[...] Ele tirou o celular do bolso e começou a digitar. [...]
Eles entraram no carro e seguiram para o local "especial". John no banco do carona podia observar Natasha sem se preocupar com o transito. Ela era linda de todas as formas e jeitos, quando seus cabelos balançavam quando olhava para os lados ou mexia cabeça rindo com algo que ele disse, era como ver a mais bela cena passar em câmara lenta apenas para o seu deleite.
Eles seguiram para um bairro afastado, um lugar visivelmente não afetado pelo grande desenvolvimento da cidade, com casas antigas, mas bem cuidadas, crianças brincando nas calçadas, alguns adolescentes sentados nas escadas das casas e senhores de idade conversando. Era um bairro pobre, mas humilde e tinha um aspecto encantador, era bastante tranquilo. Natasha dobrou na ultima rua e bem no final havia uma casa grande com um jardim cheio de brinquedos e crianças, com uma fachada desbotada que dizia "Casa das Marias". Era uma casa ampla, mas a cor estava descascando. Ela parou bem em frente e o convidou a sair:
- Que lugar é esse? – Perguntou quando saiu do carro.
- É a casa das Marias. Vem – Parou ao lado dele estendendo a sua mão. Ele segurou e os dois entraram, assim que passaram pelo portão algumas crianças gritaram cumprimentando Natasha, e ela respondeu com sua animação costumeira. Seguiram ate a área coberta e girando a maçaneta entraram na casa. Havia algumas mesas espalhadas pela sala, armário nas paredes, desenhos pregados em vários locais, ate mesmo nas paredes, varias crianças correndo ou sentadas nas mesas desenhando, e também algumas adolescentes conversando e interagindo com as crianças.
- Tem muita criança aqui
- Sim, aqui é uma casa de apoio para garotas que fugiram ou foram expulsas de casas por diversos motivos e que precisam de um lugar para ficar, e também para crianças abandonadas. A primeira vez que vim aqui eu tinha 15 anos, foi minha mãe que me trouxe, ela queria mostrar como havia sido boa parte da sua infância ate vir para a América. Ela contribui com o que pode há anos, e agora eu faço isso.
- E você ajuda essa casa – Falou observando as crianças.
- Sim, eu trago roupas, brinquedos, comida e dinheiro – Respondeu bagunçando o cabelo de um dos meninos que passou ao seu lado – Pelo menos duas vezes na semana eu venho aqui, brinco com essa garotada, leio histórias, ensino alguns a ler e escrever, enfim faço de tudo um pouco para deixar a vida deles mais leve.
John ficou sem palavras para tudo aquilo, ela era incrível, um ser humano que decretava ser praticamente extinto, doce, amigável, engraçada, educada, nobre e de um coração gigantesco. Ele olhava para ela e tudo o que via ou que sentia não tinha formas de se expressar, a não ser que estava completamente apaixonado por ela e que perde-la seria como a morte chamando-o. Ele suspirou sorrindo e as palavras ainda lhe faltavam, de repente uma senhora de cabelos grisalhos apareceu toda sorridente:
- Natasha minha querida, não esperava você por aqui – Estendeu os braços abraçando-a.
- Oh! Senhora Evan – Sorriu – Desculpe ter vindo hoje.
- Ora! O que é isso?! Sabe muito bem que sua visita é mais do que bem vinda aqui. As crianças adoram quando você vem para brincar com elas – Segurou os ombros dela.
- Há! Há! E eu adoro fazer isso, volto a ser criança junto delas
- Há! Há! Eu sei – Foi então que a senhora voltou sua atenção para o belo rapaz ao lado de Nat – Ora! E quem é esse moço tão bonito? Por acaso é seu namorado Nat?
- A-ah não... Bem, quero dizer... – Pôs a mão na nuca sem saber o que responder sobre a segunda pergunta – Esse é John Harris, e John essa é a senhora Grace Evan, ela quem cuida de tudo por aqui.
- É um prazer conhece-la senhora – Estendeu a mão, e a senhora apertou.
- O prazer é meu. A Nat não me falou que estava namorando.
- Mas eu não...
- Na verdade ela nunca trouxe nenhum namorado aqui, apenas o Raphael e Susan vêm aqui.
- Mas ele não é meu... Ah! Esquece
- Mas, por favor, fique a vontade, tem um casal que acabou de chegar e preciso atende-los.
- São eles que vão adotar o James? – Nat perguntou olhando para trás, para o casal.
- Sim, estão apaixonados por ele – Grace acenou.
- Ah que ótimo
- Eu tenho que ir, ate mais Nat e John foi um prazer conhece-lo.
- Igualmente senhora – Ela passou por entre eles. Ele voltou sua atenção para a morena e a mesma ao sentir o olhar virou para ele.
- O que foi?
- Você se enrolou bastante quando ela disse que somos namorados
- Bom é porque não somos – Deu de ombros olhando para o lado.
- Não somos?
- Não ué! Você nunca me pediu, ou se quer afirmou, então tecnicamente não somos namorados.
- Hmm! – Ele estava visivelmente chateado com a atitude dela, mas não podia discordar, nunca havia pedido, e Natasha era do tipo de garota que não aceita meio termo, ou você é bem claro no que quer, ou não.
- Tia Nat – Uma garotinha veio correndo ao encontro da morena.
- Lídia – Ela se abaixou para pegar a menina no colo. Era loira, de cabelo ondulado, olhos cor de mel e de pele rosada.
- Senti sua falta.
- Eu também senti a sua bonequinha – Beijou a bochecha dela.
- E quem é esse? – Apontou para ele.
- Esse é o tio John, ele também veio visitar vocês. Diga oi para ele.
Ela ficou tímida, escondeu o rosto do outro lado do pescoço de Nat:
- Há! Há! Não seja tímida Lídia, o tio John é um homem muito legal e que adora crianças.
- Isso é verdade. E sabe do que eu mais gosto, de receber sorrisos de menininhas lindas, assim como você – Respondeu com o corpo curvado perto do rosto dela. A menina levantou a cabeça relutante, mas quando o viu sorrindo acabou retribuindo o mesmo sorriso – Ah! Olha só, esse é o sorriso mais lindo que já vi.
- Há! Há! – Natasha deixou a garotinha no chão e ela saiu correndo para perto das amiguinhas.
- Isso foi muito legal da sua parte – Sorriu olhando-o.
- Ah! Eu sei lidar com crianças – Deu de ombros.
- Há! Que ótimo, porque os meninos estão precisando de um jogador no time deles.
- O que?
- Não se preocupe, o mais novo tem 11 anos – Ela olhou para os lados procurando um deles, e encontrou – Ah! Thomas.
- Oi tia Nat.
- Encontrei o jogador que faltava para o time de vocês – Apontou para o John.
- Ele?
- Sim, ele joga muito bem, então não peguem leve com ele
- Qual o jogo? – John perguntou.
- Futebol, mas tem uma quadra de basquete lá atrás se falar com jeitinho eles podem querer jogar.
- Hmm! Bom faz tempo que não jogo nada, meus primos vivem no vídeo game, acho que vai ser legal uma partida corpo a corpo.
- Vai lá. Eu vou para a sala de leitura ler para as crianças, quando acabarem me chama.
- Tudo bem. – Ele olhou para o menino a sua frente, era magro de cabelo negro e olhos profundos – Vamos lá Thomas – Segurou no ombro dele começando a caminhar.
- Claro – O seguiu.
Natasha observou o moreno ate atravessar a porta no lado esquerdo e sumir para o campo. Balançou a cabeça rindo e seguiu para a sala de leitura.
Já havia se passado uma hora desde que chegou, Natasha havia lido dois livros infantis e pedido a uma das crianças para ler o terceiro e ir praticando sua leitura, enquanto isso ela aproveitou para pegar um copo com água na sala no final do corredor. No trajeto ela enrolou o cabelo devido ao calor e tirou um lenço do bolso para limpar o suor em sua testa. Entrou na sala e pegou um copo da pilha enchendo com água bem gelada do bebedouro. Quando bebericou sua água escutou barulho de bola batendo no chão, foi então que lembrou que John estava ali, ela se aproximou da janela ao lado que dava diretamente para a quadra de basquete, e lá estava ele junto dos garotos jogando basquete, havia tirado sua jaqueta e os sapatos, sua camisa de malha fina estava encharcada de suor, mas ele parecia não estar ligando para isso, pelo contrário, estava se divertindo bastante. Apesar de a sua altura ser consideravelmente maior que a dos meninos, ele jogava sem fazer esforço, deixando que roubassem a bola, corressem dando a chance de fazer uma cesta. Ela riu quando ele tomou a posse da bola novamente e bloqueou um dos meninos que estava atrás tentando a todo custo passar por ele na esperança de pegar a bola. Ele fazia expressões engraçadas, e induzia o garoto a tentar ultrapassa-lo. John fingiu ir para um lado para correr para o outro e dando alguns passos para fazer uma cesta de três pontos, os meninos do seu time correram ate ele batendo em sua mão comemorando. Tinha uma menina na arquibancada que estava encarregada de marcar os pontos, e o time de John estava ganhando:
- Muito bem, estou cansado – Ele apoiou as mãos nos joelhos – Que tal a gente parar por aqui?
- Tudo bem – Uns concordaram e outros reclamaram.
- Eu preciso descansar um pouco, vocês correm muito – Sorriu ofegante – Vamos fazer assim, eu volto outro dia para uma revanche, combinado? – Estendeu a mão para um dos meninos.
- Combinado – Thomas apertou sua mão.
- Ótimo agora vão beber água e descansar – Eles saíram correndo para dentro da casa, e da porta por onde entraram saiu Natasha com um copo de água na mão toda sorridente. Ele suspirou jogando os ombros e ligeiramente a cabeça para trás mostrando seu sorriso. Ela se aproximou entregando a água:
- Aqui, você merece
- Obrigado – Pegou com prazer e virou de uma só vez.
- Nossa você está ensopado de suor – Olhou para a camisa dele colado em seu corpo.
- Esses garotos jogam bem – Respirou fundo – E você? Fez sua leitura?
- Sim, e neste exato momento a minha querida aluna deve estar acabando.
- Então vai voltar?
- Apenas para pegar minha bolsa, você aproveita para descansar um pouco, nós já vamos – Olhou para ele da cabeça aos pés – E estou cogitando a ideia de não deixar você entrar no meu carro, vai deixar um cheiro ruim no estofamento – Sorriu ironicamente virando de costa.
- Sem problemas, eu uso seu vestido para proteger
- Como é? – Olhou para ele.
- Eu tiro ele de você e coloco no banco, assim não vai sujar
- Ah... Seu cínico – Abriu a boca como se estivesse chocada. Retornou para o seu caminho.
Quando saiu da sala John estava recostado na parede com os braços cruzados esperando- a:
- Vamos?
- Sim – Segurou a mão dela e caminharam ate a saída.
- Obrigada por vir Natasha – Grace falou de longe quando viu que a morena estava indo embora – E volte quando quiser John.
- Pode deixar, eu vou voltar, ate mais senhora Evan – Acenou com a outra mão.
Eles saíram seguindo para o carro:
- Você vai mesmo voltar? – Nat perguntou quando entrou no lado do motorista.
- Vou sim, eu gostei muito daqui e quero ajudar também – Sentou acomodando- se no banco. Puxando o ar olhou para ela – Também quero fazer parte do seu mundo, me incluir nele.
Natasha sentiu seu coração aquecer com o esforço que ele fazia para participar de tudo o que a envolvia. Ela o amava, e não podendo falar usou a única forma para demonstrar, tocou o rosto dele aproximando o seu:
- Eu vou adorar que venha comigo – O beijou.
No trajeto de volta Natasha perguntou:
- Eu deixo você na revista?
- Não, eu vou para casa, preciso de um banho – Esticou a camisa.
- Há! Há! Verdade – Tomou a direção para o apartamento dele.Continua...
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Simply, I love you
RomansaO que acontece em Paris deve ser levado para a vida toda. O que você faria se, literalmente, esbarrasse no amor da sua vida na cidade mais romântica do mundo? Natasha Donovan tinha acabado de se formar em Publicidade, e ganhou de seus pais como pres...