Godric's Hollow.

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O inverno tinha se alastrado por todos os lados com toda a sua força, e isso era explícito nas grossas camadas de neve que rodeavam todo o terreno de Hogwarts, como um manto gelado e branco, impotente e imparável.
Dezembro chegara tão rápido quanto um piscar de olhos, ou um suspiro resignado, ao tempo que Draco corria contra o tempo - e falta dele -, para tentar proteger aqueles que amava. Como sua pobre mãe; presa em uma mansão maculada, e sua garota; escondida na imensidão do mundo.

Ele estava na floresta proibida, numa clareira não muito longe da entrada, uma vez que todos sabiam do perigo iminente que corriam naquela mata, Gina Weasley estava consigo.
Foi uma surpresa para ele quando a ruiva o procurou no salão comum da sonserina alguns dias depois dele ter pedido sua ajuda, e aceitou suas explicações (meias explicações na verdade), prometendo ajudá-lo em sua tentativa de conjurar um patrono corpóreo. Ele não tinha contado muitos detalhes de sua aproximação com Hermione à garota de cabelos flamejantes, e insistiu para que eles treinassem  Oclumência em paralelo com as aulas que teriam, para tentar deixar o seu segredo longe da descoberta do Lord das Trevas, ainda assim, com toda a sua imprevisibilidade, a Weasley desconfiada estava ajudando-o.

— De novo! — a Weasley bradou a plenos pulmões, sua voz fazia eco pela floresta como trovão. Draco apoiou as mãos nos joelhos e revirou os olhos tentando fazer sua respiração voltar ao normal e o ar circular mais livremente em seus pulmões.
— Você vai me matar, Weasley. — o loiro respondeu, ofegante.
— E Voldemort vai matar Hermione, e todos nós, então, de novo! — a ruiva retrucou revirando os olhos.

Malfoy arrumou a postura e ficou ereto, o sangue bombeava fortemente em suas veias e manter-se completamente de pé não era muito fácil. Ele se concentrou, tentou pensar em lembranças felizes, em momentos de paz, em algo para se segurar. Sua varinha tremulava em sua mão por conta de sua força ao empunhá-la, aliada às suas tentativas frustradas de poucos minutos antes. “Vamos lá”, ele pensou, querendo se inundar de alguma felicidade forte o suficiente para unificar-se com a sua magia.

— Vamos lá, Malfoy. — a garota incentivou, olhando-o com esperança em seus azuis cristalinos.

Draco soltou o ar, concordando com a cabeça. Estufou o peito, jogou a cabeça para trás lentamente e:

— Expecto Patronum! — ele bradou, sacudindo a varinha desesperadamente em sua mão, sentindo a magia se expandir em seu corpo, seus ossos se esquentando…

Abriu os olhos ansioso, ousando esperar que tivesse conseguido, mas tudo o que escapava da madeira de sua varinha, era um fio de luz esbranquiçado. Parecia tão fraco e tão inútil quanto ele. Exasperado, Draco sentou-se no chão, as folhas e raízes embaixo de si amorteciam suas pernas bambas e as batidas de seu coração arrebentando dentro do seu peito era tudo que ele ouvia, e se concentrava.
O loiro ficou olhando para sua frente, para nenhum lugar em específico, até que sua respiração voltasse ao normal, e sua frequência cardíaca diminuísse. Parecia para o Malfoy, que executar aquele feitiço era algo inalcançável para alguém tão quebrado quanto ele, tão sujo.
Draco observou Gina se aproximar lentamente, e sentar-se ao lado no chão, oferecendo a ele o que reconheceu ser chocolate.

— Obrigado. — murmurou, sentindo-se patético e inútil, apanhando o doce da mão da griffana.
— Isso não está funcionando. — a garota declarou, e ele quase quis revirar os olhos por sua constatação tão óbvia. Mas alheia as reações do loiro, ela continuou. — Precisamos incitar suas boas memórias… — ela sugeriu, apertando o casaco mais forte em volta de seu corpo. O frio que fazia era descomunal.
— Tudo o que existe em mim é apenas trevas, Weasley. — Draco pontuou sem nem se dar o trabalho de encará-la — Não restou nada de bom, nada que me faça executar a porra de um patrono.

Por uma Noite -Dramione [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora