – Cerrou os olhos fingindo estar desconfiada.
- Só que eu nunca... Lembrei – Mentira, todos os dias quando ia se arrumar para o trabalho ele olhava a blusa.
- Eu não sei porque, mas não consigo acreditar no que diz – Se aproximou a passos lentos dele.
- M-mas é verdade – Estava nervoso.
- Não, diga a verdade John. Que você não queria devolver a blusa – Falou calmamente sempre mostrando um sorrisinho debochado.
- Err... – Ficava mais nervoso a cada segundo, não entendia muito bem o porquê, mas era constrangedor admitir.
- Diga a verdade John – Parou em frente a ele.
- Err... Está bem, eu admito, não queria devolver.
- Viu só não foi tão difícil – Virou os calcanhares para pendurar a blusa novamente.
- Não vai pegar de volta?
- Não, se você quis ficar com ela é porque tem um motivo e gosta dela
- Gosto sim, foi um dia especial, exceto a parte em que eu derrubei você
- Quase me fez quebrar a cabeça – Riu andando de volta para ele.
- Não foi bem assim, eu não vi que estava atrás de mim
- Eu sei, e acabou me acertando – Ficou na ponta dos pés para passar os braços por trás da nuca dele.
- Desculpe – Abraçou a cintura dela – Mas apesar dessa tragédia, teve um lado bom, nos conhecemos melhor, e você deixou um presente para mim.
- É verdade, há males que vem para o bem – Sorriu.
- Exato – Deu um selinho demorado nela – Agora que lembrei você reclamou que não devolvi sua blusa, mas você também não devolveu meu moletom.
- Realmente não devolvi, e não pretendo
- Ah é?
- Unhum. Eu uso sempre que estou com frio, assim penso que é você ali me abraçando.
- Que moletom sortudo – A apertou em seu abraço – Mas agora não precisa mais dele, tem a mim.
- Eu sei, mas quando você não estiver comigo ele irá me fazer companhia
- Tudo bem acho justo. Só é uma pena eu não poder fazer o mesmo com a sua blusa, não tem como eu vestir – Abriu um largo e deslumbrante sorriso.
- Há! Há! Há! Há! Ela ia rasgar por completo
- Há! Há! Há! Verdade – Beijou o canto da boca dela – Vamos descer?
- Vamos
Eles apostaram corrida ate a cozinha. Natasha chegou primeiro e como recompensa poderia escolher o que beberiam como acompanhamento. Optou por vinho. O jantar da noite era:
- Espaguete e bolinhas de carne? – Disse quando olhou para o prato.
- O que? Não gosta? – Perguntou preocupado de ter dado uma mancada.
- Pelo contrário, eu adoro – Sorriu. Amarrou seu cabelo em um coque, e pegou o garfo.
- Ufa! Pensei que ia dizer que odiava – Ele sentou ao lado dela colocando seu prato sobre o balcão.
- Claro que não, eu comi muito isso quando era criança. Não tem como não gostar.
- Bom é que minhas ex-namoradas detestavam quando eu as levava a um restaurante Italiano e pedia esse prato, elas preferiam salada.
- Hmm! Azar o delas – Falou irritada quando levou o macarrão a boca.
- Desculpe, eu não deveria estar falando delas para você, não em um momento desses
- Tudo bem – Girou novamente o garfo no prato enrolando o macarrão – Uma hora ou outra eu ia querer saber sobre elas.
- Sério?
- Sim – Terminou de engolir para poder falar – Querendo ou não, elas fazem parte do seu passado.
- É - Tomou um pouco de vinho observando-a.
Natasha comeu outra garfada, ela virou o rosto para o lado e o pegou olhando-a atentamente:
- O que? – Perguntou tentando engolir a comida.
- Você é diferente – Apoiou o cotovelo esquerdo sobre o balcão ficando de frente para ela.
- Diferente como? – Balançou rapidamente a cabeça querendo entender.
- Você não se importa de falar sobre as ex- namoradas do cara com quem está, come comida enlatada sem problemas, está sempre de bom humor, trabalha o dia todo e ainda tem energia para sair à noite, e só você poderia se vestir como uma empresária de sucesso e sentar em um sofá para jogar vídeo game de salto alto e fazer um sexo louco na mesma noite.
- Há! Há! Há! Ha! Sério que acha tudo isso de mim?
