Anoitecer [Morro]

Capítulo 56

Eu estava subindo o morro, muito cansada, sério.

Eu entrei em casa, vendo o Rael sorrindo de alegria, o que melhorou meu dia.

Júlia: Tá vendo pornô, moleque? - Olhei pra tela do computador.

Rael: Eu consegui ativar o raidinho das maiorias dos moleques, posso chamar geral e reunir, pra ter o morro de volta.

Júlia: E quem vai fazer isso? Precisa de um chefe, Tzão sumiu e Negão tá preso.

Real: Por isso temos a patroa.- Apontou pra mim.- Em falar em Ítalo, toma o número.- Me entregou um papel.- Você vai fala com ele.

Júlia: Você é tão inteligente, não sei pq se envolveu com o que não deveria.- Murmurei.

Rael: É Jú, nem todos tem oportunidade não. Tu acha que eu não tentei parada fora? Passei mais de dois meses atrás, mas o sistema é foda e reprime geral da favela.- Assenti, riscando o número.

Ligação on

Júlia: Alô?
- Quem é?
Júlia: Júlia.
Foguin: Ih, Jú. Manda o papo?
Júlia: Cadê o Tzão? Eu preciso muito dele, na moral.
Foguin: Ô, ele tá comendo uma nega agora, mas quando ele terminar nós liga.
Júlia: Mas onde vocês tão? Preciso conversar umas paradas do morro com vocês.
Foguin: Tá assumindo o cargo de patroa? Botei fé. Se liga, nós tá no engenho.
Júlia: Valeu, se cuidem.

Ligação off.

Sorri aliviada e o Rael me olhou, comendo bolacha.

Rael: E agora?

Júlia: Tenho que ir na babilônia.- Levantei.- Vou tomar banho.

Rael: Não se envolve tanto nessas paradas não, Jú. A parada é de poder, quanto mais você tem, mais você quer. Quando você ver que é um dinheiro fácil, que te dar poder, respeito e tudo que tu quiser, tu vai se viciar e acabar perdendo tua essência.

Júlia: Tudo bem.- Sorri sem mostrar os dentes.

Eu tava gostando de ter poder.

Neguei com a cabeça e fui tomar banho, tomei um pra relaxar e coloquei qualquer roupa.

Novamente desci, sendo chamada pelos policiais, que desferiam assobios e palavras como "gostosa".

O uber chegou, fui pra Vila Cruzeiro.

Conversei pouco com meu padrasto e peguei o carro dele emprestado.

Depois, segui pro morro do engenho.