cap 52

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Minha cabeça estava a mil. E sentada no banco de espera para dar meu depoimento não foi nada fácil.
Maite estava ao meu lado, eu sabia que ela estava preocupada, na verdade até eu estava, afinal, minha vida estava tão diferente.
A um ano atrás eu era apenas a Cafetina, a dona de uma das boates mais requisitadas de todo o México, uma mulher forte independente,e que não ligava para ninguém além de mim, vivia aventuras a cada dia, e o mais importante, nada de paixonites.
Mais.. depois que Ucker entrou na minha vida, quando me permiti acreditar em seus sentimentos por mim, quando por fim, eu acreditei que não poderia viver apenas de festas, aventuras e luxo, eu consegui enxergar a beleza de um romance, a maior aventura de toda a minha vida foi amar Cristopher.
Mais após tantas brigas, tantas confusões, tantas coisas que torciam para nossa separação, não conseguimos vencer tudo juntos.
E pra finalizar com chave de ouro, aqui estou eu.. voltando as minhas origens, de uma vida vazia.
Não era culpa de meus amigos de eu estar assim, muito menos de Cristopher. Ele apenas pediu um maldito tempo Maria !!

E eu com minha arrogância o distanciei. Mais como eu poderia fingir não ter ligado, como ele poderia me pedir um tempo por brigarmos, se os ciúmes não eram só meus ? Como ele queria que eu ficasse de braços cruzados vendo aquela vagabunda da Nicoly dando em cima dele ?. Do meu homem !

Saio de meus devaneios ao ouvir a voz de uma mulher.

- Senhorita Savinón ? Pode me acompanhar para seu depoimento.

Não respondi, não queria responder. Eu me sentia infantil, por estar vivendo a vida como eu vivia, eu me sentia idiota de mais, por deixar que tudo isso acontecesse comigo, e sentia vergonha por estar passando mais uma vez por um caso desses.

Me levantei e concordei com a cabeça. Eu sabia que teria que olhar os olhos dele, teria que ser forte, mais eu não me sentia forte. Não naquele momento, e eu sabia que apenas seu toque me faria falhar nas tentativas de resistir.

Me sentei na cadeira, e olhei em algum canto vago, sem conseguir levantar meu olhar.

- Senhor, aqui está a senhorita Savinón para o depoimento.

- Obrigado, pode deixar nos a sós - observo enquanto ela sai, e quando ela abre a porta vejo os olhos preocupados e curiosos de Maite, que continuou sentada no corredor.  Sua boca se abre e ela ssussura um "vai ficar tudo bem ! ", Sorrio em resposta.

- Pode começar - Sua voz era baixa e grave. Eu não sabia por onde começar.

- Posso simplesmente mandar que prendem ele ? - Levanto meu olhar o suficiente para ver que ele estava de contas para mim.

- Sabe que preciso que me diga o que aconteceu Dulce - Diz com uma voz compreensível.

- Quer com detalhes ? - Olhos para o canto, vendo um porta retratos em cima da mesa. Ele estava de contas para mim, e uma enorme curiosidade me bateu.

- Se possível - Diz simples.

- Eu sai com Maite, Cristian e Annie, fomos a uma boate... - Suspiro, eu realmente estava nervosa ? - Nos bebemos muito e nos divertimos juntos. Quando Annie não estava mais em um estado muito bom, resolvemos ir embora. Nos levamos ela até o carro, mais eu resolvi ir ao banheiro antes de partir. Cristian e Maite ficaram com a Annie e eu voltei sozinha para dentro.
Quando estava voltando, ele me puxou e disse que queria ficar comigo - Ele rapidamente virou seu rosto em minha direção, e nossos olhos se encontraram.

-  Ele quem ? - Podia jurar que ele estava com raiva.

- Carlos.. o DJ da boate... Ele pediu pra ficar comigo, disse que não demoraria, mesmo em dizendo já estar indo embora...

- E vc aceitou ? - Seu olhar prendeu minha respiração. Droga ! Eu me arrependo amargamente de ter aceito, mais sim !

- Sim, eu aceitei..

- E depois ? - Sua voz demostrava que ele temia as respostas que eu daria.

- Depois, nós fomos para o fundo da boate, entramos em um beco. - Me endireito na cadeira. Eu me sentia desconfortável demais.

- Mesmo não conhecendo ele .. aceitou entrar em um beco ? - Abaixo minha cabeça não suportando mais sustentar aquele olhar tão intenso sobre mim.

- Já sabe a resposta... - Sentia seu olhar me analisando.

- Pode continuar ..- respiro fundo.

- Desde o inicio ele foi bruto, rápido.. - Falei baixo - Pedi pra que ele fosse com calma. Como se não me escutasse, ele continuou, mais...

- Mais ?

- Eu vi vc ! Vi vc parado atrás dele, nos olhando .. e eu não consegui. Não conseguia continuar com aquilo... - Parei achando que ele falaria alguma coisa, mais ficou em silêncio - empurrei, e acabei por bater nele pra o afastar de mim. Ele não gostou nada então partiu para cima de mim..

- Ele te bateu ? - Seu punho estava cerrado, ele deu alguns passos a minha frente, a única coisa que nos separava era sua mesa.

- Não... Ele tentou me beijar a força. Mais eu o empurrei, e quando percebi o policial já estava atrás de mim, mandando ele me soltar. Agradeço por ter chegado a tempo - Viro meu rosto - mais acho que aquele cretino deve agrader mais ainda por eu não ter uma arma em minhas mãos - Falo baixo, com raiva levanto meus olhos e como eu esperava ele continuava ali, me olhando.

- Teria coragem ? De atirar nele ?

- Teria coragem de me defender. Coragem de não deixá-lo me machucar, mesmo sabendo que ninguém mais é capaz de fazer isso.

- Dulce.. - Uma lágrima desce de meu olho.. eu não consigo mais segurar e elas passam a transbordar de meus olhos lentamente.

- Por favor.. me deixa tirar esse peso de dentro de mim... Eu não suporto mais .. tudo tá tão confuso, minha vida sempre foi uma grande confusão.

- Como posso te ajudar ? - Ele se aproxima, se ajoelhando a minha frente, seus olhos preocupados.

- Eu não sei... Não sei como alguém pode, eu nem sei se eu poço me ajudar. Eu.. eu sinto saudades...

- Saudades ?

- Sinto saudades de quando eu podia chorar nós braços do meu pai.. saudades de quando eu podia contar com sua presença. Mais eu.. eu sinto mais saudades.. de vc ! - Falo olhando em seus olhos - Me perdoa, por ser tão idiota, de não te escutar, de não te perdoar..

- Não precisa fazer isso Dul..

- Preciso ! Preciso... Porque eu quero..
Eu te amo, e todos os dias eu durmo naquela cama fria e espaçosa esperando a hora em que vc vai se deitar para me abraçar.  Porque os melhores momentos da minha vida, eu passei ao seu lado.

- Dulce.. - Uma lágrima desce de seu olho, e ele abaixa sua cabeça, apoiando-a em sua mão.

- Eu te amo.. mais não consigo voltar pra vc.. tô magoada, e dói de mais pensar em outra pessoa ocupando o meu lugar na sua cama...

- E vc acha que não dói em mim.. saber que outros tentam ocupar o meu lugar na sua ? Na su cama .. na sua vida !  Dói na minha alma.. ver vc saindo com outros, saber que vc beijou outra boca que não seja a minha, saber que outros tocou vc como eu toco..

- Ninguém nunca vai me tocar como vc me toca..

- Mais me dói saber que eles tentam.. eu mal consigo dormir, porque eu anseio estar na sua cama.. estar ao seu lado, estar em cima de vc.. dentro de vc, dizendo o quanto eu te amo. E mostrar todos os dias o quanto eu te desejo.

- Não mais do que eu.. - sussurro. Nosso olhar está preso um ao outro.
Ele se levanta e caminha em direção a janela, que mesmo fechada mostrava o brilho da cidade.

- Eu tentei te superar Dulce María. - fala como um sopro - Tentei te esquecer. Mais chegou a hora de vc conhecer a minha versão da história.


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