Capítulo 54

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Os tiros da invasão poderia ser escutados à mil metros após o morro.

Já faziam quase cinco horas.

Começou com o comando vermelho, invadindo.

As forças armadas chegaram, fazendo os mesmos recuarem.

Mas a polícia, a perceber o quanto os soldados já estavam cansado de tanto lutar, chamaram reforços e começaram a subir.

Eles estavam em vantagem total.

Várias vezes alguns dos vapores passou aqui, gritando, no raidinho, dizendo que fulano morreu, tal foi baleado.

Sinto medo não só pelo Thiago e Ítalo.

Mas sim por todos que estão ali fora, do lado errado.

E além disso, vários inocentes morreram.

Eu queria ligar, saber se ele estava bem, mas não podia atrapalhar ele.

Minha saída era conversar com a Carla e o Henrique, por telefone.

Escutei várias granadas sendo explodindo.

Isso significava vitória.

Mas, vitória aos...

Ligação on.

Grego: Eles venceram, eles ganharam a guerra.- Falou baixinho.
Júlia: Isso significa que pegaram os chefes...
Grego: Júlia, esse morro agora vai ser pacificado...

Ligação off.

Os policiais levaram a vitória.

O Thiago, o Ítalo...

Júlia: Eles estão bem.- Sussurrei sentindo as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto.

A sensação que o morro seria comandado pela polícia, era horrível.

Mas a sensação de não saber se os meus homens tinham sido preso, mortos, ou nem saber o que estava acontecendo com eles, invadiu meu corpo todo, me fazendo tremer por inteiro.

Júlia: Atende, ítalo.- Falei baixinho ligando pra ele.

Eles não atendiam, escutei a porta batendo a corri pra abrir.

Tava tão preocupada, que não lembrei que tinha policiais aí fora.

- Tia, me ajuda.- Pediu um menino que parecia ter seus 14 anos.

O braço dele sangrava e tava enrolado por uma blusa, tranquei a porta novamente e ele se jogou no sofá.

Júlia: Você sabe sobre o Negão, ou Tzão? - Perguntei pegando a caixa de primeiros socorros.

- Não, sei não...- Gemeu de dor.- Foi... foi de raspão.

Júlia: Calma, não me deixa nervosa.- Briguei e ele riu nervoso.- Quer água?

Ele assentiu mordendo o lábio inferior, corri pra pegar água e deixei a garrafa com ele.

Ele foi me explicando o que era pra fazer e eu tentei não ficar nervosa e focar naquilo.

A porta bateu novamente e ele me olhou negando com a cabeça.

- São os vermes, eles vão me levar, porra.- Sussurrou.

Júlia: Calma, cadê suas armas, qualquer coisa que te envolva? - Sussurei de volta.

Ele tirou apenas um fuzil e eu corri na ponta de pés, fui até o quartinho e coloquei no cofre, voltei pra sala e fui abrindo a porta.

Júlia: Quem é? - Perguntei segurando a porta.

- O morro não tem mais bandidos, pode ficar tranquila.- a voz falou, provavelmente de um policial.

Abri a porta quase tremendo, tava ele e mais dois, assim que viram o menino, apontaram a arma.

O menino, virou um ator global, fazendo cara de choro.

Júlia: Calma, Diogo.- Chamei ele por qualquer nome.- Vocês não entram aqui com essas armas.

- Quem garante que ele não é um vagabundo?

- Que foi isso no braço? - Outro falou e o menino me olhou, fazendo cara de medo.

Júlia: Pode falar, sou sua irmã, não vou deixar ninguém tocar.- Ele levantou a cabeça.

- Eu tava voltando da escola, quando começou a invasão.- Falou baixinho.

Os policias começaram a revirar a casa toda, me fazendo várias perguntas.

E eu só queria perguntar pelos meus homens, mas ia deixar tudo tão na cara.

Quase uma hora depois, eles saíram, deixando meu iPhone quebrado.

O iPhone que o Grego me deu, há um tempo atrás e eu usava só pra baixar vários joguinhos mesmo.

Mas isso me deixou muito brava e nervosa.

Voltei a atenção ao menino que pegou o raidinho, que ele tinha escondido na minha geladeira e eu nem sabia disso.

Ele trocou algumas palavras, inclusive perguntou pelos chefes, terminou de falar e me olhou.

- O Negão foi atingido, tá no preso hospital.- Apoiei na bancada, sentindo uma tontura.- Já o Tzão, sumiu, ninguém sabe se tá vivo, preso, sumiu de tudo.

Anoitecer [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora