Capítulo 59

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Tzão: Morreu, Júlia.- Neguei com a cabeça.- Irmã, esse é o destino de todo mundo, só que os bons vão mais cedo.

Eu não queria acreditar.

O Rael tinha tudo pela frente.

Aquele futuro do caralho, sabe?

Eu tava disposta a ajudar ele, colocar ele em uma escola boa, em tudo bom.

Deixei o Ítalo falando sozinho e sentei no banco da praça.

Eu queria vingança...

Eu queria matar quem fez isso.

Não metaforicamente falando.

Eu queria matar quem fez isso com minhas próprias mãos.

Uma cena se repetia na minha cabeça.

Eu, puxando o gatilho.

Enquanto os policiais imploravam perdão.

Negão: Júlia tá viajando, se tiver pensando em outro eu vou te bater.- Escutei a voz dele.

Eu reconhecia a quilômetros de distância.

Levantei a cabeça vendo ele a pouco passos de mim.

Cai nos braços dele fazendo ele gemer baixinho, mas me apertar.

Antes de ir pro morro, eu já tinha ido e pagado tudo aos policiais.

E agora ele tava aqui comigo.

Ele perguntou o que tinha acontecido e eu comecei a falar do Rael...

Negão

Enquanto ela falava sobre ele, eu via seu olhar diferente.

Rael era meu mais novo, 14 anos.

Vivia pelo tráfico, sem família e sem opções.

Nunca fui tão próximo, mas via a caminhada.

Mas o olhar da Júlia, não transmitia mais uma coisa fofa, como sempre.

Era carregado de ódio e rancor.

Júlia: Eu quero matar eles, eu preciso, pra me sentir bem, entende? - Falou nervosa.

Negão: Júlia? Tu tá ficando maluca, amor.- Respirei fundo beijando a testa dela.- Eu sei que você tá mudando, mas isso não é bom, sei que fui eu que te coloquei nesse caminho.

Júlia: Não, Thiago eu..- Cortei ela.

Negão: Tu gosta de ter poder, quem não gosta? Mas amor, isso não é pra ti, entende? Não te faz bem. Eu sei que o moleque era importante pra tu, eu prometo cobrar.- Segurei o rosto dela.- Mas eu quero a minha Júlia de volta, eu quero o meu grude aqui, não essa mercenária, bandida.

Ela me olhou com os olhinhos triste e eu dei um beijo naquela boca gostosa.

Negão: Eu te amo muito, tá ligada? - Falei beijando o rosto dela, vendo um sorriso de lado aparecer.- Tu é minha princesinha, menina meiga.

Júlia: Teu cu.- Riu deixando uma lágrima cair, mas eu limpei.- Eu estava com saudades.

Negão: Eu também, muitão.- Ela sorriu deitando a cabeça no meu ombro.

Beijei a bochecha dela e ela se ajeitou, ficando quietinha no meu peito, ali na praça mermo.

Não tinha nem resolvido metade dos meus problemas.

Só que, a Júlia sempre vai ser uma das minhas maiores preocupações.

Tinha umas piranhas olhando pra cá  e eu continuei encarando, quando elas começaram com gracinha, virei a cara, olhando pra Júlia, que tirava várias fotos nossas e eu nem vi.

Anoitecer [Morro]Onde histórias criam vida. Descubra agora