12° capítulo.

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Após o πρωινό (proinó/ café da manhã), eu corri para o meu quarto para me arrumar, quer dizer, coloquei o shorts que cheguei por baixo do vestido, depois fui até o σταθερό (statheró/ estábulo) para esperar Asti que chegou bem rápido. 
 -Oi Safira! -Ele chegou depois de um tempo e me cumprimentou com um beijo no rosto, eu retribui.- Você tem algum cavalo aqui? -Me perguntou ele antes de selar o seu cavalo. 
 -Não, -o olhei nos olhos o tempo todo.- por que me pergunta isso? 
 -Você vai ver… -ele era misterioso e esse mistério aumentou quando ele foi até a cocheira e pegou um cavalo, era um novo, nunca havia o visto antes. Ele puxou o cavalo pelas rédeas e parou na minha frente.- Bem, essa é Lipaleza, seu novo cavalo -ele me piscou, levei as mãos á boca, em seguida dei um gritinho de felicidade seguido por pulinhos histéricos, ele observou a cena e riu.
 -Obrigada Asti, -peguei as rédeas do cavalo e fiz carinho nela.- eu amei, sério -então andei até ele e lhe dei um forte abraço.
 Quando abracei ele, senti uma coisa diferente, não era a mesma coisa de antes: aquela sensação de dois amigos. Agora, era diferente… sei lá. Me afastei um pouco dele, só que ele manteve as mãos em minha cintura e chegou bem perto de mim. Senti a sua respiração quente, os seus olhos azuis refletindo os meus e ficamos assim até que eu me lembrei: não posso fazer isso com ele, conosco… Me afastei, soltando-me das mãos dele e voltei a fazer carinho em Lipaleza, ele deu um suspiro de "decepção" mas não me falou nada.
Ele selou o Trovão, -seu cavalo- me ensinou como fazia, selou Lipaleza, montamos e saímos cavalgando.
 Fomos até os portões de Tróia, que ainda estavam fechados (por conta de Agamenon e, com certeza, de Menelau). Ele desceu do Trovão, eu permaneci imóvel, e chamou um soldado que estava em uma das torres da grande muralha. 
 -Abra os portões -ordenou ele firme e com um olhar sério. 
 -Mas, meu príncipe, eles não podem ser abertos… Agamenon ainda está lá fora -o soldado (que era a cara do Chris Pine) ficou espantado com tal ordem e tentou convencer Asti do contrário, só que ele estava decidido. 
 -Por favor, abra os portões. Eu tomarei cuidado… -o soldado pareceu se levar pela voz e pelo olhar doce de Asti e revirou os olhos.
 -Ai, Astíanax… você vai me meter em problemas -o soldado fez cara de bravo, se deu por vencido e fez sinal para abrirem os portões.
 Asti o cumprimentou com um "toca aí", voltou a montar no Trovão e nós saímos. Eu fui atrás dele, o seguindo e, por um segundo, quando passei dos portões e eles se fecharam, fiquei um pouco apavorada, não comentei nada com Asti e disfarcei.
 Nós nos afastamos de Tróia e nos aproximamos de uma floresta, a entrada dela me dava calafrios, era escura e tinha umas árvores secas, passamos por elas e seguimos por um caminho aberto por entre a mata. 
 -Onde estamos indo? -Perguntei.
Não se ouvia nada, nenhum barulho, só o dos pássaros e do trotar dos cavalos.
 -Você não se lembra? -Ele parou  fazendo com que eu parasse também, e me olhou espantado.
 -Não, não me lembro -falei normalmente e ele me olhou mais espantado ainda.
 -Que ultraje Safira! -Ele falou em tom mais alto e fez um draminha, ri.- Mas você vai se lembrar… -ele voltou a cavalgar, dessa vez um pouco mais rápido.
 Alguns minutos depois, chegamos á um campo aberto no meio da floresta, ele era cheio de flores de várias cores, havia até um laguinho no meio. Então, de repente: que nostalgia! Eu me lembrava daquele campo. Me lembrava de um piquenique, pouco antes de os gregos chegaram da primeira vez, pouco antes da guerra. 
 Descemos dos cavalos, amarrei a Lipaleza ao lado de Trovão em uma árvore e seguimos andando. Asti fica tão lindo à luz daquele sol da manhã… ahhh! -Pensei.
 -Safira, -ele me tirou daquele mundinho meu.- venha comigo -e me deu as mãos. 
 A gente foi até o meio do campo, na beira do lago, ele se posicionou atrás de mim, olhando por cima do meu ombro, como se quisesse ver se a "mira" estava certa. 
 -Olha ali… -ele apontou para o meio do lago e visualizamos duas moedas.- Se lembra daquilo? -Fiz que não com a cabeça.- A gente jogou duas moedas neste lago há dez anos atrás e juramos ser amigos para sempre e nunca, JAMAIS, ter segredos ou mentir, independente do que acontecesse -me lembrei desse juramento e me bateu uma tristeza, "nunca ter segredos ou mentir", eu estava fazendo exatamente ao contrário, estava traindo a confiança de meu amigo.
 -Asti, -não acredito.- tenho que te contar uma coisa…
 -Shiii -ele me interrompeu me virando de frente para ele.- Não fale muito agora…
 Ele me puxou com cuidado pela cintura, fiquei sem ação, (ou, eu não queria reagir) ele se aproximou de mim, fechamos os olhos, nossos narizes se tocaram e, antes de nossos lábios se conhecerem eu intervi:
 -Asti, -sussurrei, ele se distanciou um pouco e abriu os olhos.- me desculpe mas não posso -encostei a cabeça no peito dele.- Tenho que te contar uma coisa,  isso está pesando em minha consciência e, nenhum passo entre nós pode ser dado até resolvermos isso -lhe olhei.
 -O que você tem de tão importante assim para me dizer? -Ele se mostrou preocupado e colocou uma das mãos em meu rosto.
 -É que… -derepente, cortando minha fala, uma flecha passou veloz ao nosso lado postando, somente, quando atingiu a grama.
 Eram alguns dos soldados de Agamenon, eles nos viram saindo de Tróia e, penso eu, que queriam alguma "diversão". Asti sacou sua espada e fez sinal para eu correr na direção onde os cavalos estavam, fiz isso e ele foi logo atrás de mim, então outra flecha passou de raspão ao nosso lado.
 -Nos deixem em paz! -Ele gritou sem saber para onde ou com quem estava falando e se virou para mim.- Vai na frente Safira, corra o mais rápido possível. 
 -Mas e você? -Perguntei preocupada, ele me olhou com amor nos olhos e eu derreti.
 -Eu ficarei bem, pode ir -ele me deu um abraço forte, em seguida eu montei no cavalo, ele fez o mesmo e fez sinal para eu correr. 
 Saí cavalgando o mais rápido que pude e notei que Asti estava logo atrás. Quando estava no meio da floresta, olhei novamente e não o vi, continuei mesmo assim então ouvi um cavalo correndo atrás de mim. Continuei sem olhar para trás, só corri mais rápido ainda.
Avistei Tróia e, quando estava perto dos portões, o soldado amigo de Asti, fez sinal para que o abrissem. Eu entrei veloz como um raio, o cavalo parou e, depois que me certifiquei que estava segura, desci e olhei para trás. 
 -Asti! -Ele parado atrás de mim e respirava fundo.
 -Mandou bem guerreira, -o portão se fechou.- você está bem? -Ele me perguntou descendo do cavalo, fiz o mesmo e nada disse, apenas fui e o abracei, notei que estava tremendo. 
 -Meu príncipe, vocês estão bem? -O guarda chega, enfim.
 -Sim, estamos sim -ainda estava abraçada com Asti, eu estava totalmente apavorada.- Certifique-se de que está tudo bem. 
 -Pode deixar -o guarda fez uma reverência e subiu novamente para as muralhas.

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