Por uma Noite -Dramione [CONCLUÍDA]

Despedidas doem.

Sirius Black estava morto.

Hermione descobriu isso logo depois de acordar na manhã seguinte a “batalha no Ministério”. Batalha que lhe renderia alguns dias na ala hospitalar, e uma perda que ela não era capaz de dimensionar o tamanho. Mas ela sabia o que isso significava. Não restara ninguém por Harry. Ninguém que quisesse o bem dele, ninguém que realmente se importasse com ele. Ninguém que conhecia a sua verdade e não discriminava sua essência, e ela não imaginava o quanto isso poderia doer. Pois, quando seus pais descobriram sua magia, não a repudiaram como os tios de Harry o fizeram, por a isso a morte de Sirius doía em demasia. Outra perda lamentável para o Potter. Se questionava, entre seus devaneios, se o moreno de olhos de esmeralda estava fadado a perder aqueles que amava. Harry, mesmo com tão pouca idade, já tinha perdido o suficiente para um vida inteira, e vê-lo tão triste era devastador, porque ele era seu irmão de alma, consideração e coração. O irmão que a magia havia lhe dado. Ela estava lá por ele. Ela seria o seu apoio, seria o que ele precisasse, daria a Harry um pedaço de seu coração se isso fosse meramente possível, mas ela sabia, em algum momento ela, Hermione Granger, não seria o suficiente para acalentar o coração tão ferido do menino-que-sobreviveu. Ele tinha um coração partido pelas perdas constantes, uma ferida difícil de cicatrizar. E talvez, ele sucumbisse, mas ainda assim, ela estaria lá, porque amizade são assim; suportam tudo.

Outra coisa havia descoberto depois de acordar; Voldemort voltara. Hermione não poderia dizer se era felizmente ou infelizmente mas o mundo bruxo todo sabia de sua ascensão agora, O Profeta Diário registrou e publicou tudo em grandes colunas e matérias exageradas e extravagantes, e Harry e Dumbledore não eram mais vistos como mentirosos ou loucos, para a bruxandade eles recuperaram suas credibilidades, porém, esse novo status de ambos jamais restauraria os danos que todas as matérias sensacionalistas deram a seu melhor amigo, e ao Diretor. E ela rogava que o tempo pudesse ser o melhor aliado para eles. Os dois.

Além, ela havia ganhado cenas de luta, e uma cicatriz para enfatizar o quão verídica era sua história, o lado esquerdo do peito ainda doía quando ela se movimentava rápido demais. De qualquer forma, ela ainda se julgava insana e inconsequente por ter feito tudo o que fez, mas nunca, sob qualquer hipótese, deixaria seus amigos sozinhos. E faria tudo de novo, talvez, se pudesse, tentaria evitar os caminhos tortuosos, mas mexer com o tempo era somente… Complicado demais.

Os dias na enfermaria eram longos e tediosos, as noites quando os amigos iam embora eram ruins, e ela raramente tinha sono, sempre ficava acordada até tarde, lendo alguma coisa, ou apenas fazendo suas anotações. Ron e Ginny haviam recebido alta bem mais rápido do que ela, já que seu ferimento fora um pouco mais sério, e profundo. Lembrou-se da Madame Pomfrey dizer que não havia tanto sangue quando a trouxeram, mas que se ela demorasse um pouco mais, talvez as sequelas pudessem ser maiores, ou a perda irreparável. Graças a Deus e a Merlin, a Ordem chegou a tempo para salvá-los. Nunca seria grata o suficiente por isso.

— Srta Granger, daqui a duas horas você precisa tomar outra dose da poção. - a Madame Pomfrey gritou para ela de sua sala -

— Tudo bem. - ela disse, não tão alto quanto a outra, mas audível o suficiente para que ela pudesse escutar. -

Olhou pela janela distraidamente, e pode ver um centauro adentrar o breu intangível da floresta proibida, e automaticamente, lembrou-se do episódio que ocorrera algumas noites atrás. Umbridge havia saído da escola na calada da noite depois de ter sido quase morta pelos Centauros quando tentou em outras de suas demonstrações patéticas de poder, passar por cima deles, ela não quis ficar um minuto a mais no Castelo, quando se sentiu suficientemente bem para fugir. Algo que Hermione achou sensato, visto que presença dela não era bem vinda ali, e agora, com as mentiras todas no chão, Dumbledore pôde reassumir o lugar que nunca deveria ter deixado. Um ajuste no meio de todo o caos, pensou.