46° capítulo.

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Chegando ao castelo, Aquiles me pediu para chamar Heitor e Páris para apresentá-los os mirmidões, Briseis para apresentá-la ao filho dele e tentar convencer Pat de sair do quarto.
 Assim fiz, chamei os meninos na biblioteca, Briseis eu encontrei na cozinha e, ao dar a notícia, ela saiu correndo então fui até o quarto de Pat. 
 Parei em frente a porta antes de entrar. Eu não queria incomodá-lo, eu compreendo que quando algo desse gênero acontece, a pessoa deve ficar sozinha, sem ser incomodada.
 -Safira… -Asti aparece me assustando, dei um pulo para trás, ele riu.- Desculpe se a assustei. 
 -Tudo bem -coloquei a mão no coração e respirei fundo.
 -O quê você está fazendo parada aí? -ele se aproximou mais.
 -Eu não estou tomando sol, Asti, acredite... -brinquei e demos risada. 
 -Por quê você está sussurrando? -ele também estava (risos)
 -Porque Aquiles mandou eu tentar tirar Pat do quarto, mas não quero incomodá-lo, ele está tão tristinho… -cruzei os braços e meu olhar também se entristeceu.
 -Calma amiga, -ele passou o braço por meus ombros.- acho que você deveria sim tentar falar com ele, só assim ele se distrai um pouco e… -a porta se abriu e nós paralisamos. 
 Pat parou, cruzou os braços, deu um risinho e escorou na porta: 
 -O quê está acontecendo aqui? 
 -Hum? -Do que ele está falando? Deixamos escapar.
 Pat apontou para o braço de Asti nos meus ombros, ele tirou o braço dali rapidamente e um rubor surgiu em suas bochechas. 
 -Você está bem, Pat? -perguntei embora fosse óbvio que a resposta seria não. 
 -Estou levando -ele abaixou o olhar. 
 -Aquiles me pediu para vir te convencer de sair do quarto… -ri.- A propósito, -cruzei os braços.- onde o mocinho estava indo, em? 
 -Eu ouvi um barulho aqui no corredor e vim ver o que era -ele respirou fundo.- Agora temos que ter mais cuidado do que nunca. 
 -Verdade, principalmente com a Safira -Asti prosseguiu. 
 -Gente, -me apoiei na parede- eu sei me defender, apenas queria ter estado lá para ajudar Leia -escapou… meu nariz começou a coçar e isso é sinal de choro.
 -Ei! -Pat andou até mim e segurou minha cabeça delicadamente com as mãos.- A culpa não foi sua e nem de ninguém, se era para ter acontecido, aconteceu -ele me sorriu, olhei bem fundo nos olhos dele.
 -Você devia ouvir o que fala -ele abaixou os olhos e arrumou o cabelo com uma das mãos, ele estava querendo chorar.- Leia não queria que estivéssemos assim, ela gostava de alegria -na pontinha dos pés, segurei o rosto dele com as mãos, igual ele fez comigo.- Ela gostava de ver você sorrindo e acho justo darmos esse sorriso a ela -lhe dei um grande sorriso simpático. 
 Ele enxugou uma lágrima que começara a escorrer e me deu um sorriso, bem triste, eu confesso, mas não deixava de ser um dos lindos sorrisos dele. Por fim nos abraçamos. 
 -Não querendo interromper, -Asti começou.- mas, Pátroclo os mirmidões chegaram.
 -Sério? -continuamos abraçados.
 -Sim! -respondi entusiasmada.- Eudoro também está aí e acho que seu primo…
 -Nosso primo -ele corrigiu. 
 -Enfim, ele está contando que eu vim do "futuro" -rimos. 
  -Vamos lá então -Pat trancou a porta do quarto e começamos a andar em direção a escada. 
 -Pátroclo, -Asti o chamou, paramos.- se você não se importasse, eu gostaria de conversar um pouco com essa chata aí -ele apontou para mim, debochado ele. 
 -Tudo bem -Pat deu um risinho e voltou a andar. 
 Fui em direção a Asti, ele se sentou no chão, cruzando as pernas, e se escorou na parede, fiz o mesmo. 
 -O quê você quer conversar? -perguntei.
 -Então… -ele respirou fundo.- Eu estou precisando de um amigo, no caso amiga, nessas horas e eu não posso falar nada para meu pai, ainda -franzi a testa.- É que eu estou gostando de uma garota, -será eu?- ela é uma princesa, acho que você não a conhece -dei de ombros.- Eu quero pedir a mão dela aos pais -eu travei. 
 -Isso é -tentei não esboçar reação.- ótimo que... quero dizer, você é bem novo para isso, não é? -ele só me olhava.- Quantos anos ela tem? 
 -É mais nova que você um ano -15.
 -É bem nova mas, ela já sabe? Ela sabe do pedido de noivado? E o namoro? 
 -O quê? Safira, parece que você não conhece como nós somos. Com o reino dela como aliado -ele se inclinou para frente.- poderemos vencer a guerra. 
 -Bo...bom você pensar nisso, Asti -NÃO É NÃO!- Parabéns, amigo -lhe dei um abraço o qual ele retribuiu. 
 -Mas não conte para ninguém, fechado? -ele começou a se levantar.
 -Claro, pode deixar -ele estendeu a mão para mim e me ajudou a levantar. 
 Começamos a andar pelo corredor enquanto eu queria, na verdade, estar no meu quarto, tomando sorvete -ah que saudade de um sorvete…- e chorando, eu não disse nada.
 -Safira, -ele me parou.- você não se importa, não é? -olhei para ele confusa.- Quero dizer, pelo o quê nós passamos e…
 -Ah! -não quis nem ouvir o resto.- Não, o que é isso, que bom que VOCÊ esqueceu isso rápido e seguiu sua vida. E outra, eu sou sua melhor amiga, e vou estar aqui sempre para te apoiar, i n d e p e n d e n t e  de suas decisões.
 Ele me olhou integrado e por fim soltou uma gargalhada. 
 -Tudo bem, obrigada então viu -trocamos um sorriso e fomos para onde os mirmidões estavam.
Os mirmidões eram os soldados mais bravos de toda a Grécia, como disse o próprio Aquiles, eles eram MUITO bem treinados. Quando chegamos onde os meus primos estavam, os mirmidões estavam todos em formação de combate o que, de certa forma, me deixou receosa. Aquiles, Heitor, Páris e Pat estavam de frente para eles e Heitor falava algo mas parou quando nos viu. Percebemos isso de imediato, Asti me olhou intrigado e então todos viraram de uma vez para nós, -que vergonha!- eu tentei não parecer intimidada e, endireitando a postura, fui até os meninos. Asti me acompanhou bem mais acanhado. 
 -Καλημέρα (Kaliméra/ Bom dia) caros senhores -falei me posicionando ao lado de Aquiles, Asti parou ao lado de Heitor.
 -Καλημέρα (Kaliméra/ Bom dia) -eles responderam em coro.
 -O quê está acontecendo? -perguntei a Aquiles que me olhava espantado.
 -Sabia que você não podia estar aqui, não é? -ele e os demais se viraram para mim.
 -Por quê? -perguntei franzindo a testa. 
 -Porque você é uma garota -Asti falou, não acredito que ele me disse isso. 
 -O quê?! -falei em tom mais alto, cruzei os braços e comecei a bater um pé furiosamente. 
 -Calma -Heitor se aproximou, ele me conhecia muito bem.- Não é por isso, Safira, é que essa é uma reunião só com os chefes, -ele explicava calmamente.- entende? 
 Eu poderia muito bem falar: "Ah sim, eu entendo, me desculpe por estar atrapalhando, vou voltar imediatamente para meus aposentos", mas eu não iria dar esse gostinho para meu priminho e nem para o exército dele, além disso, que machismo!

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