33° capítulo.

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Deixei escapar, eu não queria ter falado, mas eu não podia segurar mais isso comigo, eu não estava aguentando. A feição de Andrômaca e Heitor mudou, ela pareceu confusa:
 -Como assim "Asti"? O meu Asti? -Heitor baixou a cabeça, parecia estar pensando em algo, quando ele voltou a nos encarar, vi raiva em seus olhos.
 -Sim querida, nosso Asti… -ele olhou em volta.- onde ele está? -Heitor saiu andando bravo, o segui.
 -Não Heitor, não brigue com ele -tentei impedi-lo segurando seu braço, todos pararam de conversar e olharam o que estava acontecendo.- Eu tenho minha parcela de culpa nisso.
 -O quê Safira? -ele parou e olhou para mim.- Não acredito que você tenha alguma culpa nisso, ele que é muito irracional -ele voltou a andar e eu o seguindo. 
 Saímos da sala de música e Andrômaca veio atrás também o procurando, virei para trás e vi que o pessoal também nos seguiam, corri até Briseis: 
 -Eles já sabem, e agora? -Ela estava ao lado de Páris.
 -E agora que… que -ela pareceu preocupada.- vamos esperar para ver. 
 -Safira, -Páris falou, ele encostou no meu ombro.- quer que eu conte aos seus primos? -Ele me olhava nos olhos.
 -Não! -Falei assustada.- Por enquanto não, por favor -ele concordou com a cabeça e eu, deixando eles na sala de estar, fui correndo atrás de Heitor e Andrômaca. 
 Os encontrei indo para o jardim e vi, meio de longe, Asti sentado no meio das flores com um olhar triste. Andrômaca e Heitor andavam até ele furiosos, tentei correr para alcançá-los e consegui. Quando os pais dele chegaram perto dele, ele se levantou, cheguei e fiquei atrás de Andrômaca, Heitor estava muito bravo:
 -Por que você fez isso com a Safira, em Astíanax? -Ele praticamente gritou nessas duas últimas palavras, Asti se assustou, e cruzou os braços.
 -O quê, exatamente, eu fiz, em pai?
 -Por quê apertou os braços dela? -Heitor gesticulava bastante, mais um sinal de que estava com raiva.- Eu já não te falei que em uma mulher não se deve bater? Onde está sua honra? 
 -Mas você também me ensinou a retribuir… -ele o enfrentou.- Então, estou retribuindo o que ela fez -todos olharam para mim.
 -O quê? -Fui me defender.- Agora a culpa é minha? -O encarei e ele me encarou de volta. 
 -É, sempre foi -ele chegou mais perto de mim com os punho cerrados.- você é uma οχιά (ochiá/ víbora)! 
 -Eu? Você viu o que me disse? -Alterei o tom de voz, que IDIOTA.
 -Eu só te disse a verdade! -Ele também alterou o tom de voz e chegou mais perto.
 -O que ele te disse, Safira? -Andrômaca chegou perto de nós, desviei os olhos de Asti e olhei para eles, quase esqueci que estavam ali. 
 -Nada que precise ser lembrado -eu não acredito que estava tendo essa conversa.
 -Ah mãe, é que a gente se beijou -ELE FALOU!- e ela acredita que o beijo significou algo para mim -Heitor arregalou os olhos e Andrômaca, por outro lado, riu.- Por que está rindo minha mãe?
 -Ah,eu já suspeitava… -ela continuou rindo.
 -O quê? -Falamos os três em coro.
 -Eu já suspeitava -como?- desde o dia do baile quando vocês chegaram…
 -Não entendi querida -Heitor estava mais perdido que nós.
 -É que, quando eles se olhavam, eu via amor nos olhos de cada um e cheguei a conclusão de que algum sentimento existia ali, -ela olhou para Asti.- das DUAS -enfatizou bem essa palavra.- partes. 
 -Não Andrômaca, -me virei para ela.- ele já falou que nunca quis nada sério -eu não olhava para Asti.- Segundo ele próprio: ele só quis dar uns beijinhos -quem riu, dessa vez, foi Heitor. 
 -Ah filho, por favor… -ele riu, Asti deixou bem claro em sua face que não estava entendendo nada.- Você é louco por ela. 
 -O quê -Asti deu um passo para trás e franziu a testa.- Como você pode dizer isso? Não sabe o que se passa dentro de meu coração -Heitor riu novamente e, dessa vez, Andrômaca também. 
 -Quando você gosta de alguma coisa, se distancia dela -Andrômaca falou.- Você não quer se apegar, é uma característica típica de você, meu filho -ele olhou para baixo e vi seu rosto corando.
 -Agora, -Heitor se recompôs.- peça desculpas a ela -Asti não falou nada, continuou de cabeça baixa. 
 -Astíanax! Vamos… -Heitor insistiu.- peça desculpas.
 -Não -ele sussurrou e Heitor bufou.
 -Não o culpo -falei antes que alguém pudesse dizer algo.- Eu deu um tapa nele -os dois me olharam espantados, respirei fundo.- Então, imagino que quem deve desculpas aqui, sou eu. E não só a você, Asti -ele olhou para mim.- mas para vocês dois também, então… me desculpem -sorri e virei para sair, quando dei um passo para frente, alguém segurou em minha mão, me virei e era Asti.
 -Me desculpe, Safira -ele falou, senti sinceridade nas palavras dele. Sorri, acenti com a cabeça e voltei a caminhar.

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