Sirena

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[...] amor da sua vida se sentindo a vontade com sua família [...]

Natasha estava com as pernas em cima do banco, com a costa recostada no peito de John e a cabeça sobre seu ombro, ele estava com o braço em volta dela usando sua cabeça como apoio para o queixo. De repente Taylor saiu de dentro da casa e voltou com um violão na mão sentando no maior sofá:
- Natasha – A chamou.
- O que? Não pai. – Negou sentando.
- Vamos logo
- Vai lá Nat – Alguns incentivaram.
- Vai lá irmãzinha, todos adoram ouvir você cantar – Ethan falou ao lado de avó.
- Oh! Meu Deus – Balançou a cabeça e olhou para John.
- Eu estou curioso para ver – Ele disse dando de ombros sorrindo.
- Aii! Tudo bem – Ela ficou de pé e todos aplaudiram. Contornou a fogueira e sentou ao lado do pai – Qual a musica?
- Ah que sua avó Eva adora, América do Luis Miguel
- Tudo bem
Taylor ajeitou o violão na sua perna e tocou os primeiros acordes. Natasha esfregou as mãos e sorriu nervosa. Taylor olhou para a jovem e a mesma começou a cantar:
-
Donde brilla el tibio sol
Con un nuevo fulgor
Dorando las arenas
Donde el aire es limpio aún
Bajo la suave luz de las estrelas
Donde el fuego se hace amor
El río es hablador y el monte es selva
Hoy encontré un lugar para los dos
En esta nueva tierra
John ficou paralisado quando a escutou cantar, e ficou ainda mais impressionado quando percebeu que era em espanhol que ela cantava. Natasha começou com uma voz suave como veludo, e no refrão ficou mais grave, mais forte, parecia que não fazia esforço nenhum para cantarolar as notas, simplesmente abria a boca e música saía com perfeição:
-
América, América
Todo un inmenso jardín
Esto es América
Cuando Dios hizo el Edén
Pensó en América
Cada nuevo atardecer
El cielo empieza a arder
Y escucha el viento
Que me trae con su canción
Una queja de amor, como un lamento
Ele não conseguia prestar atenção em mais nada ao seu redor além da sua bela morena que cantava como uma profissional. John entendia o suficiente de música para saber que ela não errara nenhuma nota. Ele não tinha palavras para descrever além de perfeito:
-
América, América
Todo un inmenso jardín
Esto es América
Cuando Dios hizo el Edén
Pensó en América
Ela cantou o último refrão de olhos fechados e brincou com a última nota alongando-a ate se dissipar em meio ao sussurro. Todos aplaudiram gritando e assoviando de emoção. John estava sem reação, só conseguiu bater palma. Ethan sentou ao lado dele rindo:
- Você nunca ouviu minha irmã cantar?
- Não
- Nenhuma nota?
- Nunca
- Você não sabe o que tava perdendo. Nat canta muito bem, ela fez aula de canto na escola, era considerada a melhor cantora pelo professor. Enquanto estudava ela participou de três concursos, dois no ensino médio, ficou em primeiro e depois em segundo lugar, o último foi na faculdade, e ela ganhou.
- Eu não sabia disso – Olhou para ele.
- Ela tem uma voz impressionante. A gente brincava dizendo que ela tinha a mesma potencia de voz que a Beyonce, calma e suave e de repente é a aquela força. Se você pegar o celular da Nat vai ver centenas de música da Beyonce, ela estuda a técnica vocal dela e consegue alcançar as mesmas notas, timbres perfeitos, agudos impressionantes.
- Ela nunca me disse nada. Se tivesse dito, eu juro que faria ela cantar todos os dias para mim.
- Há! Há! Há! Ela herdou esse talento da minha avó Eva. No último concurso o dono de uma gravadora estava na plateia e ofereceu um contrato pra Nat, disse que ela tinha uma voz incrível, do tipo que todos amariam escutar no som do seu carro e no celular. Só que ela achou que isso não daria certo e não era bem o que ela queria, então recusou.
- Sério? – Ele ficou impressionado.
- Sim, eu ate briguei com ela, poderia ser muito famosa e eu seria o assessor dela, seríamos mais ricos que nossos pais.
- Oh! Claro, como você é um bom irmão cuidaria muito bem da carreira dela
- Claro que sim
- Ainda bem que ela recusou, se livrou de uma furada com você
- Qual é! Eu faria de tudo pra ela se dar bem, ate porque se ela ganhasse muito eu também ganharia, então daria meu sangue para isso dar certo.
- Não duvido – Riu. Quando Natasha voltou para o seu lado ele esticou os braços. Ethan saiu do lugar dela voltando para o lado da avó e a mesma deslizou suas mãos pelos braços de John e lhe deu um selinho antes de sentar abraçada a ele:
- O que achou?
- Incrível, eu não fazia ideia de que cantava tão bem. Fiquei impressionado.
- Verdade?
- Sim, muito. Você tem uma bela voz
- Obrigada. Eu fiquei um pouco envergonhada em cantar na sua frente.
- Besteira. Eu estava perdendo tudo isso. Nunca me disse que cantava tão bem.
- Eu não achei que era um detalhe muito importante – Deu de ombros.
- Ah com certeza era. Eu iria querer ouvir você todos os dias, ou melhor, eu quero ouvir.
- Há! Há! Há! Eu vou adorar
- E desde quando fala espanhol?
- É castelhano. E é por causa da minha avó, lembra?! Esse é o idioma de Porto Rico, e foi uma exigência do meu avô, que todos os filhos e os netos soubessem falar castelhano.
- Nat – Melissa se aproximou dela – Você cantou muito bem Sirena, como sempre.
- Obrigada tia, mas você também devia cantar, tem uma voz incrível.
- Acho que vou deixar para outro dia quando eu estiver bem acordada, possivelmente estou um pouco bêbada, algumas coisas estão girando, então eu vou subir e dormir antes meus pais vejam que não estou andando em linha reta e já sabe como eles são.
- Há! Há! Tia como conseguiu bebida? O vovô odeia.
- Seu tio Alan trouxe escondido
- Claro que trouxe – Natasha balançou a cabeça rindo.
- Bom, boa noite sirena, e boa noite John.
- Boa Noite – Os dois disseram.
- Sua tia é interessante
- É louca eu sei – Riu.
- É... Por que ela te chamou de Sirena? O que significa?
- Significa sereia. Ela me deu esse apelido quando eu cantei pela primeira vez, eu era criança e todos na casa pararam o que estavam fazendo para me escutar, e ela disse que ninguém conseguia desviar os olhos de mim, ficaram encantados com minha voz. Por isso, sirena, sereia.
- Faz sentido. Você também roubou toda a minha atenção agora pouco.
- Fico feliz em ouvir isso – Sorriu apoiando sua cabeça no ombro dele e tocando seu pescoço.
- Bom família nós vamos nos recolher. Foi uma ótima noite, e espero que durmam bem. Ate amanhã – Noah agradeceu – Vamos dormir Gitana. – Ajudou Eva a ficar de pé.
- Gitana – John sussurrou.
- Hmm? – Nat olhou para ele.
- Seu avô chama a esposa de Gitana, e eu já ouvi seu pai chamar sua mãe assim.
- Quer dizer cigana
- Oh! Agora faz sentido
- É – Beijou seu rosto – Vamos dormir também?
- Vamos – Deu um beijo em sua testa antes de se levantar junto dela. Eles se despediram e foram para o seu quarto.
John trocou suas roupas pelas de dormir, camisa e uma calça moletom. Ele deitou na cama e se espreguiçou, foi uma noite longa e cansativa, mas bem divertida. Ele gostou bastante das duas famílias, e ficou aliviado por ter sido bem aceito por todos, tinha medo de que alguém fosse contra o namoro. Por sorte tudo deu certo.
Natasha saiu do banheiro e John começou a rir:
- Você não tem ideia de como está fofa com essa roupa
- Hmm? – Olhou para sua roupa de dormir. Um short azul escuro com varias estrelas branca, uma blusa branca com a alça da mesma estampa do short – Não gostou? – Perguntou indo para o seu lado da cama.
- Gostei, você está muito fofa com esse conjunto, cabelo solto e sem maquiagem.
- É eu sei que você está acostumado a me ver usando seda, cetim e etc. Mas eu gosto muito de usar essas roupas para dormir, são mais confortáveis.
- Você fica linda com elas
- Você não diria isso se visse meu conjunto do Mickey – Se aconchegou ao corpo dele.
- Mickey? Há! Há! Sério?
- Sim, eu gosto dele. Assisti todos os desenhos da Disney. Sou mais uma fã.
- Há! Há! Há! Eu vou querer ver isso
- Não vai não, você gosta da Natasha que usa seda e vestidos sensuais.
- Mas a Natasha simples com roupa do Mickey também me agrada bastante – Ergueu o rosto dela segurando seu queixo.
- Verdade?
- Sim, gosto muito quando você se sente a vontade para usar qualquer roupa quando está comigo. Sim, gosto da Natasha sensual e ousada, mas esse seu outro estilo é bem divertido.
- Que bom que ache isso, porque às vezes tenho vontade de colocar uma calça longa e um blusão, só que lembro que você está acostumado a ficar com supermodelos que usam as lingeries mais caras do mundo, e vão dormir como se estivessem indo para uma festa chique do pijama.
- É, tem razão, mas sabe qual a diferença entre você e elas? – Nat pendeu a cabeça para o lado olhando fixamente para ele – Elas ficam bem apenas de lingerie, e você fica linda com ou sem ela.
- Oh! Isso foi muito romântico – Esticou seu rosto para dar um selinho nele. Se encolheu perto dele, mas estava sentindo muito frio, nem o lençol da cama ajudava. Ela empurrou o cobertor e levantou indo na direção da sua mala.
- O que vai fazer?
- Estou com muito frio – Puxou o moletom da sua mala e o vestiu – Bem melhor – Voltou para a cama.
- Eu conheço esse moletom – Sorriu esperando ela deitar e se acomodar ao seu lado novamente.
- É seu – Puxou o cobertor cobrindo-os, e então passou o braço sobre ele, entrelaçando sua perna entre as dele. – E já disse que não vou devolver.
- Há! Há! Pode ficar. Ficou melhor em você do que em mim.
- Concordo. Eu sempre uso quando estou com muito frio, é tão grande que cobre quase toda a minha mão.
- Eu sou um cara grande
- Ate de mais – Sorriu. – Bem grandão.
- Por isso que sempre me chama de grandão?
- Unhum. – Riu.
- Ah é?! E você é bem pequenininha, parece uma boneca.
- Não sou tão pequena, você que é alto
- É tão pequena que meu moletom bate no meio da sua coxa.
- Mas o moletom feminino fica bem ajustado em mim, seu chato.
- É a pequena mais fofa de short com estrelas que eu já vi – Abraçou-a apertado.
- Há! Há! Há! Pelo menos eu tenho estrelas no short e você terá na cabeça se não parar de me chamar de pequena. – Virou ficando por cima dele com os braços presos entre seus corpos.
- Há! Há! Há! Pequena, pequena... Minha namorada é muito pequena. É uma pequenina que gosta do Mickey Mouse – Gargalhou.
- Você não vale nada John – Riu junto dele tentando soltar seus braços sem sucesso.
- Há! Há! Há! Faltam só as orelhas do Mickey e ficará irresistível... Irresistivelmente pequena, uma linda ratinha.
- Aaaah! Saiba que eu já me vesti de Minnie no meu aniversário de oito anos.
- Ah eu queria ter visto isso. Você pequena e vestida de ratinho – Ele riu.
- John você tá debochando de mim – Bateu no peito dele e escorregou para o lado com metade do corpo dele sobre o seu. – Vai zoando. Eu sei que você não vive sem essa pequena aqui.
- Oooh! Não vivo? Tem certeza? – Beijou seu rosto – Está muito convencida disso.
- É porque eu tenho certeza – Riu quando ele beijou diversas vezes seu pescoço.
- Você se acha muito – Sorriu beijando todo o seu rosto.
- Só porque você é um riquinho metido, e não vive sem mim – Encolheu as pernas rindo quando ele começou a fazer cócegas em sua barriga.
- Ah é?! Acho que posso viver sem
- Essa é a maior mentira que já contou
- Como tem tanta certeza?
- Porque eu olho nos seus olhos e vejo como eles me olham de volta, ficam vidrados quando estou perto. Seria como matar o brilho deles se eu fosse embora. – Tocou o rosto dele
- Ainda bem que você é boa de dedução.
- Eu sei disso – Deu de ombros como se ouvisse isso o tempo todo.
- Nossa, mas como você é metida
- Há! Há! E você é um chato... Ontem minha noite horrível, e agora quero meu travesseiro, vamos deita direito.
- Hmm! Só faço isso se me der um beijo
- Eu não vou pagar por algo que eu tenho direito de ter – Fingiu estar chocada.
- Ah, mas deve pagar o que vai usar – Aproximou seu rosto do dela.
- Quem disse isso? – Tentou esconder seu rosto.
- Eu disse - Procurou a boca dela quando a mesma virou o rosto para o lado.
- Há! Há! Há! Não – Afastou seu rosto aos risos.
- Vamos, tem que pagar pra levar – Abriu um largo sorriso. Ela parou de se esquivar, mas ainda continuava rindo. John a beijou o mais apaixonado que podia. Esse momento de descontração com ela foi o suficiente para eliminar qualquer medo que sentia a respeito do amor. Levou apenas alguns segundos para chamar sua atenção, alguns dias para não sair da sua cabeça, alguns meses para se dar conta de que ela é a mulher da sua vida, e logo completaria um mês em que ela foi completamente sua e dependendo de sua vontade continuará sendo para toda a vida.
John rolou com ela para o outro lado:
- Há! Há! Há! John
- Venha aqui – Esticou o braço e ela se acomodou junto dele sentindo o batimento acelerado de seu coração e seu peito que subia e descia conforme sua respiração acalmava.

Continua...

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