Capítulo 55

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Dois dias de pura insônia e ansiedade.

Não sabia do Thiago, muito menos do Ítalo.

O morro tava um inferno.

Quase todo dia, se escutava tiros, de lá de cima do morro.

A maioria das pessoas falam que são os policiais, matando alguns traficantes que não querem passar informações.

Aquele menino, que veio me pedir ajuda, se chama Rael.

Ele praticamente mora comigo agora, já que não consegue se sustentar, por causa que o tráfico aqui, não existe mais.

Ele me faz bem e me faz campainha.

Ele era um dos hackers do morro e tá me ajudando a falar com um dos meus homens.

Falando com qualquer um dos dois, me sinto mais tranquila.

Só que, com o Ítalo, tenho uma preocupação bem maior.

Agora, o Rael tentava me convencer que se eu fosse até o hospital em que o Thiago tava, eu poderia ser acusada de envolvimento ao tráfico.

Mas eu não conseguia ficar aqui, parada, sem notícias.

Júlia: Rael, tem comida na geladeira, esquenta e come.- Beijei a cabeça dele.

Rael: Falta pouco pra eu conseguir a localização do Ítalo, pô! Fé.- Beijou minha bochecha.- Cuidado, Jú.

Júlia: Cuidado com esses filhos da puta.- Rosnei e ele riu.

Não podia nem me aproveitar da moto, ou carros do Thiago.

Em falar, Viviane sumiu.

Não faço questão de saber nada sobre, também.

Não podia nem chamar meu padrasto, pois tinha risco dele ser preso.

Fui descendo o morro em passos rápidos.

Antigamente, se via várias crianças na praça, hoje, tinha duas crianças correndo morro acima, enquanto a praça era lotada de polícias.

Uns bebendo, outros desfilando com o fuzil.

Acho que quando você é errada e se envolve com o lado errado da história, não consegue ver o lado que é composto como "bom"

Não consigo achar a polícia uma coisa boa pro morro.

Passei, recebendo elogios e cantadas dos polícias.

São essas pessoas honestas, que estão a comando do nosso morro.

Respirei fundo e quando já estava bem longe, chamei o uber.

Parei no hospital público do Rio, desci indo atrás na recepção.

A moça me olhou quando eu falei o nome e pegou o telefone.

Minutos depois, alguns policiais chegaram, me levando pra uma sala.

Me fizeram milhares de perguntas e eu fui sincera, ao dizer que era mulher dele.

- Você pode ser presa por envolvimento ao tráfico, princesa.- Passou a mão pelo meu cabelo.

- Mas você tem dinheiro, não é? - O outro falou, olhando pro parceiro e eu Assenti levemente.- Por dez mil, tu entra e saí daqui, quando quiser.

Júlia: E quando vocês querem pra liberar ele? - Apoiei na mesa e eles riram.

- 50 mil.- Falou firme, me fazendo engolir no seco.

Hoje, é tão raro encontrar algum policial honesto.

A corrupção entra pra caralho na polícia.

Júlia: Amanhã, eu entrego a primeira parte do dinheiro.- Suspirei.- sessenta mil, não é?

- Pra tu e teu bandidinho de merda, saírem livres.- Estendeu a mão.

Júlia: Me levem até ele, por favor.- Ignorei a mão dele.- Preciso saber aonde o dinheiro tá.

Eu não sabia como ia arrumar esse dinheiro todo.

Mas eu tinha que tirar de algum lugar.

Era o liberdade do Thiago.

Entrei no quarto, vendo o mesmo marolar numa criança, que estava no mesmo quarto.

Era dividido em 7 camas, todas ocupadas.

Júlia: Amor.- Falei chamando atenção de alguns, inclusive dele.

Negão: Maluca! Tu é doida? Júlia, mano..- Passou a mão na cabeça.

Júlia: Que bom te ver também.- Ele negou com a cabeça, olhando os polícias atrás de mim.

Beijei ele, antes de qualquer coisa, ele tava me olhando como um maluco preucupado.

Sentei do lado dele e comecei a explicar tudo baixinho, ele me olhava não acreditando naquilo.

Negão: Tu é uma mercenária, subornada.- Sussurrou.

Júlia: Eu não tenho o dinheiro todo, acho que só vinte mil na minha conta.- Ele negou.

Negão: Escuta, você vai falar com o Baiano! Ele é meu parceiro e sabe aonde fica tudo, diz a ele pra nadar no mar.- Olhei sem entender.- Você não precisa entender, mas ele vai entender.

Júlia: Aonde ele fica?

Negão: Morro da Babilônia.- Suspirou.- Chama o Grego pra ir contigo, ele sabe aonde é.

Sorri pela imensa confiança que ele colocava em mim.

Acabei falando sobre o Ítalo, super preucupada.

Negão: Quem tava com ele foi o Foguin, procura que tu acha, ele tá bem! Menor é ruim, quebra nada.- Beijou minha cabeça.

Fui tirada a força pelos policiais dali, eles novamente me levaram pra um canto afastado e me deram um prazo de uma semana pra conseguir todo o dinheiro.

Eu estava me sentindo dona da máfia, mercenária de primeira.

Anoitecer [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora