Origens

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[...] Ela soltou o ar e saiu. [...]

Quando John saiu do closet estava usando uma calça jeans surrada e uma camisa preta deixando a mostra seus músculos. Ele olhou para a cama e não viu Nat:
- Nat?
- Oi – Respondeu do banheiro.
Foi atrás dela, e a mesma estava escovando o cabelo. Ele a abraçou beijando seu ombro:
- Vamos almoçar? – A olhou pelo espelho.
- Sim, eu só quero ajeitar meu cabelo... Está horrível – Puxou uma mecha.
- Não, seu cabelo é lindo, e está maravilhoso assim
- Desarrumado?
- Sim – Recostou a ponta do seu nariz no pescoço dela – É uma lembrança do que acabamos de fazer.
- Hmm! Mesmo sendo um ótimo motivo, nem eu e você queremos que outras pessoas saibam o que fizemos só por me virem descabelada
- Não é uma má ideia
- John – Repreendeu esboçando um sorriso.
- É uma pena minha mãe ter chegado – Girou seus quadris pondo-a de frente – Eu poderia está saboreando você agora.
- Eu ia gostar muito – Jogou os braços por cima dos ombros dele enfiando a mão por entre seu cabelo. Começou a beija-lo.
Ele segurou a borda da pia de mármore e colou mais seu corpo ao dela aprofundando o beijou. Natasha usou toda a sua pouca resistência para afastar sua boca da dele:
- John sua mãe pode aparecer de novo
- Não se preocupe com isso – Voltou a beija-la.
- Ela não sabe que estou aqui – Sorriu odiando a si por interromper o clima – É melhor descermos. Outra dia continuamos.
- Não consigo ficar longe de você – Falou com a testa recostada a dela.
- E não precisa ficar. Nós vamos descer juntos, almoçar juntos e aproveitar o momento juntos – Pegou as mãos dele entrelaçando seus dedos e o beijou – Tudo bem?
- Sim – Sorriu tirando-a do banheiro ainda de mãos dadas.
Quando desceram a escada e seguiram para a sala de jantar, John passou seu braço por trás do pescoço dela sem soltar sua mão. Ele deu um beijo em sua testa quando ela ficou mais próxima. Eles entraram sorrindo na sala, o que deixou Mary impressionada e ao mesmo tempo felicíssima:
- Natasha minha querida, não sabia que estava aqui
- Olá senhora Harris. Estou aqui há pouco tempo - Respondeu ainda sorrindo.
- Você não estava no quarto com o John? – Perguntou com um sorrisinho contido.
- A-ah estava sim – Respondeu sem jeito.
- Hmm! Isso explica a cama desarrumada – Falou enquanto cortava o pedaço de carne do seu prato.
- Mamãe – John a repreendeu.
- O que? – Olhou para ele – Ora! Isso não é coisa de outro mundo, trazer a namorada para sua casa e ela deitar na sua cama, e vocês resolverem fazer sei lá o que.
- Mãe, por favor, vai deixar a Natasha constrangida e nunca mais vai voltar aqui.
- Oh! Por favor, não leve a sério o que eu disse querida – A preocupação que sentiu quando ele disse aquilo a fizeram quase implorar de joelhos por desculpas – Às vezes falo as coisas sem pensar.
- Não se preocupe senhora Harris, estou acostumada, minha mãe às vezes também não consegue segurar a boca – John puxou a cadeira para ela.
- Oh! Susan é uma ótima pessoa, eu a adoro – Sorriu relembrando o jantar noite passada.
- É! Minha mãe também deveria manter a língua dentro da boca em certas ocasiões – Ele sentou do outro lado da mesa.
- Desculpe John, eu sou terapeuta, e as palavras saem naturalmente – Deu de ombros.
- Mas não precisamos da sua profissão agora mãe – Pegou seu prato e serviu.
- John, tudo bem, sua mãe fala o que pensa e isso é bom, é um sinal de caráter positivo
- Exatamente, obrigada querida – Sorriu.
- As duas estão contra mim
- John meu filho, mulheres podem enfrentar qualquer tipo de problema, mas elas sempre vão apoiar umas as outras, é um fato – Comeu um pedaço da sua carne.
- Às vezes é um saco ter uma mãe terapeuta – Pegou o garfo e a faca.
- John – Natasha chamou sua atenção.
- Há! Há! Há! Não se preocupe, ele sempre diz isso, mas lá no fundo ele me ama
- Eu preciso né – Torceu a boca.
- Há! Há! Engraçadinho – Ela olhou para o seu prato e depois para Natasha que acabara de se servir – Está animada com o jantar amanhã meu bem?
- Oh! Sim, minha mãe falou em cima da hora, mas nada que um bom vestido não possa resolver
- Concordo. E tenho certeza que ficará linda com qualquer coisa, sendo a namorada de John você dará um pouco de beleza andando ao lado dele.
Natasha pressionou os lábios em uma linha dura tentando não rir alto igual louca:
- Nossa achei que você fosse uma das poucas pessoas que me achasse bonito – Ele respirou fundo.
- E é claro que acho belíssimo, mas devemos concordar que Natasha é uma moça linda, qualquer homem por mais estranho que seja se tornaria o homem mais bonito apenas por estar junto dela.
- Ora! Não é para tanto senhora Harris, não sou tão bonita assim – Ficou vermelha.
- É claro que é – John afirmou – A mulher mais linda que já vi.
- Ah – Balançou a cabeça.
- Ele tem razão, sua beleza é diferente das outras, eu não sei explicar.
- Talvez seja por causa das nacionalidades dos meus avós.
- Como assim?
- Meus avós maternos são de Porto Rico, quer dizer minha avó é, meu avô nasceu nos Estados Unidos, era soldado e foi transferido para Porto Rico para ficar um ano, e então conheceu minha avó.
- Ora! Vejam só. E depois que se casaram vieram para a América?
- Não, meu avô pediu para ficar lá, ele já estava casado e queria formar uma família, depois de muita briga seus superiores aceitaram, mas avisaram que a qualquer momento poderiam chama-lo.
- E o que aconteceu? – Mary estava muito interessada, assim como John não tirava os olhos dela.
- Meu avô se tornou o comandante e logo virou chefe da academia do exército de San Juan. Quando minha mãe completou três anos eles tiveram de vir para a América, pois estava necessitando urgentemente de comandantes como o meu avô, então a família veio toda para cá.
- E como seus avós se conheceram? – Mary perguntou.
- Há! Há! Minha avó era cigana, e uns dias depois que meu avô havia chegado a San Juan ele saiu à noite com os amigos e em uma das praças centrais havia uma roda de ciganos dançando, o que era bem comum naquela época. Minha avó estava tocando, e quando alguém ficou em seu lugar ela foi para o meio da roda dançar.
- Seu avô ficou apaixonado por ela de cara
- Sim – Sorriu – Ele era diferente dos amigos, não tinha medo do amor e nem de se apaixonar, por isso entrou na roda e começou a dançar com ela, depois disso começaram a se encontrar todos os dias ate se casarem.
- Então você é neta de cigana
- Filha também, com 15 anos minha mãe voltou para Porto Rico e ficou lá ate os 18 anos, minha bisavó e minhas tias ensinaram tudo sobre a cultura dos ciganos, e ela foi literalmente uma cigana.
- E como ela conheceu seu pai?
- Bom quando minha mãe voltou para os Estados Unidos logo todos resolveram voltar para Porto Rico. Alguns meses depois ela e a minha Tia Melissa, a mais velha decidiram fazer uma viagem para o Texas para acompanhar o show da banda Mariani, elas eram fascinadas por esse grupo – Riu criando a imagem na sua cabeça – Minha mãe tentou chegar mais perto do palco para tentar subir e abraçar o vocalista, só que quando ela tentou fazer isso estava com um copo de refrigerante na mão e pisou em falso na grade molhando meu pai que estava logo atrás e ainda caiu em cima dele.
- Há! Há! Há! Oh Meu Deus – Mary riu abertamente.
- Parece que cair ou esbarrar nas pessoas é de família – John esboçou seu sorriso conquistador.
Natasha respirou fundo sorrindo com o comentário:
- Parece que sim – Olhou de relance para seu copo com água – Bom quando ela ficou de pé, eles dois começaram a brigar, e ela saiu do show com muita raiva, mas acabaram se esbarrando em um bar que ficava próximo. Cada um foi para um lado, e só se encontraram por acidente, meu avô tinha um restaurante no Texas e minha mãe e minha tia foram comer lá, e justamente nesse dia meu pai estava ajudando como garçom.
- E serviu elas? – Mary ria cheia de energia.
- Sim. Apesar das respostas diretas e nada agradáveis da minha mãe, eles ate que se deram bem. Lá no restaurante tinha um Karaokê e minha tia adorava cantar, então enquanto ela se divertia encantando todos ali com sua bela voz, meu pai sentou-se à mesa junto da minha mãe e eles começaram a conversar. Depois que ela disse onde estava hospedada, eles saíram quase todos os dias. Apaixonaram-se, e meu pai foi para Porto Rico pedir a mão da minha mãe para meus avós.
- Depois vieram para Nova York? – Mary perguntou.
- Um ano depois, meu pai estava animado em construir seu próprio negócio e junto de um amigo eles montaram a agência pouco a pouco, fizeram amizades importantes, e a cada ano a empresa ficava maior e mais conhecida, ate se tornar tudo isso.
- Nossa! São histórias incríveis e inimagináveis. Então você é descente de porto-riquenhos e texano.
- Isso mesmo
- Por isso sua beleza é tão exótica. Você é uma latina.
- Sim, minha mãe sempre diz isso. Somos latinas de beleza mestiça.
- Susan tem razão, a mistura de cultura deu a você uma beleza única, especial.
- Sim, uma beleza que é só minha – John retrucou olhando a morena fixamente.
- Se é assim, espere que não a deixe escapar – Mary respondeu.
- Não vou – Esticou um dos braços sobre a mesa com a palma virada para cima. Natasha deslizou sua mão sobre a dele segurando-a.
Logo quando eles terminaram o almoço Mary recebeu uma ligação e teve de sair às pressas para seu consultório. Natasha e John se acomodaram no sofá da sala. Ela recostou a cabeça sobre o ombro dele, deixando os pés sobre o sofá, ele esticou o braço sobre o sofá atrás dela:
- Você tem muitas nacionalidades no sangue – Ele falou.
- Tenho. Mas cá entre nós a minha preferida é a de Porto Rico, eu amo aquele país, já fui lá tantas vezes e é como se fosse à primeira vez em todas as minhas viagens.
- Quando foi à última vez que foi lá?
- Ano passado nas férias
- Foi visitar seus avós?
- Não, eles não moram mais lá, voltaram para Nova York e agora moram no interior, são vizinhos dos meus avós paternos e grandes amigos.
- Isso é muito bom, sua família parece ser muito unida
- Sim, mas como toda boa família também temos nossos desentendimentos
- Verdade


Continua...

Simply, I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora