47° Capítulo.

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Eu sei que o machismo existe desde a antiguidade mas acho que nós, mulheres, devemos fazer algo para mudar isso na nossa sociedade. 
 -Não -respondi ainda brava.- Eu sei que -me virei para o exército bem séria, como se eu fosse fazer um discurso.- aqui vocês vêem as mulheres como se fossem florzinhas frágeis mas, -coloquei as mãos na cintura.- vocês sabiam que havia uma mulher que era capaz de derrotar todos sem muito esforço? Uma mulher inteligente e forte? Que esbanjava habilidade em diversas artes e em diversas armas? -todos apenas me olhavam.- É, só que, infelizmente ela se foi, perdemos uma guerreira amazona, uma amiga, uma namorada -olhei para Pat que baixou a cabeça.- E não temos só ela, Briseis, Andrômaca, Helena, Penélope… elas também são grandes símbolos de força, ou vocês acham que esses garotões aqui não tem alguém para mandar neles? -apontei para os meninos, todos riram.- Então eu acho que vocês não deveriam menosprezar quem mais vocês precisam, quem mais vocês amam -lhes sorri.- Pensem nisso, tá? -Olhei para os meninos, apontei para eles e voltei o meu olhar para os soldados.- Tentem convencer eles disso também… -os soldados riram e eu me retirei. 
 Não vou mentir, me fiz de corajosa e de adulta, como se eu tivesse muita moral ali né (risos). Saí de lá com a cabeça erguida e fui para o estábulo. 
 Chegando lá, comecei a pentear a crina de Lipaleza e a murmurar a música "Another one Bites the Dust", do Queen. Ouvi passos apressados vindo até mim, me virei e vi Briseis, Andrômaca e Lena correndo em minha direção. Elas chegaram e se sentaram no feno para recuperaram o fôlego.
 -O quê aconteceu? -em minha cabeça eu pensava que havia tido algum desentendimento entre os gregos e os troianos, para variar. 
 -Nós ficamos sabendo que… -Lena respirou fundo mais uma vez e prosseguiu.- que você deu o maior sermão nos meninos na frente dos mirmidões. 
 -Ahhh -cruzei os braços e me encostei na Lipaleza.- que coisa linda né, as três mocinhas fazendo fofoca… -balancei a cabeça em negação e ri. 
 -Não é fofoca, é só que nós somos muito bem informadas, só -Briseis deu de ombros e riu.
 -Quem nos contou foi Asti -Andrômaca como sempre plena.- Ele está com a consciência pesada pelo o quê fez -ela revirou os olhos. 
 Ele está de consciência pesada? Asti faz muitas coisas sem pensar, inclusive esse tal noivado que, eu tenho certeza, a mãe dele não sabe ainda. 
 -Bri… -Lena chamou Briseis, nunca ouvi esse apelido.- Se eu fosse você, eu ia lá e faria a mesma coisa que Safira, dava uma lição de moral no seu namorado -ela balançou a cabeça firme.
 -Eu não, já discutimos demais -Bri (risos) olhou para um lado e depois para o outro.- Mas, cá entre nós, ele sabe que quem manda nele sou eu… -ela piscou e todas nós rimos.
 Depois disso, fomos ao μεσημεριανό (mesimerianó/almoço) e, dessa vez, Aquiles levou Lemo junto. Ulisses já o conhecia, o que me surpreendeu, e, pelo o quê eu tinha entendido, eles haviam brigado a muito tempo. 
 Quando terminamos o μεσημεριανό (mesimerianó/almoço) Aquiles levou a namorada/esposa e o filho para conversarem no jardim e Pat subiu para seu quarto. Os demais, incluindo eu, ficamos na sala conversando.
 Páris e Ulisses nos contaram que o soldado grego, o que invadiu Tróia na noite em que mataram Leia, foi capturado e preso, eles estavam o obrigando a falar o motivo disso e, naquela manhã, o homem confirmou que o objetivo era me atingir, estremeci. 
 A sala estava, praticamente, dividida entre homens e mulheres: Andrômaca, Lena e eu estávamos sentadas uma do lado da outra em um único sofá do lado direito; Heitor, Páris e Ulisses nos sofás do lado esquerdo; e Asti no sofá do meio. 
 -Ah pronto, -Asti exclamou depois de uns minutos em silêncio, todos estavam meio emburrados.- agora começou a guerra dos sexos.
 -Por quê será, não é Astíanax?! -falei me fingindo de brava. 
 -Mas eu não quis dizer aquilo, Safira -ele começou a querer fazer birra. 
 Heitor se inclinou mais para frente e começou: 
 -Meninas, a Safira tem razão de ter dito tudo aquilo. Vocês são nossa fortaleza, são nossas vidas, são as razões que fazem a gente querer voltar para casa depois de uma guerra, são as razões para nos fazer não querer ir para essa guerra, são quem sempre vão estar aqui nos apoiando -ele falava docemente.- Nós queremos protegê-las. Entendem? -lindas palavras que realmente me comoveram.
 Olhei para as meninas, Andrômaca rapidamente levantou e foi abraçar e beijar o marido e Lena não fez diferente, só que foi BEM menos discreta. Eu permaneci no meu lugar, olhei para Asti e ele me mostrou a língua, fiz o mesmo e depois rimos.
 Ulisses chegou e sentou perto de mim enquanto os pombinhos tomaram conta do sofá em que ele estava, Asti também foi e sentou do meu outro lado.
 -Agora é a hora que nós... opa! -Ulisses se corrigiu.- que EU fico de vela -o olhei séria e ri ironicamente. 
 -Engraçadinho… -Asti falou do outro lado.

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