- Sim. Você não é nem de longe parecida com as minhas ex-namoradas
- Ainda bem por isso – Pegou um lenço.
- Verdade. Com elas tudo era previsível, agiam da mesma forma. Jamais comeriam isso.
- Você só namorava modelos?
- Não, mas era a maioria. Eu trabalho com modelos, então elas ficam ao meu alcance, é mais fácil.
- Entendo – Bebeu o resto do seu vinho.
- Desculpa você não gosta desse assunto, e eu fico falando sem parar.
- Não, tudo bem. Eu gosto de saber da vida das pessoas próximas a mim.
- Isso é bom
- Se você quer ter um futuro tem que entender o passado
- Pareceu minha mãe falando
- É uma ótima frase
Depois que terminaram de comer Natasha se ofereceu para lavar os pratos e mesmo não gostando da ideia ele deixou. Depois voltaram para o quarto dele e ficaram deitados, Natasha estava com a cabeça recostada no ombro dele e sua mão sobre o peito do mesmo. John adorava senti-la tão perto, trocando calor corporal e carinho:
- Me fala sobre a Lucy
Essa foi uma pergunta estranha e surpreendente, ele jamais imaginaria que ela perguntaria tal coisa:
- Sobre a Lucy?
- Sim
- O que quer saber?
- Tudo, como se conheceram e ate o final do seu noivado com ela.
- Err... Bem nos conhecemos no colégio, no ensino médio, ela era bastante popular.
- Me deixa adivinhar, ela era líder do time de torcida e você capitão do time de futebol
- Time de basquete, e sim, ela era líder.
- Então jogava basquete
- Na verdade jogava qualquer esporte, mas meu preferido sempre foi basquete.
- É, combina com você, mas continua.
- Eu já tinha ouvido falar dela, mas nunca prestei atenção, pensava que com tantas garotas atrás de mim porque me amarraria em somente uma?! Só que no terceiro ano meus amigos me apresentaram a ela, e em pouco tempo começamos a namorar, eu fiquei alucinado por ela, formamos o mais famoso casal do colégio, e confesso que naquela época eu gostei bastante – Ele fez uma pausa tentando trazer as lembranças daquele tempo à tona – Quando o ensino médio acabou nós terminamos, eu fiquei em Londres para estudar, e ela veio para Nova York para se tornar modelo. Nos encontramos três anos depois, naquele tempo eu estava namorando, ou melhor, estava em crise, ela havia me traído e quando a Lucy apareceu toda disposta a me ter de volta eu nem pensei direito, apenas aceitei, e desde aquele dia não nos separamos mais.
- Você gostava muito dela?
- Eu pensei que sim – Olhou para os seus dedos sobre sua barriga – Na verdade eu achei que o que tínhamos era amor. Ela era linda, elegante, cheia de charme, uma modelo de sucesso, por onde passava era cortejada e chamava bastante atenção, eu me senti o homem mais sortudo do mundo.
- Vocês ficaram juntos por quanto tempo?
- Quase cinco anos. Um ano depois da morte do meu pai eu a pedi em casamento, e foi à notícia do momento, ate ela estragar meses depois, quando decidiu me trair com um modelo. Nossa, eu fiquei furioso, disse tanta coisa que hoje não lembro nem a metade. Mas ela conseguiu me convencer de que estava insegura com o casamento e com medo, eu pedi um tempo para pensar em tudo.
- E no final acreditou na desculpa dela – Natasha olhava e escutava-o atentamente.
- Sim, adiamos nosso casamento e retomamos tudo, mas uma semana antes do grande dia eu a peguei na cama do quarto dela com um antigo amigo meu de colégio. Aquela foi à segunda vez que fiquei extremamente furioso a ponto de quebrar tudo, e na verdade fiz isso, o vestido dela estava em um manequim no quarto e eu o rasguei e joguei as alianças fora.
- Minha nossa você ficou descontrolado
- Aquela foi a segunda e a última vez, mas eu só agi daquela forma porque o cara fez questão de jogar na minha cara que dias antes ela se encontrava com outro com frequência. Eu perdi o controle, terminei o noivado e mandei avisar a todos os convidados que tudo estava cancelado – Ele suspirou triste relembrando. Torceu a boca em angustia e completou – Depois disso eu prometi a mim mesmo que nunca mais me apaixonaria, e que me dedicaria inteiramente ao meu trabalho.
- Entendo, deve ter sido uma grande decepção. Sinto muito – Tocou o peito dele próximo ao coração.
- É foi sim, como eu disse antes, todos os meus relacionamentos terminaram da mesma maneira, eu era traído, por isso tive mais relações passionais, do que namoro sério. Mas desde o término com a Lucy eu não me relacionei com ninguém – Ele virou o rosto para ela – Pelo menos ate agora.
- Mas você disse que nunca mais se apaixonaria
- Verdade, só que aí você apareceu, e mesmo com todo o esforço que fiz eu não consegui te tirar da minha cabeça. Quando eu olhei pela primeira vez em seus olhos eu soube naquele instante que você tinha de ser minha – Tocou o rosto dela analisando cada traço – Que foi feita para mim.
- Como pode ter certeza disso?
- Porque naquele instante eu vi o mundo parar, as pessoas desaparecerem e meu coração bater mais rápido – Ele deslizou seus dedos sobre a palma da mão dela ate se abrir deixando seus dedos alinhados – E quando nossas mãos se tocaram e aquele choque percorreu todo o meu corpo eu senti como se tivesse ligado algo que estava há muito tempo desligado. Naquele momento, por mais que não tivesse notado de imediato, tudo o que eu tinha deixou de me pertencer... Você pegou tudo. Você me capturou de todos os jeitos e formas.
- Então eu roubei seu coração?
- Sim, coração, corpo e alma.
- E não tem medo de entrega-los a mim?
- Um pouco, mas eu confio em você – Entrelaçou sua mão a dela – Eu não sei como explicar, é como se você fosse uma parte de mim que estava faltando, detesto quando está longe, me sinto incompleto, fico agitado e nervoso.
- Sério?
- Sim. Ontem quando fui embora do seu hotel e entrei no elevador comecei a bater o pé impaciente, tive uma vontade incontrolável de voltar e ficar com você. Todo o meu corpo pedia para voltar – Sorriu beijando a mão dela – Eu não sei o que você fez comigo, mas simplesmente não consigo ficar um só minuto longe de você.
- Há! Eu não sou a única feiticeira aqui não, você jogou o mesmo feitiço em mim. Quando estou longe de você eu fico triste, sinto como se o único que pudesse me deixar tranquila e feliz fosse você – Natasha passou a perna envolta dele ficando por cima tocando seu rosto como se fosse perde-lo – Passo o dia todo pensando em você, e sinto tanto a sua falta que chega a me assustar. Eu não sei se isso é bom ou não, mas é só você que me completa, ficar longe é como arrancar um pedaço de mim. Não sei se isso é uma doença ou algo maior, mas de uma coisa tenho certeza você é a razão de tudo, jamais senti ou sentirei a mesma coisa por outro homem.
Seus olhos brilhavam como safiras no sol. Ela tinha amor em sua voz e verdade em suas palavras, algo estava surgindo entre os dois e não dava para negar, a força dos seus sentimentos os atraíam cada vez mais para perto, a distancia era um castigo e sentiam isso na pele.
John pousou a mão sobre a nuca dela e a trouxe ate seus lábios beijando-a apaixonadamente. Depois de tantos beijos Natasha deitou novamente ao lado dele e continuaram conversando.
Quando retornou já tarde da noite, Mary seguiu direto para o quarto do filho para vê-lo como todas as noites fazia, mas ao abrir a porta ficou surpresa com o que viu, John e Natasha dormindo, ela estava aconchegada perto dele com um braço envolta do seu corpo, e o rapaz com o queixo recostado sobre a testa dela. Mary sorriu abertamente com a cena, entrou na ponta dos pés no quarto, chegou perto da cama e puxou com cuidado o lençol cobrindo- os. Olhou para os dois por alguns segundos pedindo a Deus que tudo desse certo e que Natasha fosse à mulher que traria luz para o coração fechado de John. Mary deixou o quarto e foi para o seu.Continua...
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Simply, I love you
RomanceO que acontece em Paris deve ser levado para a vida toda. O que você faria se, literalmente, esbarrasse no amor da sua vida na cidade mais romântica do mundo? Natasha Donovan tinha acabado de se formar em Publicidade, e ganhou de seus pais como pres...