Por uma Noite -Dramione [CONCLUÍDA]

Irreversível.

Draco não conseguia dormir. Não conseguia fechar os olhos e descansar nem sequer por algumas míseras horas. Seus sonhos invadidos por pesadelos cada vez mais reais. Sua mente sempre tinha alguma companhia inconveniente, sussurrando atrocidades e ameaças.

Voldemort estava se contorcendo. Literalmente se contorcendo de raiva na mansão Malfoy e a culpa era todo sua. 

Todos os seus planos haviam falhado. 

Todas as suas tentativas de cumprir aquela tarefa tinham simplesmente dado errado da forma mais estúpida possível e agora, ele tinha apenas algumas poucas semanas para cometer um crime, ou sua mãe perderia um filho. Ou quem sabe, a própria vida.

Sentou-se na cama, e levantou um pouco a manga da blusa para olhar para sua companheira. 

A marca negra tinha doído desde que ele acordara naquela madrugada e tinha visto Granger pela última vez. Ardendo toda a ira do seu mestre na intenção de reforçar o quanto ele estava por um fio agora. E ele se perguntava, entre as sessões de dor, quando aquilo teria um fim. Quando seria livre outra vez. 

Ele sabia o que podia fugir, o medalhão protetor estava novamente enrolado em seu pescoço pálido, porém, a única pessoa pelo qual ele largaria tudo não queria vê-lo, estava com raiva e muito magoada, então ele não tinha ganas de por sua mãe em risco para fugir sozinho. Na noite em que Potter o atacou, ele tinha enviado a Narcisa um bilhete, dizendo que iria fugir, e que esperaria por ela num povoado em Michigan - que eles tinham visitado alguns anos antes de Lord Voldemort ressuscitar, mas então, às pressas precisou encaminhar um outro através de Snape, pedindo que ela se mantivesse na Mansão, e que não saísse de lá uma vez que Granger não queria nem olhar na cara dele.

Hermione Granger tinha sido tudo o que ele pediu que ela não fosse; uma distração. Ela tirou dele os melhores sorrisos e os melhores momentos daquele ano, fez ele se sentir amado e especial, e o amou. Ela se entregou a ele de corpo e alma, se deixou mergulhar de cabeça, deu a ele esperança e sonhos. E tudo o que ele conseguiu fazer para retribuir foi quebrar o coração dela. Mesmo que a culpa não tenha sido sua. Ele ia contar a ela, ia mesmo. Entretanto, Harry Potter conseguiu acabar com tudo mais uma vez.

Soltou um meio sorriso quando se lembrou, que num minuto tudo parecia se encaixar perfeitamente e no minuto seguinte seu corpo era rasgado por cortes e mais cortes até que sua visão se tornasse nada além do escuro. 

Puxou de dentro da camisa de flanela o medalhão que ganhara de sua mãe, o que Hermione lhe devolvera há alguns dias. Se recordava perfeitamente do olhar dela carregado de decepção e do tom de voz quebrado enquanto ela terminava TUDO entre eles. Nunca a tinha visto tão quebrada daquele jeito e jamais se perdoaria por ser o culpado disso. Ele era novo demais em amar alguém, não sabia o que fazer e não tinha sido honesto com ela, é verdade. Mas se ela permitisse explicar, se ela permitisse ele de… AH! Ele tinha perdido-a para sempre e nada do que dissesse mudaria isso.

Estava perdido em suas lamentações quando a marca ardeu com ainda mais força, obrigando-o a largar o medalhão e apertar o braço na intenção de fazer parar. “Faça alguma coisa, moleque”, a voz dentro de sua cabeça dizia ensandecida “faça agora”, ela repetia infernalmente ao tempo que a dor se alastrava por cada parte de seu corpo. 

Sua mão tremeu forte, até que a visão da sala precisa passou em seus pensamentos, planando entre tudo o que tinha acontecido e o tudo o que poderia acontecer, ele pôs-se de pé e olhou para trás, para onde ficava a sala da Madame Pomfrey e soltando todo ar que seus pulmões eram capazes de armazenar, ele pegou suas coisas e saiu dali, sem olhar para trás.

~*~~*~

Snape os encobriu. Todos eles.

Espalhando que ele (Malfoy) tinha se acidentado enquanto praticava feitiços sozinho. O estado de saúde dele, pelo que ouviu nos corredores, era bom, mas a recuperação um pouco delicada e lenta, uma vez que o feitiço era novo, e estranho. Por pouco ele não se foi. Muito pouco, e mesmo com toda a raiva e dor afundando seu coração, ela conseguiu ser agradecida por Snape tê-los encontrado a tempo.