38° capítulo.

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Quando desci me deparei com as meninas sentadas no sofá onde a moça estava sentada e um pouco mais corada.  
 -Olá! Você está melhor? -Perguntei chegando perto e me sentando no braço do sofá.
 -Oi, sim, estou, muito obrigada -ela me sorriu.- Meu nome é Pentesileia, mas pode me chamar de Leia -ela estendeu a mão para mim ainda com o sorriso no rosto.
 -Sou Safira, prazer em conhecê-la -lhe sorri de volta.
 -Como você chegou aqui? É de alguma fazenda? -perguntei, ela olhou para mim.
 -Eu fugi do exército grego -todas prestaram atenção nas palavras dela.- Acordei aqui na praia, Agamenon me achou e me capturou. Fiquei presa por muito tempo em um barco até que, hoje, ele mandou um dos guardas me levar até ele, -ela fez um esforço para se lembrar.- não sei qual o assunto ele queria falar comigo, só sei que, quando eu estava quase chegando, consegui pegar a espada do guarda, o rendi e saí correndo o mais rápido que pude. Cheguei aqui nos portões cansada e com fome, daí apaguei. Eu me lembro de um moço loiro, não sei… -ela olhou em volta.- e de você também -ela apontou para Andrômaca e sorriu.
 -O moço loiro -começou Briseis.- é Pátroclo, ele é primo da Safira e meu, por assim dizer… 
 Nessa hora, Asti chegou na sala, pediu licença, entrou, chegou perto de mim, pegou minha mão com delicadeza e me levou para a biblioteca. Ele fechou a porta, sem trancar com a chave, me conduziu até o sofá e me pôs sentada, ele permaneceu de pé na minha frente e começou a falar: 
 -Você está bem? -ele estava sério, os cabelos loiros estavam molhados e ele estava muito cheiroso. 
 -Estou -respondi simplista e olhei para alguns livros sobre a mesa, não queria olhá-lo.
 -Safira, -ele se aproximou mais de mim, ajoelhou em minha frente e pegou em minhas mãos, o olhei.- me desculpe por isso -ele apontou para meu braço.- Eu não queria… é que -ele gesticulava bastante.- eu fiquei com raiva, fiquei triste por você não ter me contado... por não ter me contado esse segredo.
 -E você acha que seria diferente se eu tivesse te contado? -lhe perguntei, eu estava querendo chorar.
 -Não -ele falou de cabeça baixa.
 -Então, eu não queria te perder e eu sabia que não podia esconder que eu era prima dos meninos por muito tempo então, quando fui te contar, Pat chegou e me chamou de prima… -eu ri.- O mais engraçado é que -ele olhou para mim, de fato ele estava quase chorando.- eu te perdi de qualquer jeito.
 O olhar de Asti, naquele momento, era como se falasse: por que você está fazendo isso comigo, Safira? Ele e eu estávamos presos ali, não dizíamos nada, apenas um olhando para o outro e, não vou mentir, queria muito abraçá-lo e dizer o quanto o amo, embora ele tivesse dito aquelas coisas horríveis e ter me machucado, eu não me importava, eu o amo. Mas não podia deixar transparecer, o orgulho gritava alto dentro de mim. Por fim, ele quebrou o silêncio: 
 -Safira, por mais que eu te ame -como?- nós não podemos ficar juntos -o olhei em dúvida, primeiro ele fala que me ama, depois que me odeia e agora, que me ama de novo? Eu estava realmente confusa.- Nossa paixão transborda e devasta tal como o Vesúvio em Pompéia… caso nosso amor exploda, vamos destruir quem está ao nosso redor, a gente pode acabar machucando alguém e nos machucando -continuei o olhando sem falar nada.- Nossas famílias são inimigas, você é Grega e eu sou um Troiano, isso não dá certo.
 -Eu não estou te entendendo, Astíanax -me levantei, ele fez o mesmo.- Mas você não me ama, se lembra? Você disse isso -cruzei os braços, ele riu e beijou minha testa.
 -Tá bom, -ele se afastou e estendeu a mão para mim.- amigos então? 
 -Amigos… -lhe sorri e apertei a mão dele.
 -E seu braço, melhorou? -Ele pareceu sincero.- Me desculpe Safira, não queria ter te apertado tanto, é que eu perdi a cabeça depois daquele tapa… -ele colocou, de leve, as mãos sobre meus ombros, fazendo pequenas carícias.
 -Me desculpe pelo tapa -acariciei o rosto dele porém, me lembrei que não podíamos mais ter esse tipo de tratamento um com o outro e parei rapidamente com o carinho.- Está doendo?
 -Não, estou melhor, obrigada e -ele foi em direção a porta.- me desculpe novamente… 
 -Tudo bem -lhe sorri e ele me retribuiu.
  A noite seguiu com bastante conversas com Leia e, nesse tempo, os meninos estavam na guerra. Toda vez que eu me lembrava disso, eu estremecia, as pessoas em que eu mais confiava em toda Tróia e meu primo estavam lutando nessa batalha, eu tinha medo de eles não voltarem, tinha medo de que algo ruim acontecesse. Tentei me distrair e, na hora de dormir, não consegui encostar a cabeça no travesseiro, fiquei na janela esperando pela hora que eles chegassem. Quase sem querer, adormeci.

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