Enquanto isso, arrumei meu quarto, cada coisa de um jeitinho especial, os três vestidos que serviam em mim eu coloquei bem na frente do guarda-roupas, as escovas e os perfumes coloquei na mesa de ferro ao lado da tina, fiz de lá uma penteadeira, mesmo tendo uma mesa com cadeiras no quarto, achei melhor deixá-la livre para alguma coisa, já estavam arrumados o meu celular e um vasinho de plantas.
-Safira…
Finalmente alguém veio me chamar para a festa -pensei indo abrir a porta. Não fiquei muito surpresa pois eu, de fato, conhecia a voz dele, era Heitor, estava todo arrumado, como sempre.
-Que linda! -E ele me deu um abraço, ao qual, eu retribuí.- Estava com saudades… -eu fechei a porta e saímos andando pelo corredor.
-Eu não me lembro muito bem do que aconteceu… acho que já faz uns dez anos -de repente, ele parou com um olhar triste.- O que foi? Você está bem? -Fiquei preocupada de ter dito algo ruim.
-É que já faz tempo… -e voltamos a andar.- muito tempo, eu estava com saudade de Andrômaca, Astíanax, Páris, Helena e de você também -ele tocou a ponta do meu nariz, ri.
-Eu não lembro de estar aqui quando você morreu… -falei tentando me lembrar, querendo puxar uma antiga lembrança.
-E não estava, você foi embora antes disso...-já era possível ouvir a música no andar de baixo.
-Eu que quis ir? -Ele olhou pra mim e riu, fiz o mesmo ainda com dúvidas.- O que foi?
-Não, você queria ficar e queríamos que você ficasse também só que não tivemos escolha. -Paramos no topo da escada que desce para o salão, ele me olhou e questionou:- Está pronta?
-Sim… -respondi nervosa e, ele reparando, riu.
Pisamos no primeiro degrau e a música mudou para uma mais calma. As minhas mãos estavam trêmulas e Heitor, percebendo isso, às apertou e cochichou:
-Fique calma -assenti com a cabeça.
As palmas surgiram e todos estavam voltados para nós, perguntei baixinho a Heitor:
-Por que as palmas? -Depois voltei a sorrir.
-Ah é… o motivo da festa é a nossa volta, quero dizer, -ele falava ainda olhando para as pessoas.- a sua, minha, de Astíanax, de Aquiles e Pátroclo.
-Ah sim… mas eles não são seus inimigos? Quer dizer assisto esse filme desde que me entendo por gente e, todos que também entendem de história, sabem disso -olhei para ele discretamente.
-É que hoje não é dia para inimizades e conflitos -ele piscou, dei um sorrisinho de canto de boca.
Até que enfim, chegamos ao final da escada onde Andrômaca deu a mão para Heitor, ele largou da minha, pediu licença e foram conversar com outras pessoas.
Eu fiquei ali parada no pé da escada, não sabia o que fazer nem com quem conversar, estava tímida demais, geralmente não sou tão tímida, mas alí parada não tive como evitar. Notei que Briseis ia se aproximando de mim:
-Você está tão quietinha Safira, -ela estava com um vestido preto e azul e os cabelos, naturalmente soltos, estavam enfeitados com raminhos de flores- venha… -ela pegou em minha mão me puxando.
Segui com ela pelo meio do salão até pararmos diante de Aquiles e Pátroclo.
-Eu sei que vocês já se conhecem de longe mas, acho justo uma boa apresentação -ela passou para a frente e abraçou Aquiles.- Meu querido, essa é Safira -ela sorria a todo momento.
-Encantado -ele beijou minha mão, sorriu discretamente e tomou posse da palavra:- esse é meu primo, Pátroclo -o garoto apenas acenou com a cabeça, fiz o mesmo e, antes que qualquer outro assunto se iniciasse, Páris apareceu.
-Com licença, Aquiles e Pátroclo podem me acompanhar? -ele estava com uma taça de vinho na mão.
-Claro… com licença -eles saíram e foram com Páris para a βιβλιοθήκη (vivliothíki/biblioteca).
Alguém entrou no salão roubando a atenção, vi Andrômaca correndo e Heitor logo atrás em direção a tal pessoa.
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𝔼𝕞 𝕞𝕖𝕦 𝕞𝕦𝕟𝕕𝕠...
Ficțiune istoricăSafira é uma garota de dezesseis anos e que tem uma rotina bastante normal. Nas suas férias de julho, em uma noite, ela resolve assistir seu filme preferido: Tróia (2004), quando algo diferente acontece e ela entra para dentro do filme. Tudo no fi...