Capítulo 62

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Grego ☠

Eu queria realmente pegar a cara da Carla e enfiar no sanitário.

Mas a animação dela, em plenas duas horas da manhã foi tão grande, que me fez abrir apenas um sorriso sincero.

Carla: Você andou, você tá andando.- Me abraçou animada.- Que lindo, faz de novo.

Grego: Tá doendo.- Fui sincero, fazendo ela me empurrar pra cama.

Carla: Então, cadê o gel? - Perguntou abrindo a gaveta.

Grego: Acabou.- Ela me olhou.

Carla: E você não me avisou pra comprar outro? Henrique, eu vou te bater.- Eu rir.

Grego: Aquela porra arde.- Ela passou a mão no rosto.

Carla: Eu vou no Dedé, comprar.- Falou calçando as sandálias.

Grego: Não, Carla. Fica aqui, tá fechado já.

Carla: Você precisa daquela pomada, amor.- Passei a mão no rosto.

Grego: Tá na última gaveta, a chave tá lá nas minha cuecas.- Resmunguei.

Carla: Sério que você escondeu um gel de massagem, Henrique? - Bateu no meu braço.

Ela se levantou, tirando a sandália e pegou a chave, abriu e pegou o gel.

Respirei fundo e ela começou a passar aquela porra, que ardia.

Faltava poucas coisas pra eu voltar a andar, eu já tava uns passos, conseguia até ficar em pé.

Aos poucos fui me acostumando e me esforçando mais, só por ela.

Que aliás, tava do meu lado pra tudo.

Olhei pra ela que tava concentrada no que fazia, mas quando baixou a cabeça, levantou quase que correndo da cama pro banheiro.

Fiquei preocupado e girei minhas pernas pro lado, coloquei no chão e fiz força, mas vi que não ia conseguir, pois tava doendo.

Peguei as muletas do lado da cama e fui até o banheiro.

Ela vomitava como se fosse morrer e eu já sabia o que era aquilo.

Ela também, só que nenhum dos dois queria falar.

Ela levantou resmungando como uma velha e eu fiquei apoiado na porta.

Carla: Vai pra cama, não se esforça tanto assim.- Me olhou pelo espelho, enquanto colocava a pasta de uva na escova do Batman dela.

Sim, ela usava a pasta infantil com sabor e tinha uma escova de desenho.

Acho maduro.

Grego: Tá grávida, não é? - Ela me olhou, levando a escova até a boca.

Ela ficou calada enquanto escovava os dentes, depois jogou a parada na pia e virou pra mim.

Carla: Poucos dias podem completar diis meses, pelas minhas contas.- Falou me ajudando até a cama.- Eu não queria falar, pq isso iria, digamos que...me fazer, fazer você tomar uma decisão, difícil...entendeu?

Grego: Que seria..?

Carla: Não assumir novamente o tráfico.- Respondeu decidida.- Mas é por medo, entendeu? Tipo, imagina, Deus nos livre, mas acontecendo novamente, ou pior, que isso? Eu, com um bebê, tendo que dividir atenção com outro bebê?

Grego: Assumir o comando sempre foi e sempre vai ser a minha escolha, amor.- Falei calmo, me ajeitando na cama.- Mas você apareceu na minha vida e pá, então eu tenho que mudar meus planos, eu sei. Só que não vou perder nem você, nem o morro. Quer dizer, o morro já tá nas mãos do Tzão e eu não sei se vou ter de novo, então a gente não deve se preocupar com isso, não agora.

Carla: Falou muita coisa, só entendi que você me ama e que nós vamos dormir, pq eu estou cansada.- Me deu um selinho e desligou a luz.

Grego: Mandada mermo.- Murmurei sentindo ela deitar com a bunda virada pra mim.

Carla: Eu amo você, dorme bem.- Acaricou minha mão que tava na barriga dela.

Grego: Amo vocês, tá ligada? Maluca.- Escutei o riso dela e beijei o pescoço.

Fechei os olhos e já fui criando mil fitas na mente de como seria meu menor, pq ia ser um menor.

Virei profeta nessa porra mermo.

Anoitecer [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora