[...] John estava entre a cruz e a espada. [...]
Quando Natasha saiu do banheiro toda arrumada à primeira coisa que viu foi John sentado na cama com os cotovelos apoiados nos joelhos olhando um ponto qualquer no chão, e ainda não estava arrumado. Ela caminhou ate a penteadeira para colocar os brincos e quando virou para chegar ate sua mala passou na frente dele e o mesmo agarrou seu pulso:
- Nat – Ergueu a cabeça e seus olhos suplicavam por um momento.
- John eu...
- Desculpe. Eu não fazia ideia de que isso iria aborrecer você.
- Eu sinto muito, eu não devia ter me comportado daquele jeito
- Minha linda. Eu sei que pisei na bola com você, e tem toda razão, ontem nos casamos e hoje devíamos estar comemorando juntos.
- Não se preocupe, teremos tempo depois.
- Meu amor... – A puxou passando os braços em volta do quadril dela e afundando o rosto em sua barriga – Eu prometo que amanhã nós teremos um dia inteiro juntos, para fazermos o que quisermos.
- Não, eu sei que amanhã você tem um compromisso importante – Pousou as mãos nos ombros dele.
- Eu desmarco, eu dou um jeito. Só não quero que continue chateada comigo.
- John eu quero que você fique porque quer ficar, e não porque eu estou chateada e você vai satisfazer minhas vontades para mudar isso. – Deslizou seus dedos por entre o cabelo dele – Não se preocupe, eu sei que amanhã é um dia importante, e também iremos embora à noite.
- Oh – Ele havia esquecido que voltariam para Nova York amanhã, isso só fez com que se odiasse ainda mais – Me desculpe minha linda. Você tem toda razão eu não parei um só minuto de trabalhar, ficamos juntos poucas vezes.
- É... John o que me deixa chateada é que não tenho nada para fazer. Ao contrário de você e do Ethan eu não vim a trabalho, vim pelo simples fato de que você não queria que eu ficasse sozinha em Nova York, mas você não se programou, simplesmente pensou que me deixar presa no hotel seria suficiente.
- Eu sei, eu nem havia pensado nisso, desculpe. Eu vim a Paris a trabalho, e você deixou o seu apenas para me acompanhar, não é justo deixa-la sozinha.
- Não se preocupe, vá se arrumar, senão irá se atrasar. – Deu um passo atrás desfazendo-se dos braços dele.
- Eu não me importo
- Mas eu sim
Ele ficou de pé e não parou de olha-la por um segundo:
- Você antes nunca reclamou dos meus compromissos com a revista
- Isso porque estávamos em Nova York, eu tinha meu trabalho para me distrair durante todo o dia, tinha a casa dos meus amigos e lugares para ir. Eu não me importava com suas reuniões ou seus compromissos porque eu tinha meus próprios compromissos para comparecer.
John respirou fundo, foi como um soco no meio da cara. Ela estava certa:
- Tá – Suspirou – Desculpe de novo.
- Esqueça isso, vá se arrumar. – Quando ela se virou para ir ate sua mala, ele segurou sua mão.
- Está tudo bem mesmo?
- Sim – Ela deu um sorriso que não alcançou os olhos.
- Então você me espera para tomarmos café no salão?
- Claro – Enfiou as mãos nos bolsos de trás da calça.
- Ok – John continuou olhando-a por uns segundos antes de se afastar e se vestir.Nada estava bem, e ele sabia bem. Quando a deixou na casa de Julie, Natasha lhe deu um rápido e sem emoção selinho e lhe desejou um bom dia e saiu. Ela podia dizer que estava tudo bem, mas suas ações continuavam frias, e via em seus olhos que continuava triste. John bateu diversas vezes no volante sentindo raiva de si mesmo:
- Que belo marido eu estou sendo, logo no nosso primeiro dia de casados eu estou trocando ela pelo meu trabalho, fazendo-a pensar que ele é mais importante. Merda John.
Quando entrou na empresa sua cara não estava das melhores, e só podia estar com uma expressão assassina, pois os funcionários corriam quando o reconheciam e se refugiavam em suas mesas.
Bateu na porta do escritório do presidente e entrou:
- John – O senhor o saudou.
- Thierry – Cumprimentou de volta.
- Nossa que cara é essa? Ontem estava tão animado e hoje parece que foi a um funeral – Seu sotaque francês era forte, e o que antes John achava charmoso, agora estava aborrecendo-o, isso tudo devido ao seu humor.
- Tive um desentendimento com minha esposa – Sentou na cadeira em frente a mesa.
- Esposa? Quelle surprise. Eu nem sabia que era casado.
- Casei ontem – Mostrou sua aliança junto de um sorrisinho de lado.
- Então isso explica sua empolgação. Mas o que houve? Se arrependeram?
- Não, não, de forma alguma. É que... Eu fui um completo idiota.
- Todos nós somos Mon Ami, principalmente quando se trata de mulheres.
- Com certeza – Jogou-se contra a cadeira.
- Mas qual foi o motivo do desentendimento?
- Lua de mel
- Oh Je comprends. Mas o que faz aqui então? Devia estar aproveitando com sua esposa.
- Eu sei, eu... Eu me programei mal. Casei ontem e esqueci completamente que tinha essa reunião hoje, mas eu achei que ela compreenderia, só que...
- Mon ami, nenhuma mulher gosta de ser trocada por trabalho, mesmo que o trabalho em questão seja de uma vida. Mulheres são seres frágeis e sentimentais, se você a fizer pensar por um segundo que ela está em segundo plano tenha certeza que terá uma mulher muito infeliz ao seu lado, fora os problemas que virão por consequência disso.
- Eu não parei para pensar no lado dela. Natasha nunca se importou com minhas reuniões e nem o tempo que ficaria fora.
- Meu caro John, veja bem, antes vocês não eram casados e muito menos estavam em lua de mel.
- Hunf! Eu preferia levar um chute no meio das pernas do que ter escutado tudo o que ela me disse. Eu me senti o homem mais insensível do mundo, um merda. Eu sempre fiz de um tudo para agrada-la mostrar o quanto a amo, mas desta vez eu pisei na bola, estraguei tudo.
- Eu queria poder ajuda-lo amigo, mas sinto em lhe dizer que você trocou sua mulher pelo trabalho. Eu sou casado há muito tempo e digo por experiência que se eu deixasse minha esposa em segundo lugar eu não entraria em casa por uma semana.
- É. Eu não estou começando muito bem como marido
- Você se acostuma, vida de casado é assim. Mas você devia ter me avisado que tinha casado, você não precisava vir hoje.
- É uma reunião importante, e já estava muito em cima da hora
- Mais importante que a sua esposa?
- Claro que não, eu ate disse que não viria, mas ela já estava zangada comigo e me obrigou a vir.
- Oh John! Eu sinto muito, mas se quiser você pode ir, tudo o que discutiremos aqui pode ser enviado para você depois.
- Não, não, eu ate iria, mas sei que isso não vai adiantar em nada, Nat continuará chateada, vai pensar que eu sai porque me senti culpado. Pelo menos esse tempo longe ajudará a acalmar os ânimos.
- Se você acha.
- Espero que sim, eu conheço minha mulher, e digamos que é um pouco rancorosa, mas com muita insistência eu consigo me desculpar.
- Hmm! Mulher de temperamento forte.
- Você não faz ideia
- Então eu lhe desejo boa sorte, vai precisar.
- Eu vou sim, obrigado.

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Simply, I love you
RomanceO que acontece em Paris deve ser levado para a vida toda. O que você faria se, literalmente, esbarrasse no amor da sua vida na cidade mais romântica do mundo? Natasha Donovan tinha acabado de se formar em Publicidade, e ganhou de seus pais como pres...