Questionamentos e Sugestões.

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A pena de Hermione riscava insistentemente as folhas amareladas de seu caderninho de couro - aquele mesmo que ela caçou por Hogwarts inteira até encontrar todo sujo de lama embaixo da arquibancada de Quadribol, algumas semanas atrás (e ela orou a todos os bruxos e magos, e deuses, e criaturas místicas que se lembrou, de que Draco não tivesse lido nada do que estava escrito naquelas páginas).

A pequena leoa da casa onde as cores eram vermelho e dourado, já tinha escrito aquela palavra tantas vezes que seus dedos já doíam e espessura já era nítidas nas folhas, no entanto, para ela, aquilo precisava ser enraizado tanto em suas páginas secretas quanto em sua cabeça, e em seu maldito coração, que tinha começado a querer levar aquele ato de insanidade de Malfoy para outros caminhos mesmo tendo provado que essa "experiência" entre eles tinha cem por cento de chances de ir ladeira abaixo, bastasse que se recordassem de quem eram, e então a resposta estava diante de seus olhos.

"Esqueça-o", ela escreveu mais algumas vezes em sua caligrafia que já estava torta e corrida de tanto ser repetida, antes de fechar o seu confidente, lançando-o debaixo de seu travesseiro, e guardando a pena em sua mochila, voltando para sua cama e deitando logo em seguida. Seus olhos da cor de mel, olhando para a janela da torre onde ela podia ver, entre o resquício mínimo de luz que o dormitório possuía àquela hora da madrugada, a neve caindo pesada e densa lá fora. Alheia à toda movimentação de pensamentos que ela tinha se tornado.

E tudo o que Hermione queria era conseguir deixar isso para lá.
No entanto, por mais que tentasse com toda a sua força de vontade esquecer, tudo o que fazia era relembrar, relembrar e relembrar o acontecido de algumas horas atrás.
Seu coração ainda estava acelerado, e seus dedos ainda tremiam levemente pelo susto.

Parece que ela estava com uma amortentia dentro do dormitório, de tão forte que o cheiro dele estava. O gosto dele ainda estava em sua boca, e se ela só fechasse os olhos, ou piscasse, era empurrada com uma facilidade arrebatadora para pegar todos os detalhes do beijo que Draco insano Malfoy lhe dera.

Hermione sabia que aquilo havia sido um impulso da parte dele, e seu já que em momento algum ela o repeliu. Ela mesma percebeu que ele estava ciente de tudo o que implicava aquela aproximação, e eles tinham conversado antes, ou menos deixado nas entrelinhas que não havia possibilidades para eles, e talvez nunca houvesse, porém, para sua desgraça pessoal ele havia sucumbido e a levado para isso quando a beijou. Se alguém perguntasse a ela com era beijá-lo, negaria até a morte, falaria sobre asco, e que tinha escovado a língua até esfolá-la. Mas no fundo, ou talvez nem tanto assim, por mais fraco e errado que aquilo pudesse soar ela não podia dizer a si mesma que não gostou.

— Desgraçado! — ela sussurrou para si e quem sabe ele pudesse escutá-la de onde estivesse, e virando-se para o outro lado da cama, ela se obrigou a fechar os olhos mesmo que soubesse que os olhos malditos dele estariam lá para atormentá-la.

~*~~*~

Draco adentrou o salão comunal da Sonserina atordoado, o cheiro da Grifana impregnado em sua roupa era quase como uma droga, e estava deixando-o tonto.

A textura dos lábios dela era tão viva em suas memórias, que ele temia que ainda estivessem naquele corredor escuro, com suas mãos naquilo que ele julgava ser seu maior pecado, e que certamente levaria-o para sua ruína. O loiro poderia vasculhar sua mente atrás de respostas pelo motivo que tinha levado-o a ceder seu impulso mais "desprezível", mas ele sabia que não tinha resposta coerente para sua ação, ele somente se deixou levar, e agora estava feito, e ele precisava lidar com as consequências, estas que ele não sabia como seriam, e como o afetariam, e em seus maiores anseios ele pedia que nunca descobrisse quais seriam.
Ele ainda andou de um lado para o outro com as mãos na cabeça em sua visível exasperação, como se isso fizesse ele se sentir menos sujo por ter pousado os lábios sob os de uma mera "sangue-ruim", entrementes a realidade de Draco é que ele não se sentia sujo, nem um pouco. Mas havia culpa em si, pois ele sabia que estar próximo dela desse jeito era perigoso, uma vez que ela tinha a capacidade de fazer ele se perder dentro do que fora criado para acreditar ser o certo, e ele precisava mais do que nunca fixar-se no chão, e fazer aquilo que tinha sido designado para fazer dar certo, para retomar sua vida de volta e quem sabe alguns planos só dele, isso levando em conta que Voldemort o deixasse em paz se ele completasse a missão.

Por uma Noite -Dramione [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora