49° Capítulo.

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-Eu não acredito! Eu não o eduquei assim! O que ele está pensando? -ele começou a andar de um lado para o outro muito agitado. 
 -Calma Aquiles. Ele está passando por um momento muito ruim -arrisquei a falar, ele prestava atenção em mim.- Imagine… ele perdeu o grande amor da vida dele, como  você acha que ele se sente? -Aquiles olhou para o chão, provavelmente tentando entender meu raciocínio. 
 -Mas ele não tem o direito de me deixar aqui, outra vez -ele me olhou com lágrimas nos olhos, como ele gosta desse primo… Iti maliaaaa.- Ele está sendo muito egoísta, sério… eu vou ter uma conversa com ele agora mesmo! -ele foi andando até a porta. 
 -Não! -Briseis e eu corremos para a frente dele.
 -Ele está se comportando como uma criança, e ele não é mais! -Aquiles parou furioso.- Me deixem passar! 
 -Não, -Briseis o segurou.- ele é uma criança, Aquiles! -o loiro franziu a testa, cruzou os braços e começou a bater o pé furiosamente contra o chão.- Ele só tem tamanho, mas você sabe como ele é.
 -Sim, e é -balancei a cabeça para os dois lados.- natural que faça isso. Não o culpe -tentei convencê-lo.
 Aquiles estava furioso, mesmo o conhecendo pouco, tal sentimento era evidente. Olhei por cima do ombro do mesmo e vi todos sentados olhando curiosos e espantados aquela cena.
 -Você sabe o quão ruim foi quando eu perdi você? -Briseis começou a falar, as lágrimas foram invadindo os olhos da moça.- Eu ficava sempre esperando por você, como se tivesse ido a alguma caçada ou a um treino e logo fosse voltar -ela deu de ombros.- Não sei, achei que você entenderia…
 Aquiles desfez a pose de bravo e sua face relaxou, ele descruzou os braços e abraçou Briseis que começou a chorar. 
 -Gente, não querendo interromper o momento, mas -Ulisses começou.- temos que reforçar mais ainda a segurança.
 -Mas a gente dobrou ela hoje -Páris falou intrigado.
 Nesse momento Pat chegou e parou ao meu lado, o abracei mas continuei prestando atenção na conversa dos demais. 
 -Mas acho que eles não irão parar por aí, temos que ter cuidado até com os guardas daqui -Ulisses estava, de fato, muito preocupado.
 Notei que Aquiles olhou para Pat que retribuiu o olhar e abaixou a cabeça. 
 -Você acha que ele conseguiria? -Lena questionou. 
 -Talvez amor, -Páris respondeu a mesma e agarrou sua mão.- temos que revisar a guarda e isso não passará de amanhã! -Páris falou firme e notei que meus primos se entreolharam novamente. 
 Depois de mais algum tempo na sala todos subimos para os quartos. Como o quarto de Asti e o meu eram os últimos, antes de eu entrar, ele me chamou: 
 -Não é querendo julga-los, nem nada, sabe Safira -ele se aproximou e apoiou um braço na parede por cima do meu ombro, ficando bem, BEM, perto de mim.- mas, se eu não me engano, vi seus primos trocando um olhar meio estranho… 
 -Eu também vi, o que será? -se afaste um pouco Astíanax, você está muito perto.
 -O mais engraçado é que esse gesto foi bem na hora em que Ulisses falou que podiam ter soldados gregos infiltrados na guarda troiana, não foi, ou estou errado? -ele ergueu uma sobrancelha. 
 -Sim, foi mesmo -que estranho… 
 O motivo pelo qual eles trocaram aquele olhar, eu não sabia e acredito que mais ninguém ali, além deles. Foi aí que me toquei:
 -Você está suspeitando dos meus primos? -o encarei séria, cruzei os braços e me aproximei mais dele que ficou surpreso.
 -Não, Safira… -ele tentou se explicar.- Não foi isso que eu quis dizer, mas que é estranho é, ou vai dizer que não? -ele recoou um pouco reparando que eu me aproximei mais dele com raiva. 
 -Sim, foi estranho -ele permaneceu na mesma posição.- Mas isso não quer dizer que sejam eles, que eles sejam culpados de tudo.
 -Eu sei, mas eles são gregos, isso não pode mudar e…
 -Eu sou grega! -falei em tom muito mais alto e ele se surpreendeu.- Eu sou e nem por isso vou… -dei de ombros e desviei meu olhar do dele.
 -Mas você é metade troiana também, não queira se comparar a eles. Ninguém é igual a ninguém.
 -Isso mesmo -o encarei novamente.- Todos são diferentes, não queira se fingir de ignorante, que não entende -revirei os olhos.- Você é muito sem… 
 Antes que eu terminasse meu insulto, (risos) ele me puxou pela cintura e me beijou, foi tão rápido que nem tive tempo de reagir. Eu tentei me soltar dos braços dele batendo em seus ombros mas ele segurou minhas mãos presas às dele e me fez abraçá-lo.  
 Era engraçado um beijo daquele, ele disse que não sentia mais nada por mim mas me beijou… eu não compreendida. Me vi totalmente entregue e, em seguida: o que eu estou fazendo? Ele vai pedir uma moça em casamento, não posso fazer isso. O empurrei rápido tendo a consciência da besteira que acabáramos de cometer. 
 Eu me virei para a janela, (que ainda estava quebrada) de costas para ele. Asti se apoiou na porta de seu quarto de costas para mim sem dizer nada. 
 -Por quê fez isso? -perguntei sem olhar para ele. 
 -Digamos que foi um beijo de raiva… -eu me virei furiosa e dei um tapa nele, não tão forte.
 -Você insulta meus primos e agora vem me ofender? Que belo príncipe você… -balancei a cabeça, debochando mesmo e entrei para meu quarto. 
 Não quis nem saber, tranquei a porta rapidamente com a chave e fui me trocar para dormir.

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