Sempre elas (ex)

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[...] ele mesmo levaria Natasha. [...]

No caminho ate a agência Nat olhava admirando o moreno, seus movimentos, seus braços quando trocavam a marcha e girava o volante, o modo como ele parecia poderoso dirigindo, como se a cidade fosse toda sua, como se nada pudesse atingi-lo, algo tão simples como dirigir era extremamente excitante. John pousou a mão na coxa dela quando percebeu seu olhar demorado. Ela segurou sua mão levando os lábios e beijou a palma devolvendo para o lugar onde estava.
Ele parou em frente ao prédio da agência, desligou o carro e se virou para ela:
- Chegamos
- Obrigada
- Eu vou ter uma reunião daqui à uma hora, vou tentar terminar antes do almoço. Eu ligo para você para confirmar.
- Não se preocupe, faça seu trabalho tranquilo, eu almoço por aqui, ou talvez eu ate vá para casa – Ergueu um dos ombros – E por falar nisso, e a minha mala?
- Pedi ao Phil para deixar na sua casa
- Oh! Que bom, obrigada – Olhou rapidamente para o pulso esquerdo dele onde estava a pulseira, esticou seu braço para toca-lo.
- Eu tenho quase certeza que o Sam vai fazer alguma gracinha quando vir a pulseira.
- Há! Há! Você acha?
- Sim... E provavelmente eu vou quebrar os dentes dele por isso
- Que horror John. É seu amigo.
- Pode ate ser meu amigo, mas esqueço disso quando falam algo depreciando você.
- Você é tão protetor – Se esticou ficando mais próxima dele.
- Eu preciso proteger minha vida não é?! – Tocou o rosto dela admirando seus detalhes, principalmente os olhos, o qual adorava. – Você é muito importante para mim.
- Você também. Eu nem lembro como era minha vida antes de você. Eu te amo tanto.
Ele engoliu em seco, a resposta estava engatada na garganta, tinha medo de dizer. Tudo o que conseguiu fazer foi beija-la sem reservas, como se fosse o último beijo de suas vidas. Natasha nem conseguia mais respirar, mas estava tão bom que deu um jeito de puxar o ar quando se afastava minimamente.
- Hmmm John não torne a partida mais difícil do que já estar – Mordeu o lábio dele.
- É você que não quer trabalhar para mim
- Por que servir ao chefe se na empresa onde estou um dia eu serei a chefa? – Sorriu.
- Ponto para você
- É sério agora eu tenho que ir
- Infelizmente não posso fazer nada contra – Lhe deu um selinho – Eu telefono se sair antes do almoço para sairmos.
- Tudo bem, mas não se preocupe, faça seu trabalho – Beijou seu queixo.
- Certo. Tenha um bom dia minha linda – Sorriu docemente.
- Você também grandão – Ela o beijou uma última vez – Eu te amo – Saiu do carro escutando o ronco do motor partindo enquanto caminhava para entrada da agência.
Quando chegou a sua baía Ivan que ocupava a mesa do outro lado a saudou com seu grande sorriso:
- Oi Nat. Que bom que você voltou, estava chato não ter ninguém com quem conversar. Sabe a Kristy nunca consegue falar mal de ninguém, e ficava com medo de alguém escutar quando eu falava.
- Há! Há! Há! Tem que aprender que nem todo mundo gosta de falar mal da vida dos outros – Abriu seu notebook.
- Eu sei, mas minha vida é um tédio, fora meu trabalho, falar sobre o que penso, é minha única diversão.
- Você precisa fazer algum curso isso sim, para ver se fica com a mente ocupada. – Digitou sua senha.
- Há! Há! – Ele riu, mas logo parou – Wow! Eu conheço aquele olhar e não é nem um pouco bom, é assim que minha namorada me olha quando faço algo errado.
- O que? – Olhou para ele e depois para a pessoa que estava observando. Sua mãe entrara na ala batendo fundo os pés, com cara de poucos amigos, parecia que ia matar alguém, e na direção que estava indo esse alguém seria seu pai.
Natasha levantou as pressas, e ficou na frente da mãe impedindo-a de passar:
- Mãe o que faz aqui? E por que dessa cara?
- Me deixa passar Natasha, eu preciso resolver algo com seu pai – Falou com raiva sem tirar os olhos da porta fechada logo adiante.
- O que houve? Ele não atendeu suas ligações? – Perguntou preocupada. Susan nunca ficava com raiva, não dessa maneira, parecia que queria queimar Taylor vivo.
- Você logo saberá, mas eu preciso ter uma conversa com ele – Contornou a filha, e a mesma temendo por algo ruim foi atrás.
Susan não bateu na porta, quem estivesse lá dentro teria de sair, não estava disposta a esperar, e com certeza quem a visse com a máscara de assassina sairia correndo. Abriu a porta, e tinha um rapaz sentado na cadeira em frente a mesa e Taylor sentado do outro lado enquanto falavam sobre algo a respeito da campanha de publicidade. O rapaz assim que a reconheceu e viu sua expressão engoliu em seco levantando da cadeira:
- Senhora Donovan que bom vê-la – Saudou com nervosismo.
- Dou 200 dólares para começar a me chamar de senhora Carter.
- Mãe? – Natasha arregalou os olhos. Carter era o sobrenome de solteira de Susan - Lewis é melhor sair – Natasha pediu, e não precisou fazer isso uma segunda vez, ele praticamente evaporou.
- Susan o que está acontecendo? – Taylor perguntou levantando de sua cadeira.
- Taylor Dimitri Donovan será que pode me explicar que palhaçada é essa? – Susan jogou em cima da mesa um jornal que trazia consigo.
Em uma das manchetes tinha uma foto de Taylor almoçando com uma mulher poucos anos mais jovem que ele. Ela estava com os braços cruzados sobre a mesa enquanto prestava atenção em algo que ele falava, e parecia muito interessada, pois tinha um sorriso no rosto. Em outra foto Taylor estava com a mão sobre a dela e dizia algo. Natasha estava ao lado do pai para ler a manchete e ficou de boca e olhos arregalados:
- Papai?
- Pode me dizer o que estava fazendo almoçando com Katrina Cole?
- A-ah – Começou a gaguejar olhando para sua esposa furiosa. – Era apenas um almoço.
- Oh! Um almoço? Que legal da sua parte – Juntou os indicadores perto da boca – O que me faz lembrar que quando nos reencontramos era em um almoço e você ficou me cantando durante a hora seguinte.
- Não, isso não aconteceu aqui, era apenas um almoço de negócios
- Negócios? – O olho esquerdo dela começou a tremer. Natasha cobriu a boca, e viu seu pai tentar engolir algo que ficou preso na garganta, sabiam que aquela reação só podia significar que Susan a qualquer momento ia explodir e ninguém na face da terra queria estar por perto para ver. – Ela trabalha em uma concessionária, você em uma agência de modelos... Que raios de negócio você tinha para discutir com sua ex-namorada? – Susan gritou.
- Mamãe, por favor, se acalme. Não pode achar que o papai estava fazendo algo errado, pode ter sido um encontro acidental, não é pai? – Olhou para ele pedindo para concordar ou arrumar qualquer desculpa.
- Sim, foi isso o que aconteceu. Eu não marquei nenhum encontro, ela apareceu no restaurante e disse que estava sozinha, eu a convidei para sentar e foi isso.
- Por que estava segurando a mão dela como se estivesse sentindo algum carinho e desejo de toca-la? Hein?
- Ela tinha me dito que o marido pediu o divórcio e estava muito triste, foi um gesto de consolo – Apesar de ele estar contando a verdade, suas palavras saiam nervosas, e nem ele mesmo acreditava no que dizia.
- Ela vai se separar? – Ergueu o indicador enfatizando a parte que chamou sua atenção e fez o sangue congelar.
Tanto Taylor como Natasha engoliram em seco. Era agora que Susan ia mandar tudo para bem longe:
- Mamãe, por favor, mantenha a calma, isso não quer dizer nada.
- Não? – Cerrou os punhos – Esta peste de mulher infernizou minha vida quando eu namorava seu pai, fez todos os tipos de artimanhas para me separar dele, todos. Uma vez saímos no tapa porque eu já não aguentava mais e tudo o que eu queria era quebrar aquela cara azeda. Ela só nos deixou em paz quando casamos, nos primeiros meses ela rastejou literalmente pedindo para o Taylor se separar de mim e voltar para ela. E para não cometer um suicídio e dar uma brecha para aquela vigarista enquanto eu estava presa decidimos vir para Nova York. Só que dois anos depois esse cão também veio para cá. – Ela rosnou e virou de costas pousando a mão na cintura e outra na testa.
- Sim, só que quando isso aconteceu, nós já tínhamos o Ethan e ela nos deixou em paz para sempre. Ela se casou e teve um filho. Katrina percebeu que eu não ia me separar de você por nada.
- É, mas ela está se separando, e com o filho crescido e o marido longe nada a impede de perder o pouco de vergonha na cara que resta para vir atrás de você, um homem casado e pai de família. – Ficou de frente.
- Meu amor eu amo você, só você, ela nunca vai conseguir nada comigo. – Deu a volta na mesa quando sentiu coragem de se aproximar.
- É, mas ela também é mãe e era esposa, mas isso não a impediu de querer o meu homem por anos.
Natasha precisava fazer alguma coisa. Olhou para o celular do seu pai em cima da mesa, olhou para os dois ainda discutindo, de mansinho pegou o telefone e foi para o banheiro que ficava a esquerda. Fechou a porta e sem demora discou o número do Ethan. Chamou diversas vezes ate ele atender:
- Oi pai
- Ethan sou eu
- Nat? O que aconteceu? Por que está com o telefone do papai?
- Onde você tá?
- Na faculdade, por quê?
- Saí daí agora e vem correndo para a agência
- Tá maluca? Eu não posso sair, tenho aula daqui a dez minutos
- Ah você vai sair, a mamãe e o papai estão brigando feio, quer dizer a mamãe quer estrangular o papai.
- Por quê? O que houve? – Seu tom preocupado ressuou no telefone.
- Ontem o papai encontrou a Katrina em um restaurante
- Katrina? A ex? A mulher que a mamãe mais odeia no mundo?
- Essa mesma. Eles almoçaram juntos e tinha um paparazzi lá que bateu fotos deles
- Oh Meu deus, isso não vai prestar.
- Não está prestando, a mamãe viu o jornal e não gostou nem um pouco. Apareceu aqui na agência metendo medo em quem se aproximasse, e está tirando satisfações. – Respirou fundo escutando os xingamentos de Susan – Ethan você tem que vir para cá, você sabe como acalmar a mamãe. Ela tá com aquele tom de advogada em dia de julgamento.
- Caramba. Eu chego aí em dez minutos
- Certo, vem rápido. Tchau. – Tomou uma lufada de ar e voltou para a sala.
- Eu virei piada nessa manchete, você me humilhou
- Por favor, meu amor, eu não sabia que iam bater foto, eu não vi paparazzi nenhum. E sabe que eu jamais faria algo para magoar você.
- Mas fez, a prova está aqui nessa folha de jornal – Pegou o jornal da mesa com desgosto e amaçou o local onde segurou.
- Mãe, se acalme, você sabe que o papai jamais trairia você, ainda mais com a Katrina, ele também não gosta dela, ele foi apenas um cavalheiro.
- Que agisse como um bruto sem educação, dissesse apenas um oi e tchau e a mandasse embora, mas que não a convidasse para sentar na mesma mesa. – Fechou os olhos respirando profundamente – Taylor você sabe que a pessoa que mais odeio nesse mundo é essa mulher, eu pedi a você que ficasse bem longe dela, um continente separando não era o bastante, eu não suporto ela, e o que você faz? Convida ela para sentar e empresta seu ombro para ela chorar as magoas do divórcio.
- Susan eu apenas disse algumas palavras para ela se sentir melhor, faria o mesmo com qualquer amigo nosso.
- Ela não é minha amiga, e muito menos deveria ser sua
- Eu sinto muito se a magoei, mas nada aconteceu, nada do que supostamente estão insinuando neste jornal. Eu sei que está brava, provavelmente me odiando, mas eu sou seu marido e nunca dei motivos para duvidar da minha fidelidade.
- Não é você Taylor, é ela... Essa... Desqualificada. Eu a odeio, e agora separada tenho certeza que vai fazer o impossível para roubar você de mim.
- Isso não vai acontecer mãe, papai é louco por você. Acha mesmo que uma ex sem importância vai conseguir destruir o casamento de vocês dois? Vocês se amam.
- Eu não sei Nat, Katrina é a pior mulher que conheço – Ela olhou para o jornal e o jogou no chão – Isso foi humilhante, meu nome foi citado nesse artigo como a possível traída. Você é uma pessoa publica Taylor, sabia que qualquer coisa que fizesse refletiria na nossa família. Eu sou uma advogada conhecida e respeitada, como acha que eu vou me sentir quando escutar burburinhos dos meus colegas quando passar pelo corredor? – Seu maxilar ficou tenso – Eu não vou perdoar isso.
Ajeitou sua bolsa no braço e virou jogando os cabelos andando ate a porta:
- Susan espere, vamos conversar melhor, por favor, meu amor.
- Você dorme no sofá hoje, quando voltar para casa vai estar tudo arrumado para dormir. – Dito isso ela saiu batendo a porta.
