57° capítulo.

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Depois que acabamos de δείπνο (deípno/ jantar), sem a presença de Briseis e Aquiles, fomos para a sala e, adivinhem qual foi o assunto? Justamente o casal anterior, Pátroclo falou á todos nós sobre a decisão de Aquiles, eu me fiz de surpresa, para eles não perceberem que ele já havia me contado.
 -Mas você vai com ele? -perguntei me endireitando em um sofá.
 -Sim, -ele respondeu com pesar na consciência.- eu não posso abandoná-lo, ele já fez tanto por mim… tenho que estar do lado dele nesse momento -ninguém disse uma palavra.- Os mirmidões irão conosco, se não houver problema, Heitor e Páris.
 -Ah… -Páris despertou de seus pensamentos.- Claro, não há problema algum mas, vocês tem certeza disso? 
 -Bem, -Pat respirou fundo.- talvez ele mude de idéia por conta de Briseis, mas ele está muito certo do que vai fazer.
 -Eu vou aproveitar e voltar para a Ítaca, estou morrendo de saudades de Penélope e de Telémaco -disse Ulisses depois de um breve silêncio. 
 -Traga eles aqui, qualquer dia desses, seria um prazer conhecer sua família, Ulisses -convidou Heitor naturalmente.
 -Claro, trago sim -e os dois trocaram um sorriso singelo.
 Depois disso todos ficamos quietos, um sem olhar para o outro, até que Asti se levantou e as atenções se viram para ele, que respirou fundo e começou a falar: 
 -Eu tenho um comunicado muito importante para fazer -ele jogou uma mecha de cabelo para trás.- Imagino que, a maioria aqui presente, já deve imaginar do que se trata, afinal, minha vida é um livro aberto -o quê será?
 Antes que ele pudesse continuar, ouvimos passos na escada, quando nos viramos para ver, Aquiles estava descendo com Briseis apoiada nos ombros. Heitor se levantou rapidamente e também foi ajudá-los. 
 Quando eles desceram toda a escada, saí do lugar em que eu estava para que colocassem Bri lá. Assim o fizeram, Aquiles sentou ao seu lado, eles deram as mãos e ali entendemos que meu primo não iria mais embora. 
 -Você está bem, Bri? -perguntei me sentando no chão ao lado de Páris.
Ela estava meio branca e pequenas olheiras que sustentavam um olhar triste.
 -Agora estou bem melhor, mas e você? -ela notou meu curativo.- Isso vai dar uma cicatriz das boas, em?! -e riu, como era bom ver aquela risada… ahhh.
 -Você viu -pisquei.- Eu sinto muito pelo o que aconteceu, -arrumei o curativo.- de certa forma a culpa foi minha e…
 -Nem continue! -ela me interrompeu.- Nada do que aconteceu é sua culpa, tudo aconteceu porque tinha que acontecer, como você mesma diz -ela fez uma careta de dor e se inclinou um pouco mais no sofá. 
Ficamos em silêncio por uns segundos até eu me lembrar de algo doloroso, para mim...
 -Quando eu for embora, vou deixar um pouquinho de mim aqui -meu nariz ameaçou coçar, indicando de que eu queria chorar.- e vou levar um pouquinho daqui também, espero que eu tenha deixado coisas boas -dei de ombros e as lágrimas caíram. 
 Páris, que estava ao meu lado, me abraçou, deixei-me ser abraçada por ele. 
 -Você não vai deixar um "pouquinho" de você aqui, -Heitor me disse.- você vai deixar MUITO de você aqui. Deixará sua alegria, seu carisma, sua risada, sua energia e metade da sua vida. Você faz parte disso tanto quanto nós -ele começou a bater palmas e todos fizeram o mesmo. 
 Na hora eu corei e as lágrimas caíram mais e mais, comecei a olhar todos ao meu redor e senti uma alegria enorme. Quando olhei para Asti, ele piscou um dos olhos e mandou um beijo discreto para mim, eu queria fazer o mesmo, mas todos me olhavam então me contive, apenas dando um sorrisinho. 
 No restante da noite, Aquiles e Pátroclo nos explicaram tudo o que havia acontecido, falaram da chantagem e das ameaças, do medo que sentiram por nos perder. Heitor confessou que, durante sua luta com Agamenon, lembrou de mim caída, da situação de Briseis, de Lena e Andrômaca machucada e não teve mais forças para lutar. 
 Por fim, todos fomos tentar dormir, há uma linha tênue entre o tentar e o conseguir.

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