61° Capítulo.

47 3 0
                                    

Depois que a entrevista terminou, os atores foram curtir a festa enquanto mamãe e eu guardávamos as câmeras na mesma salinha de antes. 
 -Safira, -mamãe me chamou.- deixe que eu termino aqui e vá um pouco para a festa.
 -Eu te espero, mãe -falei me sentando numa cadeira.
 -Não, não, pode ir na frente, ainda vou falar com um pessoal -ela me olhou e deu um sorriso. Me levantei e, antes de passar da porta, ela tornou a me chamar:- Ah é, tome… -ela me jogou uma chave.- Aqui na frente tema sala de figurinos, escolha um discreto, se troque e pode ir.
 -Sério? -peguei a chave e, quando ela afirmou com a cabeça, dei alguns pulinhos.- Obrigada! -lhe falei e corri para a tal sala de figurinos. 
 Quando destranquei a porta e entrei, olhei para ver o final da sala mas ela era enorme, haviam estantes que formavam longos corredores e várias araras cheias das mais diversas roupas. Comecei então minha procura, passei por vários figurinos que foram usados em novelas que eu já havia assistido, mas uma coisa me chamou a atenção, passei por uma arara que havia uma placa com o nome “Novo” e comecei a olhar aquelas roupas. Eu não sabia se podia, mas estava curiosa, foi aí que vi um vestido mais reservado, ele estava coberto por um pano, fui até ele e havia uma etiqueta pendurada no cabide que dizia: “Encare como o presente de um amigo, Safira. Ass.: Alguém que te levou para as estrelas.” Olhei ao redor mas não vi ninguém, aquilo só podia ser da mesma pessoa que me deu o outro vestido, ri com aquela situação e descobri o vestido. 
 -Caraca! -falei ao vê-lo.
 Era, sem dúvidas, o vestido mais lindo: tinha a cor azul safira, era de uma manga e, quando chegava na cintura, abria-se uma longa saia com um tecido transparente brilhante por cima. Junto á ele, havia um xale transparente da mesma cor do vestido, sapatos de cor prata reluzentes, uma tiara e joias, também prata com pedras de safira. 
 Havia um trocador próximo, corri me trocar e, depois de dar mais uma checada no espelho, fui para onde estava ocorrendo a festa. 
 Eu passei pela porta e, automaticamente, várias pessoas viraram a cabeça para mim, dei uma leve corada, mas continuei andando sem rumo pelo salão. Eu conhecia vários artistas nacionais ali presentes, mas não tinha coragem de falar com nenhum muito menos falar com os “gringos”. 
 Me aproximei do barzinho e pedi ao garçom um suco de melância, passei a observar a preparação do meu suco quando:
 -Você está muito bonita… -alguém com sotaque falou parando ao meu lado. 
 Me virei rapidamente e vi Levi Miller com um belo sorriso se debruçando sobre o balcão, me surpreendi ao ouvi-lo falando português. 
 -Obrigada… Mas, você fala português? -me sentei sobre um banco, ele fez o mesmo.
 -Sim, faço curso de português e espanhol -ele fez sinal para um outro garçom.- A gente nem teve oportunidade de conversar direito, tirando a entrevista… Como é seu nome mesmo? -meu suco chegou, o peguei e Levi pediu o dele. 
 -Me chamo Safira -lhe dei um sorriso e bebi um gole do meu suco.
 -Belo nome, assim como a moça que o carrega -ele piscou e eu dei um risinho de canto de boca. 
 Ahhhh aquele sotaque…
 No mesmo instante, a música “When I Was Your Man”, de Bruno Mars, começou a tocar. Levi virou o suco com rapidez e se levantou, em seguida, estendeu a mão para mim e falou:
 -Me daria a honra dessa dança, little princes? 
 -Claro… -bebi o último gole do suco, coloquei o copo no balcão e, segurando na mão de Levi, fomos para o meio do salão. 
 Ele me puxou pela cintura para mais próxima dele, me olhou nos olhos e começamos a dançar. Naquele momento me lembrei de Asti, no dia em que eu havia chegado em Tróia, de nossa primeira dança. Depois, mais duplinhas se juntaram a nós e começaram a dançar também. 
 -Sabe… -ele começou a falar.- Parece que eu já te conheço -ele piscou duas vezes e me sorriu.- Estranho, não é?
 -Também senti isso -é… com certeza
 Ele apenas sorriu e nós continuamos a dançar. Depois de um tempo, fomos nos aproximando mais, ele acariciou meus cabelos e eu acabei por encostar minha cabeça em seu ombro -estava pensando que era Asti. 
 Quando a música acabou, todos batemos palmas e rimos, por fim, Asti me chamou para sentar com ele e o pessoal (ahhh!). Eu aceitei, lógico. 
 Sentamos nos sofás onde todos estavam em uma espécie de reunião, quando me viram, sorriram. Eles falavam o tempo todo em inglês, eu entendia muita coisa mas, pelo fato de eles falarem bem rápido, às vezes me perdia, eu nem sabia quem ali falava português. Decidi ficar quieta, só falar se alguém falar comigo, para eu não dar uma de intrometida. 
 -Safira, não é? -Rose me perguntou, ela fala português… pensei.
 -Sim, sou eu -lhe sorri. 
 Ela estava sentada ao lado de Diane, logo a minha frente, e exibia um lindo sorriso. A roupa dela era muito chique -não deve ter sido barata. 
 Rose começou a falar sobre a entrevista, tudo com um sotaque inglês e que, de vez enquanto, se confundia com o português. Logo mais Diane e Saffron se juntaram a conversa, tornando mais um papo de garotas do que um assunto de negócios.
 Estava tão distraída com o papo, eu me soltei tanto, que mal reparei quando Levi pegou em minha mão (PS.: Ele estava em outra conversa com os garotos). 
 Depois de um tempinho, Levi se levantou, me puxou pela mão, pediu licença e ele me levou até o jardim da emissora. Como ele sabia que era ali? 
 -Eu precisava respirar um pouco, espero que você não se importe -nós nos sentamos em um banco. 
 -Imagina… -respondi e olhei para o pequeno chafariz que havia no local. 
 A noite estava mesmo muito bonita, as estrelas iluminavam o céu com seu brilho e a lua prateada deixava tudo mais romântico. 
 -Você vai me achar um louco, -Levi me interrompeu de meus pensamentos. Olhei para ele.- mas eu estou caidinho por você, sabia? -ele passou a mão por meu ombro. 
 -Suspeitei mas, -o encarei.- como você diz isso com tanta certeza, nem me conhece direito -dei de ombros.
 -É isso que eu não entendo… -ele levantou e começou a andar de um lado para o outro.- eu tenho sentimentos muito fortes por você, é como se a gente fosse, em uma vida passada, conhecidos, amigos, namorados… não sei, é difícil de explicar -ele parou bem na minha frente. 
 -Eu te entendo, e acho que posso até dizer o que é -me levantei também.
 -Então diga -ele pegou em minhas mão e senti o seu calor passar para mim. 
 -Por enquanto, ainda não -ele fez uma carinha triste, da qual, eu ri.- Quanto tempo vai passar no Brasil? -lhe perguntei e começamos a andar pelo belo jardim.
 -Acho que um mês, mais ou menos -ele me parou e pôs a mão em meu queixo.- Acha que, até lá, você vai poder me contar? 
 Segurei sua mão, a tirando de meu queixo, e olhei em seus olhos. 
 -Acho que sim… 
 Voltamos a caminhar e em um dos momentos em silêncio, ele me parou rápido e notou minha cicatriz.
 -O quê é isso? -me perguntou.
 Olhei para frente e voltamos a caminhar, vimos uma espécie de riozinho e nos aproximamos, olhando no fundo, vi duas moedas de ouro que brilharam, as mesmas moedas de Tróia. Me lembrei da pergunta de Levi e o respondi:
 -Então, essa é uma longa história…

𝔼𝕞 𝕞𝕖𝕦 𝕞𝕦𝕟𝕕𝕠...Onde histórias criam vida. Descubra agora