Cap 30

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Anahí

Chego até o hospital acompanhada de Márcio. A recepcionista chamou o doutor que logo apareceu.

- Olá - fala nos cumprimentando.

- Boa tarde - dissemos juntos.

- Me acompanhe por favor, acho que é meio delicado para ser tratado aqui fora. - concordo com a cabeça e acompanhamos o doutor até uma sala espaçosa. Suponho ser o consultório.

- Pois então digamos, o que houve doutor ? - pergunto enfatizando o doutor pra que ele entenda  que ainda não sei seu nome.

- Inácio - diz simplesmente.

- Isso, Inácio. Conte o que houve para recorrer a nós ?

-  A dois dias atrás, uma moça encontrou uma mulher na estrada e nos trouxe, ela estava inconsciente,o que dificultou entrar em contato com algum próximo. Cuidamos e fizemos exames diversos na paciente, hoje ela despertou, e durante nossa conversa ela me contou ter sido sequestrada, e mantida presa durantes alguns dias.

- E como essa mulher está agora ?, - Márcio pergunta.

- Apesar de tudo está se recuperando bem. Embora tenha muitas lesões e marcas de agressão pelo corpo.

- Foi maltratada, não apenas mantida em cativeiro.

- Eu poderia disser que ela passou por coisas piores. - fala angustiado.

- Ao que se refere doutor ? - pergunto confusa.

- A paciente além de  sofrer agressões físicas, também teve abuso sexual.

- Meu Deus - ou seja  isso não era uma coisa rara já que o ato do abuso sexual estava se tornando completamente algo comum a ser visto e ouvido, mais toda vez que escuto uma dor no meu peito me aperta, e eu consigo sentir o que a pessoas deve de fato ter sentido. Medo, raiva, solidão, tristeza, são apenas alguns dos sentimentos envolvido.

- Ela está acordada agora ? - Márcio percebe meu choque e se prontificou.

- Sim. Me acompanhem os levarei.

Saímos da sala, e eu pude sentir algo dentro de mim, não consegui identificar o que aquilo significava, mais era algo forte que me trouxe preocupação. Entramos na sala e eu fui a última, minha cabeça estava perdida, e eu estava de cabeça baixa.

- Senhorita ? Esses senhores gostariam de falar com você - o doutor explica. Então chega a hora de olhar para cima, e quando meus olhos batem naquela cabeleira ruiva, com um corte vermelho nos lábios, a pele pálida, o corpo magro sentado na cama do hospital, quase tive um ataque.

- Dul... Dulce María é vc ? - Quando seus olhos me capturam, abri o melhor sorriso, e recebo  um sorriso dela - Dulce nós te procuramos tanto. - Me aproximei dela e a abracei o mais forte que pude e que não a machucaria.

- Oh Annie é tão bom ver um rosto familiar. - diz baixo.

Dulce María

- Eu tô tão feliz de ter te encontrado. Vc nem imagina o que passamos sem você. Maite está desesperada, Cristopher então nem dorme. - meu coração da sinal de alerta ao ouvir seu nome outra vez.

- Me desculpa eu não.. não queria, - uma lágrima insiste em caí.

- Ei, ei, vc não tem culpa do que aconteceu. Agora tá tudo bem, eu tô aqui, nos vamos te ajudar vai ficar tudo bem. - Annie me dá um beijo estalado na testa. - Agora eu preciso que vc me diga o que houve Dul, preciso que me conte tudo oque aconteceu. - Concordo com a cabeça e começo a contar tudo o que aconteceu desde meu apartamento, até os dias naquele maldito lugar.

- Como fugiu Dul ?

- Eu escapei. Mesmo estando fraca eu precisava lutar, e num deslize deles eu consegui.

- E depois ?

Abaixei minha cabeça respirei fundo, e olhei em seus olhos claros - Quando estava prestes a sair Diego chega lutamos e eu consegui pegar a arma, que caiu no chão, eu atirei e o matei e depois fugi.

-  Minha nossa DULCE. Você se lembra onde fica esse lugar ?- Sua cara estava pálida.

- Não, não me lembro, só me lembro de desmaiar e acordar em uma cama de hospital.

- Está bem - respira fundo. - vou deixar vc descansar agora. Eu tô muito feliz de te ver amiga.

- Obrigada, Annie.

- Eu estive conversando com o doutor antes de vir aqui...

- Ele te contou não é - mesmo tentando ser delicada e reservada. Não consegui.

- Dulce eu lamento muito, muito mesmo, vc não merecia passar pelo que passou. Mas nunca se esqueça que estamos aqui por vc esta bem - me abraça e minhas lágrimas descem.

- Obrigada - falo num sopro.

Depois de conversar e abraçar Annie. O médico me deu alguns remédios e eu acabei pegando no sono.

- Papai ? Papai ? - Chorava incansável. - Por favor acorda papai. Não me deixa não agora não.  Papai - minha lágrimas molhavam a camiseta do homem que eu chamava de herói. Seu corpo estava em um caixão frio. As pessoas assistiam a cena com pena. Uma garota que perdeu tudo, foi deixada pela mãe muito nova, perdeu seu pai muito nova também. Quem não teria pena ?

após o velório o carro funerário chegou, e partimos para o cemitério. Logo o corpo foi enterrado e junto com ele metade do meu coração. Meu herói havia se partido e me deixado.

- Papai - choraminguei.- sinto duas mãos em meus ombros elevando meu olhar surpreso para ver minha tia Soraia.

- Está tudo bem agora menina. Vc ficará comigo, não ficará só.  Venha !

Caminhou para a saída do cemitério, e eu a olhei se distanciar, voltei meu olhar para agora a lápide de meu pai
e me despedi pela última vez antes de voltar a seguir minha tia.

Sinto carícias em meu cabelo. E me esforço pra abrir o olhos. Quando alcanço meu objetivo, me deparo com Maite me olhando, e sorrindo para mim.

- Olá dorminhoca - é impossível não retribuir

- Mai, como eu senti sua falta. - me levantei e a abracei - que horas chegou ?

- Agora pouco. Eu estava tão preocupada, o que aconteceu Dulce ?

-    Eu vou te contar.... - Contei tudo a Maite .

- Não acredito nisso Dulce ... Como assim ela te bateu e depois te ajudou a escapar ?

- Eu sei, eu sei que é confuso, eu sei que ela errou mais já expliquei o motivo e querendo ou não se não fosse por ela ainda estaria lá.

- E verdade. Mais isso não significa que eu goste dela por isso - fala com a cara fechada.

- Está tudo bem Mai.

- Não, não tá. Me diz uma coisa, se vc matou Diego, Belinda fugiu e deve estar fora do país uma hora dessas, onde está Rodrigo ? - Meu coração congelou ao ouvir o nome daquele mostro. Maite percebeu minha mudez .

- O que houve Dulce ? Tem alguma coisa que vc não me contou ? - seus olhos eram insistentes, e não consegui segurar as lágrimas que desceram, não eram lágrimas de tristeza, mais sim de ódio, nojo ,rancor.

- Ele.... Ele. - Gaguejo sem conseguir disser as palavras.

- Não me diz que ele .... - Olho em seus olhos, e demonstro sem precisar falar, Maite me entende, e chora desesperada ao me abraçar. - Não... Não acredito, Dulce por favor, diz que não é verdade.

- Eu estou com tanta raiva daquele mostro. Antes me matasse, nojo, nojo, tudo que sinto - soluço forte em seus braços.

- Não fica assim, eu tô aqui com vc, eu... Eu vou te ajudar em tudo.

Maite era minha irmã, mais nova, e eu a amava tanto. Em pouco tempo ela demostrou ser alguém tão especial para mim. Depois de chorar muito em seus braços, Maite foi falar com o doutor Inácio, para saber quando eu poderia receber alta.


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