[...] Passou seus braços em volta dela repousando a cabeça da mesma sobre seu peito. [...]
Quando Natasha acordou a primeira imagem que viu foi John ao seu lado colocando uma bandeja sobre o criado:
- Oi – Ela respondeu sonolenta.
- Acordou – Sentou do lado dela debruçando- se dando um beijo em seu rosto – Como se sente?
- Melhor – Respirou fundo – Que horas são?
- Já é noite. – Ele esticou os braços pegando o prato sobre bandeja – Olha Tina fez uma sopa para você.
- Eu não estou com fome
- Não, não, você não comeu nada o dia todo.
- Mas eu não quero
- Não tem essa de "não quero". Tina teve todo o trabalho de preparar para você, e eu quero que se alimente se não vai ficar fraca e doente. Por favor, minha linda, tome pelo menos a metade.
- Hunf! Tudo bem – Apoiou os braços na cama e sentou – O cheiro está ótimo.
- Ela caprichou para você – Ele mexeu a sopa com a colher, pegou um pouco e soprou – Abra a boca.
Ela sorriu e abriu a boca recebendo a colherada de sopa:
- Está bom?
Nat balançou a cabeça concordando:
- Abra – Ele pediu outra vez e ela assim fez. Ele olhou para as marcas em uma das bochechas dela – Quem bateu em você? – Seu sangue começou a ferver só de saber que ela havia sido agredida. Enquanto ela dormia, ele procurou por outros machucados em seu corpo e encontrou algumas lesões nos braços e na costa.
- Foi a Lucy, eu a provoquei e ela me bateu.
- E esses outros machucados? – Soprou a sopa na colher.
- Foi enquanto eu tentava me defender do tal de Billy. Ele me acertou algumas vezes.
- Desgraçado, eu não acredito que o levaram para o hospital, deviam deixa-lo sangrando ate morrer.
- O que importa é que eu estou bem.
- Você devia ter acertado o tiro na cabeça dele
- Não diga isso, sabe que eu jamais mataria alguém, e você só está falando assim porque está com raiva.
- Você não?
- Na verdade estou aliviada por tudo ter acabado bem e que ainda estou viva
John deixou os ombros caírem e puxou o ar com força:
- Sim, tem razão. – Deu a ela outra colherada – No banheiro da casa da Michelle tinha sangue no chão, mas não era seu, era?
Natasha sorriu e colocou dois dedos sobre a boca enquanto engolia a sopa:
- Não, era da Lucy. Eu bati nela... Varias vezes – Ergueu as mãos mostrando que os ossos acima dos seus dedos estavam vermelhos.
- Bateu nela?
- Sim, a derrubei no chão e descontei toda a raiva acumulada. Acho que você não viu o rosto dela quando a prenderam, mas estava bastante inchado.
- Há! Há! Há! Eu não acredito que fez isso
- Eu disse que queria revidar por tudo o que fez comigo
- Há! Há! Há! Eu não acredito que estou rindo disso.
- Ela mereceu
- É – Pegou mais uma colherada. Enquanto conversavam ele conseguiu distrai-la, fazendo-a tomar toda a sopa – Acabou. Viu só, tomou tudo.
- Você me enrolou, mas obrigada, só percebi que estava com fome quando comi.
- Eu sei que sim, passou o dia de estômago vazio – Deixou o prato de volta na bandeja.
Natasha olhou por cima do ombro de John na direção da sacada e viu que a noite reinava sobre Nova York. Suspirou esfregando as mãos:
- Acho que vou passar a noite acordada
- Eu estava com vontade de tocar piano, quer me acompanhar?
- Claro, adoro ouvir você tocar – Se animou.
John levantou e ofereceu sua mão tirando-a da cama. Saíram do quarto, desceram a escada e foram direto para a sala onde estava o piano. Ele se sentou em frente ao instrumento e Natasha sentou ao seu lado atenta a todos os seus movimentos e bastante empolgada em escuta-lo tocar.
Ele começou a dedilhar notas lentas e bastante baixas, aos poucos o som ficou mais alto enchendo toda a sala, e para a surpresa dela, John começou a cantar:
- Quand je ferme les yeux
Je te vois encore un peu
Et j'imagine simplement
Avoir envie d'arrêter le temps
Quand je ferme les yeux
Je nous vois devenir vieux
Et si je meurs avant toi
Laisse moi partir seule juste une fois
Em francês. Ela quase teve um treco quando o escutou cantando em outro idioma. Ele já havia dito que falava outras línguas, incluindo francês, mas nunca o escutou falando em nenhum outro idioma. Seu coração estava quase saindo do peito, ele tocava e cantava muito bem, era um pecado ter tantas qualidades em uma pessoa só:
- Même si je pleure, même si je rage
Même si le ciel est un orage
Moi je t'aime
Oui je t'aime mon amour
Quand je ferme les yeux
C'est que nous sommes tous les deux
Et si je pense à toi trop fort
Un simple soupir et je m'endors
Ele virou o rosto para olha-la, e a mesma estava com o rosto corado, um sorriso congelado e os olhos brilhando:
- Même si je pleure, même si je rage
Même si le ciel est un orage
Moi je t'aime
Oui je t'aime mon amour
Pour toujours – Sorriu e voltou sua atenção para o piano. As notas começaram a ficar mais lentas e longas.
- Quand la vie nous sépare
Il n'est jamais trop tard
Ton silence est trop lourd
Parle-moi
Quand je ferme les yeux
Je nous vois encore heureux – Após terminar a música ele tirou as mãos das teclas e repousou no colo.
- Já acabou? Não, por favor, não, canta outra.
- Há! Há! Há! Gostou?
- Eu amei. Amor você canta muito bem, e em francês ainda... Arrg! Que mulher não enlouqueceria com isso?!
- No entanto minha adorada esposa enlouqueceu.
- Sim, você foi incrível – Tocou o rosto dele – Eu adorei.
- Que bom
- Sobre o que fala a música?
- Uma história de amor. – Sorriu olhando-a nos olhos – Minha parte preferida é quando ela fala...
Même si je pleure, même si je rage
Même si le ciel est un orage
Moi je t'aime
Oui je t'aime mon amour
Pour toujours
- Que significa...
Mesmo que eu chore, mesmo que eu me enfureça
Mesmo que o céu seja uma tempestade
Eu te amo
Sim, eu te amo meu amor
Para sempre – Olhou fundo nos olhos dela perdendo-se naquela imensidão azul brilhante.
- Eu não entendo como consigo amar ainda mais você
- O amor não tem dimensão, você enlouqueceria se tentasse entende-lo, deve apenas aceitar, é inevitável.
- E eu aceito, com todo o meu coração, eu aceito você – Se aproximou mais dele e recostou seus lábios aos de John iniciando um lento beijo. Ele passou o braço em volta da cintura dela e a fez levantar para que se sentasse em seu colo.
- Eu amo você – Passou sua mão por debaixo da blusa dela para tocar sua pele quente e suave.
Natasha acariciou o rosto dele dando um beijinho na ponta do seu nariz:
- Amor já está tarde, você devia ir para a cama dormir
- Só se vier comigo
- Eu acabei de acordar, não vou conseguir dormir tão cedo
- Então eu vou ficar acordado com você
- Não, amor você precisa dormir. Olha eu fico deitada na cama com você, assim pode dormir tranquilo.
- Para você fugir quando eu fechar os olhos? Não.
- Meu Deus que homem mais teimoso
- Você já está acostumada. Eu tive uma ideia, que tal se eu tocar uma música e você me acompanha cantando?
- Hunf! Já que você não quer subir para dormir, então tudo bem – Deu de ombros voltando para o seu lugar ao lado dele.
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Simply, I love you
RomanceO que acontece em Paris deve ser levado para a vida toda. O que você faria se, literalmente, esbarrasse no amor da sua vida na cidade mais romântica do mundo? Natasha Donovan tinha acabado de se formar em Publicidade, e ganhou de seus pais como pres...