37° capítulo.

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Os garotos desceram e nós ficamos lá em cima observando tudo. Páris e Ulisses, acompanhados de cinco guardas, passaram dos portões, verificaram se a garota estava viva, confirmaram, Ulisses pegou ela no colo e a levou para dentro. Depois que ouvimos os portões fechando, descemos correndo da muralha até chegarmos lá embaixo.
 Ela estava deitada em uma espécie de sofá, de pedra mesmo, e estava envolta em cobertores. Páris, Heitor e Pat estavam do lado dela enquanto Aquiles e Ulisses estavam mais afastados, Aquiles estava com uma cara super estranha até ele ver Briseis, daí ele abriu um sorriso para ela. 
 Fomos ver a garota, ela tinha os cabelos loiros e curtos, o que, na época, era estranho uma mulher ter o cabelo daquele tamanho, ela também era magra e estava muito pálida. 
 -Quem será ela? -Perguntou Lena se escorando no meu ombro, para ver melhor.
 -Nós já a conhecemos -respondeu Heitor simplista, todos pararam e olharam para ele e para Páris.
 -Como assim vocês "já a conhecem"? -Andrômaca fez uma carinha de ciúme… (risos).
 -Ela lutou na guerra com a gente amor, só isso -Heitor tentou quebrar o clima tenso e deu uma risadinha.
 -Ah tá bom então, mas… ô -e Andrômaca faz um gesto como se dissesse "tô de olho", nós rimos. 
 E, de repente, me lembrei de uma amazona que lutou na guerra de Tróia, Pentesileia, ela enfrentou Aquiles que a venceu, então, depois que a matou, Aquiles retirou o seu elmo e, de tão grande sua beleza, ele se apaixonou por ela, porém… ela já estava morta então, como se diz, "não adianta chorar pelo leite derramado". 
 -O nome dela é Pentesileia? -eu perguntei.
 -Sim, mas ela havia sido morta por -e Heitor olhou para meu primo.- por você, Aquiles. 
 Aquiles se aproximou mais e olhou a jovem, pareceu sentir pena, depois abraçou Briseis:
 -Sim, fui eu… -ele falou sem remorso. 
 -Nossa… -retruquei, como ele não podia ter remorso de tirar a vida de alguém? INACREDITÁVEL! 
 -O quê foi, Safira? -Ele olhou para mim.
 -Você não sente remorso? -Me virei para ele e cruzei os braços.- Quer dizer, você a matou! 
 -Não -ele respondeu mais frio ainda e, soltando Briseis, chegou mais perto de mim.
 -"Não" -repeti.- Então, se tivesse a chance, o faria novamente? -o encarei, todos pararam de conversar e olharam para nós.
 -Sim -ele riu, olhou para o lado e voltou a me encarar.- Isso é uma guerra menina, ou você morre ou mata, é simples -e deu de ombros. 
 -O quê? -É, ele não sente remorso.- E ninguém quis fazer nada para impedir, -olhei ao redor.- não é? -alguns abaixaram a cabeça e outros disfarçaram, voltei a olhar para Aquiles.- Acho que você é mesmo um tirano mercenário… 
 -Chega Safira! -Briseis falou arregalando os olhos para mim.
 -Por quê? Eu tenho que parar de dizer a verdade, é isso? -Olhei para ela batendo os braços contra o corpo.
 -Parem! -Falou Heitor se aproximando da garota.- Ela está acordando…
 Andrômaca rapidamente foi até ela e a segurou deitada, caso ela quisesse levantar, não era bom a garota fazer isso pois, caso ela tivesse quebrado algo, seria pior se ela se mexesse. 
 -Oi mocinha -Andrômaca falou quando ela abriu os grandes e brilhantes olhos azuis.- Como você se chama? 
 -Pen… Pentesileia -ela respondeu baixinho e gemeu de dor. 
 -Onde dói? -Andrômaca perguntou se sentando ao lado da moça, uma lágrima escorreu de seus olhos.
 -Meu braço… -mais lágrimas rolaram e, levantando o outro braço, a garota tocou onde doía, era no ombro.
 Derepente, um guarda grita lá de cima avisando que os gregos estão na frente dos portões preparados para uma batalha. Olhei para Pat, ele estava hipnotizado olhando para a moça e, despertou quando o sino, declarando a invasão, tocou.
 -Vamos, temos que tirar ela e as meninas daqui… -ele falou a Asti. Em seguida, pegou a garota no colo, colocou ela no cavalo dele, subiu e olhou para mim.- Prima, suba na Lipaleza e me acompanhe, Asti -se voltou para Asti que estava próximo a mim.- proteja minha prima e as garotas, vamos! 
 Ele saiu cavalgando muito rápido, corri até Lipaleza, montei-a e, quando me virei, vi as meninas fazendo o mesmo e Asti, já no montado no Trovão, começou a cavalgar de volta para o castelo, o seguimos.
Pat parou o cavalo na escadaria do castelo, desceu com a moça no colo, -de onde ele tirou tanta força?- correu e a levou para dentro. Paramos os cavalos no mesmo lugar, alguns soldados vinheram e levaram eles para o estábulo, nós entramos correndo. Chegando na sala de estar, vimos Pat colocando a garota em um sofá, ele era cuidadoso, até colocou uma almofada embaixo da cabeça da mesma. Reparei que Pat estava cansado, estava passando um pouco de sangue de seu curativo, então ele se sentou ao lado da moça. Vendo isso, corri até ele e parei ao seu lado:
 -O que foi Pat? -Ele estava com os olhos fechados e apoiado nos joelhos.
 -Nada… -ele estava cansado e sua voz estava falhando.
 -Quem nada é peixe, -ele riu, eu estava preocupada.- vamos subir, venha… -ele se levantou, apoiando em mim e nós subimos bem devagar. 
 Chegamos no quarto dele, que estava todo iluminado por tochas, ele estava muito mal estava quase caindo, eu abri a porta, nós entramos e fomos até a cama dele, o coloquei lá e ele se arrumou de modo que ficasse mais confortável. Coloquei um travesseiro embaixo de sua cabeça e corri para pegar os medicamentos para trocar o curativo, ele nem falava. Peguei os medicamentos, coloquei em cima da cama mesmo, desfiz o nó do curativo e olhei a ferida, parecia que Pat tinha coçado bem em cima, mas foi por conta do esforço que ele fez. Fui fazendo o mesmo procedimento que da outra vez, por fim amarrei um novo tecido finalizando o curativo. 
 -O… obrigada, prima -ele falou enquanto eu colocava os medicamentos de volta no lugar, o olhei e fui até ele. 
 -Não fale muito agora, descanse -lhe sorri, ele concordou e eu saí do quarto para deixá-lo mais à vontade.

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