Taylor ficou paralisado no lugar, completamente em choque. Natasha chegou a abrir a porta para correr atrás da mãe, mas parou quando viu Ethan tirando-a dali. Menos mal. Voltou para a sala fechando a porta, seu pai havia sentado e agora estava respirando fundo jogando a cabeça para trás:
- Pai?
- Nat eu juro que nada aconteceu, apenas conversamos, ela perguntou sobre meu casamento e eu disse que ia muito bem, foi quando perguntei sobre o dela e me contou tudo aquilo. Ela começou a fazer menção de que ia chorar, e toquei na mão dela e disse que tudo ia ficar bem, mas logo me afastei – Ele passou a mão no rosto seguiu para o cabelo – Eu sei o quanto Susan odeia Katrina, e com toda razão, mas eu jamais trairia sua mãe, nem se a mulher mais sexy do mundo aparecesse nua na minha frente... Susan é a mulher da minha vida, e me magoa que ela duvide disso.
- Ela não duvida pai, só está com raiva e confusa. O senhor sabe o quanto minha mãe batalhou para ser o que é hoje, uma das advogadas mais respeitada dos tribunais, é a vida dela... E por causa de uma notícia sem coerência nenhuma, ela pode virar motivo de chacota.
- Eu sei... Eu sei como Susan ama o trabalho dela, e o que passou para chegar à posição em que está hoje, e é obvio que eu jamais mancharia a imagem dela. – Apoiou os cotovelos na mesa – Depois de tantos anos de casados eu achei que Susan confiasse mais em mim a respeito do nosso amor. Poxa, eu nunca dei qualquer motivo para ela duvidar assim.
- Pai – Natasha puxou a cadeira e sentou ao lado de Taylor – A mamãe confia em você, só está furiosa e confusa com essa nota. Katrina não significa nada, e quando a mamãe se der conta disso vai voltar atrás e vir correndo para você. Ela é só uma ex, a dona Susan sempre foi a atual. – De repente Natasha se deu conta de que havia passado pela mesma situação há dois dias, o homem, uma ex para estragar tudo, você brava e confusa querendo matar os dois, e depois uma explicação seguida de reconciliação. Será que seria uma espécie de maldição na família? As ex sempre voltando para estragar a relação? Suspirou alto observando seu pai amedrontado.
- Eu preciso ir atrás dela – Ele tentou levantar, mas ela segurou seu braço.
- Não, ela está com raiva, se for atrás vai só piorar. Deixa-a esfriar um pouco a cabeça, Ethan está com ela, eu liguei para ele enquanto discutiam. Não se preocupe.
- Certo – Taylor tomou uma lufada de ar passando as mãos pelo cabelo tentando arruma-lo – Mas e você? Como foi na Suíça?
- Foi ótimo, Max fez um excelente contrato com a agência. Vamos ter um ótimo mês.
- Isso é muito bom, eu prometi dar um aumento para o Lewis, ele tem trabalhado bastante, merece.
- É eu também acho
- Mas e o John? Eu soube que ele estava na Suíça também.
- Sim, eu voltei com ele
- Então estavam juntos esses dias todos? – Estreitou as sobrancelhas.
- Sim pai, ele bateu o pé em relação a eu ficar hospedada na casa do Maxime, e então me pediu que ficasse no mesmo hotel que ele, eu aceitei.
- Hunf! Não gostei dessa história, toda vez que lembro que ele é seu namorado tento enfiar na cabeça que é o filho do Mark, que eu posso e devo confiar nele.
- Isso é verdade – Segurou a mão dele – Pai é o John, filho do seu melhor amigo. Você viu ele crescer, foi ate na festa de formatura dele.
- Sim, sim, eu sei, é só... Eu sou seu pai, sempre vou implicar com seus namorados – Beijou a mão dela.
- É eu sei disso – Sorriu. – Eu acho melhor voltar ao trabalho, quer que eu peça seu almoço aqui?
- Sim, por favor – Bateu de leve na mão dela quando a mesma ficou de pé – Eu só espero que você e John tenham se comportado.
- Não se preocupe pai, talvez nós tenhamos encomendado o seu neto – Deu um beijo em sua bochecha e saiu rindo vendo a expressão de queixo caído de Taylor.

Continua...



Notas da autora:

Sempre elas, as ex. Atormentando as mulheres dessa família, e parece com não é só a Natasha que sofre desse mal, e aparentemente Susan não perdoa tão fácil como a filha, e agora? O que será de Taylor??
Só esperando pelo próximo capítulo
ate mais!!! Beijos

Simply, I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora