Pequenos Momentos.

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A fumaça que escapava de sua boca e se desfazia no ar aliviava um pouco do estresse, e daquela sensação de estar encurralado que lhe apertava o coração. Já era bem tarde, se antes de meia-noite ou depois ele não era capaz de dizer. Draco encontrava-se na Torre de Astronomia, não conseguia dormir, sua cabeça estava cheia de pesadelos e pensamentos que não o deixavam em paz, havia algo em seu inconsciente que o impedia de descansar, de apenas fechar seus olhos e ser levado para o mundo dos sonho, como qualquer outro adolescente de sua idade, e em partes ele sabia o que era. E tinha receios dolorosos do que isso poderia significar. Ele não era qualquer garoto de quinze anos, era um menino assombrado por escolhas que não eram suas, mas que atingiam sua vida diretamente.

Tragou um pouco mais o cigarro que mantinha preso entre os dedos e os lábios. E quanto mais fumaça saía de seu corpo, de sua boca, de seus pulmões, mais relaxado ele ficava, mais quieto se sentia, mais distante se via de todo o caos que estava ao seu redor. Maldito vício que o fazia se sentir melhor. Sentou-se no chão em algum momento lá pelo terceiro cigarro, apenas olhando para a frente, observando a escuridão crescente e negra que consumiu todos os arredores de Hogwarts, e que, se vista daquele mesmo ângulo que ele via, era um pouco amedrontadora.

Por tanto estar de cabeça vazia, o loiro pegou-se de repente, pensando no que ocorrera mais cedo, quando esteve fazendo um trabalho para a diretora substituta, e acabou sendo azarado por isso, deixando que os amigos de Granger fugissem para sabe-se Merlin onde, e ele percebera que não vira a nenhum deles no jantar, tampouco a Umbridge. E isso começou a fazer sua cabeça fervilhar. Aquela sensação de estar começando a desacelerar se esvaiu tão rapidamente quanto havia chegado, e ele se levantou com pressa e seguiu para a saída da Torre, desbravando o caminho e a descida de todos aqueles tantos degraus.

Os corredores daquela escola mágica de longe seriam atraentes durante a noite, ainda mais quando não se tem uma companhia para se distrair daquele ar fantasmagórico e macabro que o castelo adquiria, e ele percebia isso, a cada corredor que virava, era como se estivesse sendo observado a cada curva, cada viga que via e passava. Enfiou suas mãos nos bolsos e seguiu, para a Sala da Diretora.

Malfoy atravessou alguns andares, não sabendo de fato o porquê estava tão curioso com o desaparecimento daquela mulher, a qual ele não tinha nenhum tipo de empatia. Apenas seguia, apesar de sentir olhos transparentes sobre si, ele continuou. No entanto, antes que pudesse chegar até seu destino final, ele ouviu ruídos e movimentação, e vislumbrou as vestes cinza-peroladas de Dumbledore passarem com um tanto que desespero alguns corredores acima. Viu, em seguida, algumas macas sendo guiadas pelo velho de olhos azuis, e então seu coração parou ao reconhecer que em uma delas estava ela.

Draco interrompeu seus próprios passos e pensamentos, tudo que havia em seus olhos era o cabelo dela passando enquanto seu corpo visivelmente desacordado era levado para a área hospitalar. Num impulso ele quis ir junto com Dumbledore, saber o que tinha acontecido, se ela estava bem, se estava machucada. Mas, não podia.

Ainda não.

Não enquanto todos os outros estivessem lá.

Ele esperou parado no meio do corredor, por pelo menos uns vinte minutos. Seu coração começou a acelerar seus batimentos enquanto ele travava uma luta interna entre ir ou não. Havia uma parte dele, que não suportava o miserável fato dela poder estar em apuros, ou que pudesse ter sofrido alguma coisa grave, e havia outra em contrapartida, que o atormentava para que ele seguisse dali para as masmorras, que a arrancasse de vez de seus pensamentos, que ela não era e nunca seria digna de roubar dele o mínimo que fosse de preocupação. Mas ele não podia negar, estava amaldiçoadamente preocupado com aquela infeliz.

Por uma Noite -Dramione [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora