Minha Linda

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[...] . Natasha sempre seria isso, seu porto seguro. [...]

O sol atravessou a brecha da cortina e bateu direto em seu rosto, ele apertou os olhos e virou o rosto para a sombra respirando fundo. Abriu os olhos e do seu lado encontrou a cama vazia:
- Natasha? – A chamou olhando para os lados. Quando não recebeu resposta empurrou o lençol e foi ate o closet pegar uma calça. Saiu do quarto atravessando o corredor em direção à escada. Não foi preciso procurar muito, pois escutou a voz de Natasha vindo da cozinha. Se aproximou puxando o banco e apoiando o cotovelo sobre a bancada tocando ligeiramente os dedos sobre a boca apoiando seu queixo. Ela estava com fones e o Ipod dentro do bolso da camisa a qual ela não tirara desde a madrugada. Seu cabelo estava preso em um coque alto e desfeito, descalça e batendo a massa que levou a frigideira quente para fazer panquecas, fazia tudo isso cantando a música Promise da Ciara. Não segurou o sorriso quando ela jogou lentamente o quadril de um lado para o outro, ele estava adorando aquilo. Ela não notou a presença dele, terminou de assar as panquecas colocando- as em um prato ao seu lado, virou-se para pegar o bacon, e quando o viu sentado observando-a deu um salto para trás assustada, o coque do seu cabelo se desfez e as ondas caíram. Levou a mão ao peito e tirou os fones:
- Minha nossa John, eu nem sabia que estava aí. Você me assustou – Empurrou o cabelo para trás se aproximando da bancada.
- Eu jamais interromperia seu show
- Não era um show, e saiba que é vergonhoso saber que você estava me olhando enquanto eu cantava distraída
- Não estava só cantando, mas rebolando também, e meu dia começou ótimo por causa disso.
- Não seja palhaço, é constrangedor. – Ela estava ruborizada.
- Não é não, eu adorei, poderia me acostumar acordar todos os dias assim, com você cantando, dançando e fazendo o café.
- Há! Há! Há! É, mas não se acostume, provavelmente eu não vou fazer isso de novo, não sem antes me certificar de que ninguém está me espionando.
- Isso seria maldade, e não deveria estar tão envergonhada sendo que ontem a noite rebolou bastante em cima de mim – Mostrou seu sorriso safado.
Natasha ficou da cor de um pimentão, sorrindo passando a língua por trás dos dentes. Virou de costas e pegou o prato com as panquecas:
- Em minha defesa, ontem eu estava fora de mim – Deu de ombro pondo o prato na bancada em frente a ele.
- Hmm! Para mim você estava bastante ciente do que fazia. É só olhar os arranhões na minha costa – Apontou para trás.
- No peito também – Apoiou os antebraços na bancada debruçando-se – Há! Há! Tudo bem, talvez eu não estivesse tão fora de mim assim.
- Talvez – Deu uma risadinha.
- Então, antes de você chegar e ver eu dando uma de dançarina, estava fazendo café. Temos panquecas, pão, queijo, ovos, café e suco. Quer alguma coisa grandão?
- Hmmm! Bacon
- Ok! Eu já ia fritar – Ficou na ponta dos pés para dar um selinho nele antes de voltar a sua tarefa.
John não conseguiu se concentrar em outra coisa a não ser nela. Ficava bem difícil mudar o foco quando sua namorada está usando uma blusa sua, exibindo as pernas, descalça e os cabelos soltos. Ah! Aquele cabelo. Tão negro e cheio que balançavam sempre que ela fazia o menor movimento, parecia um manto que cobria quase metade da sua costa, e destacava na cor da sua pele, ele amava aquele cabelo.
Quando terminou ela sentou do lado dele e tomaram o café. John fazia piadinhas de duplo sentido e mencionava fatos da noite passada querendo atiça-la. Natasha não se deixava abater, esticava o corpo na frente dele pegando algo do outro lado da bancada, isso levantava a blusa e mostrava a calcinha que havia vestido, também deslizava seu pé sobre a perna dele com "inocência" fingindo que nem estava prestando atenção. Ela comeu o último pedaço de bacon e suspirou alto:
- Nossa eu estou cheia, e ainda sobrou comida – Olhou para a bancada.
- Se minha mãe estivesse aqui ela não deixaria nada. Ela adora café da manhã, come bastante.
- Ha! Há! Há! É muito bom – Sorriu. Ele pegou a mão dela que havia pegado o bacon e levou à boca, chupando seus dedos limpando-os – Eu poderia pegar uma guardanapo, mas confesso que desse jeito é bem melhor.
- Ainda estão com gosto de bacon – Limpou o último dedo e deu um beijo em cada um antes de soltar.
De repente um latido e um cachorrinho que corria praticamente de lado veio na direção deles. Natasha desceu do banco e o pegou:
- Oi gracinha – Fez carinho em seu queixo e lhe deu um beijinho – Você já escolheu um nome?
- Já – Fez carinho atrás da orelha.
- Já? E por que não me disse?
- Eu ia contar ontem, você não atendeu ao celular e depois me atacou, acabei esquecendo.
- Hmm! Engraçadinho. E qual nome escolheu?
- Sam
- Sam? Mas não é o nome do seu melhor amigo? – Enrijeceu a testa.
- Sim
- Então por que escolheu o nome dele?
- Porque eu disse que um dia ia homenagear ele – Pegou seu cachorrinho esboçando um sorrisinho.
- Por quê?
- O motivo do Sam está em uma cadeira de rodas, sou eu
- Como assim?
- Há quatro anos ainda morávamos em Londres, estávamos indo para a revista e decidimos caminhar um pouco. Ele parou em uma barraca para comprar cachorro quente e eu atravessei a rua, meu celular tocou e acabei atendendo... Não vi quando um carro vinha na minha direção, mas o Sam sim, ele correu para me salvar, me empurrou para a calçada e não teve tempo de se jogar para o lado e o carro acabou acertando ele.
- Oh! Meu Deus...
- Eu lembro quando ele acordou e disse "John eu não estou sentindo as minhas pernas, tem alguma coisa em cima delas?" e eu comecei a ficar preocupado e respondi "Não cara, deve ser o efeito da anestesia, vai ver que logo vai passar" Só que não passou, ele sentia dor, mas não conseguia movimenta-las. Meu pai foi para Londres e estava com a gente quando o médico disse que o Sam ficaria paraplégico. Eu não consegui ver a expressão do meu amigo, ele chorou muito, acreditava que aquilo era mentira, e eu também queria acreditar, mas não havia porque um médico mentir a respeito disso.
- Eu sinto muito John – Tocou seu ombro.
- O médico disse que poderia fazer uma cirurgia, mas que não tinha cem por cento de certeza de que resolveria algo, mas o Sam quis arriscar e eu não me opus, apenas paguei aquela e todas as outras cirurgias que foram necessárias. Gastei uma fortuna em tratamentos, clínicas e remédios, mas não me arrependo de nada, era o mínimo que podia fazer para o cara que salvou minha vida. Sam cansou de tantas cirurgias e acabou se acostumando a ficar em uma cadeira de rodas, apenas continuou com a fisioterapia, eu não me conformei, mas não podia força-lo a encarar outro tratamento – Respirou fundo – Há um ano ele teve uma grande melhora, começou a sentir os dedos e em pouco tempo conseguiu movimenta-los, quando eu vi o que estava acontecendo chamei o melhor especialista da área. Hoje Sam consegue ficar de pé com ajuda de muletas, mas não tem força suficiente para ficar muito tempo de pé. Consegue andar, bem devagar, mas consegue, e só de ver que ele está animado com isso eu sinto o peso da minha consciência aliviando. Eu me odiei quando soube que ficaria confinado a uma cadeira.
- Mas por sorte e graças a sua persistência ele está bem melhor. Veja só como ele está hoje, eu não o conheço bem, mas vi o quanto é animado e nem parece se importar se está em uma cadeira de rodas ou não. Ele tem muita sorte de ter você como amigo, eu sei disso.
- Hunf! Sorte. Esse mesmo amigo foi quem o deixou assim
- Não, foi desatenção sua sim, mas não deixa de ser um acidente. E mesmo que tenha se sentido culpado você não o abandonou por nem um momento, mostrou que é realmente seu melhor amigo.
- Eu não podia desampara-lo
- É claro que não. John você tem um coração imenso e nem se dá conta disso – Tocou seu rosto fazendo carinho – Por isso os dois Sam adoram você – Ela olhou para o cachorrinho no colo dele com a língua de fora e o rabinho inquieto olhando para os dois.
- Como você consegue transformar algo ruim em algo aceitável?! Você tira completamente o peso da nossa consciência.
- Eu apenas falo aquilo que vejo – Lhe deu um selinho.
- É você fala tudo o que pensa – Sorriu olhando para sua boca e depois para seus olhos – E é uma das coisas que amo em você.
- Eu sei disso – Deu de ombros olhando para cima.
- Há! Há! Há! Sei – Beijou seu rosto – Vamos tomar um banho?
- Nós dois juntos? – Olhou para ele com uma sobrancelha erguida.
- Sim
- Eu não vou chegar ao trabalho tão cedo
- Ah! Que nada – Ele levantou deixando Sam no chão e a pegou no colo – Vamos tomar banho. Juntos.
- Haaa John – Apoiou as mãos nos ombros dele.
Ele saiu da cozinha com ela no colo, e Sam vinha logo atrás:
- Amor ele não vai conseguir subir a escada
- Tudo bem, é melhor ele ficar aqui embaixo por um tempo, quando ficar maior vai correr por todo o apartamento.
- Há! Há! Você é um péssimo pai deixando seu filho para trás.
- Pega leve, faz anos desde a última vez que tive de cuidar de alguém, estou despreparado.
- Você aprende de novo – Sorriu.
John atravessou a sala indo na direção da escada:
- Há! Há! John é sério, eu sei o que vai acontecer no banheiro e vou perder o horário
- Prometo que vai ser rápido – Piscou pisando no primeiro degrau. Sam ficou para trás latindo.
De repente a porta do elevador se abriu e Tina saiu de dentro, e a primeira coisa que viu foi John carregando Natasha escada acima. Colocou a mão na frente da boca tentando não rir alto:
- Oh! Bom dia Tina – Ela falou por cima do ombro dele.
- Bom dia Natasha
- Bom dia Tina – John disse.
- Bom dia querido
- Se não tiver tomado café a Nat fez o suficiente para um exército, pode comer, vai adorar. – Respondeu já chegando ao corredor.
- Certo – Balançou a cabeça rindo enquanto seguia para a cozinha.
John praticamente correu a distancia do corredor ate seu quarto, fechou a porta empurrando com o pé, e só soltou a garota quando estavam no banheiro:
- Vamos tirar primeiro isso – Ele abriu os botões da camisa dela.
- John eu vou chegar atrasada – Riu.
- Eu pego um atalho para chegar mais rápido
- Meu pai adora pontualidade
- Você é filha dele – Passou a camisa pelos braços dela.
- É, mas eu sou uma funcionária comum, tenho hora para chegar, não sou o chefe da empresa como você que pode chegar a hora que quiser. – Observou quando ele se abaixou puxando a calcinha dela ate os pés.
- Unhum. Eu bem que disse para vir trabalhar comigo, assim não teria que se preocupar com o horário – Tirou sua calça – Seu atraso seria justificável.
- Ah é! Porque meu chefe é um tarado e estava transando comigo, mesmo depois de uma noite inteira de sexo. – Entrou no box quando ele empurrou a porta e a puxou. A primeira água que saiu do chuveiro estava fria, esperou que esquentasse para poder se molhar.
- É justo, jamais seria descontada no salário por uma causa tão nobre
- Há! Há! Há! Causa nobre, essa é nova – Tomou coragem e entrou de baixo da água molhando- se da cabeça aos pés.
- Vamos, vai dizer que não gosta de sexo matinal
- Com você eu gosto de tudo – Jogou os braços por trás do pescoço dele ficando na ponta dos pés para beija-lo.
- Eu sou uma boa companhia – Respondeu entre o beijo apertando a cintura dela.
- Com certeza – Mordeu o lábio dele e o beijou com intensidade.

John saiu do elevador e como de costume viu vários de seus funcionários correrem para suas baías, era só o chefe chegar que todos encontravam suas tarefas. Antes de chegar a sua sala, Brenda sua secretária o chamou:
- Bom dia senhor Harris. Josh Miller de Londres ligou dizendo que precisa urgente falar com o senhor, e às três horas tem uma reunião com seus sócios da Coréia.
- Que chato, eles falam muito rápido, geralmente é o Sam que cuida disso. Onde ele está?
- Na sua sala – Apontou para a estendida parede de vidro.
Os vidros que são opacos ficaram transparentes mostrando Sam atrás da mesa de John acenando:
- Obrigado Brenda, qualquer coisa estarei na minha sala o dia todo
- Sim senhor
John seguiu para sua sala, abrindo e fechando a porta. Não tirou os olhos do amigo ate chegar a sua mesa e empurra-lo para o lado:
- Sam eu já disse para não ficar brincando com isso – Apertou o botão e os vidros ficaram novamente opacos, deixando-os fora da vista dos funcionários lá fora.
- Eu vi você pelas câmeras e apenas quis receber meu amigo
- E ainda por cima invadiu meu computador e mexeu no sistema de segurança. Só por ter invadido minha sala e meu sistema seria demitido por justa causa, e não receberia nada – Jogou o celular na mesa e sentou.
- Hmmm! Eu seria demito – Retrucou com a voz fina – Para de frescura, você não saberia fazer nada aqui sem mim.
- É claro que saberia, antes de você entrar na empresa eu já sabia exatamente como tudo funcionava.
- Então porque você fica com a parte chata e eu o trabalho pesado?
- Porque eu sou o chefe e você meu empregado – Sorriu acessando seu notebook.
- Prefiro o termo trabalhador assalariado escravizado – Apoiou os cotovelos na mesa.
- Há! Há! Há! Você tem mais direitos que qualquer um aqui, apago ate as imagens da câmera de você e a garota da recepção na sala da impressão de fotos.
- O que? Mas como? Eu achei que aquele fosse o único lugar onde não tivesse câmera – Ele falou estupefato.
- Meu caro Sam o único lugar onde não tem câmera é nos banheiros – Riu baixando os arquivos do seu e-mail – Ela parece não se importar de você ser um cadeirante.
- É! Ela disse que gosta de homens com um acessório a mais. Quando estamos aqui ela toma as rédeas, no apartamento dela mudamos um pouco.
- Há! Há! Há! Há! É cachorrão – Debochou.
- Au! Au! – Os dois caíram na gargalhada – Mas diz aí, ontem você estava um pouco irritado, e hoje tá alegre, tá ate sorrindo. Hmm tem cheiro de Natasha.
- Cheiro, gosto, toque – Abriu sua gaveta e tirou um caderno pequeno de capa preta e colocou em sua frente aberto, anotando algo de seu computador.
- Cadê? Estica o braço deixa eu ver – Sam pegou um dos braços dele, mas se decepcionou – Haa espertinho tá com um blusa de mangas compridas, pelo jeito a coisa foi boa e o estrago grande.
- Ficamos quatro dias em abstinência. – Deu de ombros.
- Sério? Só quatro dias? E causou tudo isso? – Apontou para o John todo – Cara eu passo mais de uma semana sem transar com ninguém e nem por isso fico mal humorado e com certeza não recebo um trato desses quando finalmente fico com uma garota.
- Azar o seu, sorte a minha – Sorriu.
- Palhaço. E ainda tá usando a pulseira. Eu vejo isso como uma coleira, um termo evidente de posse, como um animal demarcando seu território.
- É exatamente isso. Se tivesse só o nome dela eu não importaria de usar – Pegou um dos papéis em uma pilha no canto da mesa, deu uma rápida olhada antes de assinar.
- Que horror. Você se vende por muito pouco
- Disse o cara que não transa a uma semana. Minha namorada é linda, sensual e extremamente faminta, que mesmo impossibilitada de fazer tudo procura um jeito de me fazer perder a cabeça, e dias depois aparece no meu apartamento usando a lingerie mais sexy do mundo querendo me levar ate o paraíso – Terminou de falar e olhou para seu amigo que estava de queixo caído.
- Tá! Depois dessa eu vou cuidar do meu trabalho, não é sexy nem usa lingerie, mas me deixa trabalhar com quem usa.
- Há! Há! Há! Também acho que melhor ir trabalhar
- Ate mais chefinho metido a besta – Empurrou suas rodas ate a porta.
- Eu poderia descontar do seu salário essa ofensa.
- Mas não vai, porque se fizer isso eu vou começar a deixar vários trabalhos de mão e sua produção vai cair, e será uma péssima temporada para a revista – Abriu a porta e saiu.
- Há! Há! Idiota
Poucos minutos depois o telefone em sua mesa que era destinado apenas a telefonemas da empresa, tocou. Atendeu e a voz de Brenda veio do outro lado:
- Senhor Harris, a senhorita Lucy Adams está aqui
- O que? – Sua mandíbula tencionou – Ela marcou hora? – Estava torcendo para que ela dissesse que não, assim teria uma desculpa para manda-la embora.
- Sim senhor.
- Arg! Tá mande-a entrar.
- Sim senhor – Desligou. John praguejou já odiando cada segundo que teria de ficar no mesmo ambiente que ela.
A porta se abriu e o cheiro doce do perfume dela invadiu a sala. Seus saltos Jimmy Choo batiam contra o piso, seu vestido colado branco curto preso em volta do pescoço com o decote em formato triangular, os cabelos presos em um rabo de cavalo e a franja solta, e como sempre com um rosto muito bem maquiado, mesmo toda produzida ele não a achava tão bonita quanto antes. Antes de Natasha. Ele respirou fundo:
- Sente – Apontou para cadeira em frente a sua mesa.
- Obrigada – Deixou a bolsa na cadeira ao lado e sentou.
- Seja breve estou bastante ocupado – Juntou as mãos sobre a mesa encarando-a.
- Você sempre esteve ocupado – Revirou os olhos.
- O que quer Lucy?
- Falar sobre o nosso contrato. Ele está chegando ao fim e tenho apenas mais dois trabalhos, a seção de fotos da marca Lanvin e um desfile o qual Maxime Perroud está patrocinando e sua revista é que fará a matéria. Depois disso o contrato estará acabado.
- Sim, eu sei. Ainda não entendi o que quer com isso.
- Quero que renove meu contrato
- Há! Nem pensar – Recostou-se na sua cadeira.
- Por que não? Você sabe muito bem que tem mais vantagens me tendo como modelo exclusiva da sua revista, e também ganho mais posando para as campanhas que você se associa.
- Eu sei
- Então...
- Acontece que a revista precisa passar por uma mudança, uma renovação, você estampa nossas páginas mês sim e mês não, está ficando repetitivo e sem graça. Eu preciso encontrar algo diferente, as leitoras pedem isso, uma nova imagem para a revista.
- Como é? Só pode estar brincando? Eu sou a melhor modelo.
- Não, no meu ponto de vista você é apenas mais uma modelo.
- Qual é John. Não pode fazer isso comigo, fez um contrato comigo justamente porque me achava perfeita para estampar suas matérias mais importantes, não pode simplesmente me descartar.
- Não estou descartando, um dia talvez eu a chame se for necessário. Fui obrigado a aturar você por causa do nosso contrato, mas depois que ele chegar ao fim não terei mais de fazer isso.
- Arg – Ela rangeu os dentes - Você está maluco. Não está pensando direito, eu sou uma das modelos mais requisitada para desfilar para os melhores estilistas.
- Então não vai sentir nada quando nosso acordo terminar
- John não faça isso – Ficou de pé apoiando as mãos na mesa.
- Lucy você já me causou muitos problemas, se atrasou diversas vezes para sessões de fotos, seus escândalos com a mídia repercutiam na revista, fora que por sua causa perdemos um negócio muito importante porque você chegou bêbada na entrevista. Eu não sou obrigado a trabalhar com pessoas que não sabem ser profissionais, e agem como crianças mimadas – Também ficou de pé apoiando as mãos na mesa.
- Talvez eu só queira chamar sua atenção. Desde que você me largou eu estou sem rumo.
- Há! Há! Você está sem rumo sim, mas não é por minha causa, você sempre esteve longe do caminho certo. Já veio assim, e não pode concertar aquilo que veio quebrado. – Ele notou a tentativa para seduzi-lo, mas aquilo não funcionava mais, Lucy era uma menina mimada que nunca cresceu.
- Hunf! – Torceu a boca, sua tentativa foi falha, antigamente quando o olhava com desejo ele caía em seus encantos sem esforço, agora isso não funcionava mais. Bufou e mudou de assunto – Você vai para a festa da Lanvin amanhã?
- Sim, são nossos sócios, e você ainda é uma contratada da minha revista e modelo deles, nós dois temos que ir.
- Certo! A que horas você me pega? – Deslizou sua mão sobre a dele subindo por seu braço.
- É melhor dizer para o motorista do seu pai a que horas vai sair de casa para não se atrasar – Se afastou dela voltando a sentar em sua cadeira.
- Você já foi mais cavalheiro
- As circunstancias não me obrigam a ser – Respondeu curto e grosso.
- Hunf! – Lucy viu o porta retrato sobre a mesa e o pegou. Ficou vermelha de raiva quando percebeu que era Natasha – Ela. Você só está me dispensando por causa dela.
- Não, estou te dispensando porque nosso contrato logo vai acabar e também porque tenho muita coisa para resolver hoje.
- Essa mulher está virando a sua cabeça, você não gosta dela de verdade, apenas está confuso.
- Lucy eu não devo satisfações sobre meus sentimentos a você, então, por favor, vá embora.
- Acorda John ela é só uma vaca oportunista que está de olho no seu dinheiro. É tão obvio, só você não quer ver.
- Lucy eu proibi você de caluniar a Natasha de qualquer maneira. Você está passando por cima das minhas ordens e acabando com a minha paciência. Natasha não é oportunista, mas você é. Fez fama as minhas custas, usando o nome da revista do meu pai, e enquanto estiver sob o teto da minha empresa você vai dobrar sua língua antes de falar mal de qualquer pessoa aqui, inclusive da Natasha.
- Você é só mais um idiota apaixonado que logo se dará conta da burrada que está se metendo. Merecia coisa melhor – Jogou o retrato na mesa.
- Coisa melhor? Tipo você? – Cruzou os braços com um sorrisinho de canto. Ela ergueu as sobrancelhas em confirmação – Prefiro morrer sozinho.
Lucy fechou a cara erguendo o queixo girando seus saltos para sair:
- Uma hora vai ter que abrir seus olhos e ver tudo o que fazendo de errado.
- Eu os abri há muito tempo, desde o dia em que vi você na cama montada em cima do meu ex amigo de colégio. Desde aquele dia eu vi o grande erro que estava cometendo, e nunca mais fechei os olhos para nada. Natasha foi à única que conseguiu me ver de verdade e dar o que eu necessitava e nunca pediu nada em troca, nenhum contrato, sessões de fotos, dinheiro ou coisa do tipo. Ela só queria a mim, e agora me tem. E não serão suas palavras venenosas que farão eu duvidar dela. Ela me deu uma coisa que você jamais conseguiu me dar, amor.
Lucy respirou fundo, o fuzilou uma última vez antes de sair dali batendo a porta. John jogou a cabeça para trás soltando o ar com raiva. Graças a Deus o inferno de ter de atura-la logo acabaria.
O som da sua caixa de e- mail tocou, ele olhou para seu notebook e viu quem enviou. Michelle Carter. Era a prima da Natasha. Se perguntou como ela havia conseguido seu endereço de e-mail, mas pensou bem e se tratando dela tudo era possível. Abriu a página e logo no inicio estava escrito:
-
Fico feliz em saber que você é o responsável por esse sorriso no rosto da minha prima.
Abriu todas as fotos, e um sorriso de estendeu em seus lábios, várias fotos deles dois juntos na praia. Uma em que ela estava passando protetor solar na costa dele, outra ela estava sentada na areia com as pernas esticada as mãos para trás do corpo enfiadas na areia olhando para o rio onde os três estavam. Havia diversas fotos, mas suas preferidas eram as que estavam juntos. Estava sentado atrás dela e a cabeça da mesma recostada em seu peito, em outra estavam na mesma posição só que de braços abertos e as mãos entrelaçadas, outra ela estava rindo, havia muitas fotos dos dois sentados daquele jeito, se abraçando, ele beijando o ombro dela, dividindo o sanduíche, ele olhando a vista enquanto ela estava de olhos fechados. Uma das suas favoritas era dela sozinha, sorrindo olhando para câmera, estava tão natural e feliz que escolheu essa para ser revelada, e outra deles sentados abraçados para ser o plano de fundo do seu notebook. Mais abaixo havia outra foto, a que Michelle tirou deles dormindo na rede, não conseguiu segurar o riso, havia pedido essa foto. Logo ao lado tinha um vídeo, clicou. Os dois estavam caminhando na margem tranquilamente quando Natasha começou a correr e ele veio logo atrás para pega-la. O vídeo tinha um pouco mais de trinta segundos e não mostrava o momento em que a alcançou, pois eles correram para longe, mas só aquilo e o fato de vê-la bastou para toda a sua raiva sumir, e a saudade dela bater.

Continua...

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