25° capítulo.

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Eu poderia detalhar os outros dois dias mas, como dizem, quando você está se divertindo, o que importa é o momento. Em resumo, as meninas e eu fizemos o almoço e a janta, ensinei elas a fazerem bolo vulcão de chocolate (uhuuum) e, o mais difícil, coxinha. As tardes nós íamos para a sala de música -que era enorme e cheia de instrumentos de todos os tipos- e Pat me ensinava a tocar harpa e eu ensinava a ele a  tocar violão, até Ulisses aprendeu. O único que parecia não estar se divertindo muito era Aquiles, ele ria de algumas vezes, falava com Pat e com Briseis, mas geralmente ficava quieto. Antes do δείπνο (deípno/ jantar), nós treinavámos um pouco e, um dia antes de os meninos retornarem, tivemos que dormir bem cedo para recebê-los. 

                                  ***

 Como eu disse, acordamos muito cedo, eram umas seis e meia quando uma das νοικοκυριά (noikokyriá/ empregadas) vinheram me acordar. Falando sério, levantar cedo nas férias é horrível mas tudo bem, estava feliz porque ia ver Asti. Corri para o banheiro e fui tomar meu banho, depois fui tentar desesperadamente fazer meu cabelo secar e comecei a reparar que eu havia mudado, além do cabelo loiro, que não era mais surpresa, eu estava um pouco mais alta e magra, mesmo comendo o mesmo tanto que antes, só podia ser os efeitos do livro. Ignorei, não queria pensar em nada que me deixasse triste naquela manhã, eu queria apenas pensar em um modo de contar a Asti sobre meu parentesco com os meninos. 
 Procurei um vestido em meu guarda-roupas que eu ainda não havia usado e, adivinha, eu achei um lindo, era amarelo, longo, formava a cintura, tinha mangas e uns babados na parte do busto, ele era estilo cauda de sereia. Eu iria usar a gladiadora que ganhei de Lena mas tive uma surpresa, ouvi alguém batendo na minha porta, quando a abri não havia ninguém, só uma caixa no chão com um bilhete: "Ελπίζω να το απολαύσετε, το έκανα ειδικά για εσάς! (Elpízo na to apoláfsete, to ékana eidiká gia esás!/ Espero que goste, mandei fazer especialmente para você!").
 Eu reconhecia a letra, era de Andrômaca, me certifiquei de que não havia alguém no corredor -não havia- então entrei, coloquei a caixa sobre minha cama e desfiz o embrulho, era uma gladiadora, ele era de couro claro e ia até acima do joelho, era mara. Depois que a calcei, tentei secar mais ainda o meu cabelo, quando ele já estava num tom castanho claro, amarrei a parte da frente e deixei a parte de trás solta, coloquei uma flor para enfeitar e desci para a sala. 
 Andrômaca soltou um ulalá ao me ver, eu ri. Ela estava toda produzida, estava de trança, com um vestido azul bem escuro, a parte do busto e o cinto eram feitos de ouro com um tecido um pouco mais claro, dando um lindo contraste, estava com um salto azul, um xale de tecido transparente com detalhes em ouro e, para finalizar, jóias de ouro. Lena estava bem discreta -o contrário do que realmente era- estava com o longo cabelo loiro solto, com um vestido vermelho claro com mangas mais escuras com detalhes em ouro, um salto também vermelho claro e muitas, muitas, jóias. Me sentei ao lado delas para esperar Briseis, Pat, Aquiles e Ulisses.
 Eles não demoraram muito, Ulisses desceu incrivelmente elegante, estava vestido com roupas da realeza. Depois foi Aquiles e  Briseis, Aquiles também vestia roupas da realeza e Briseis estava com vestido cauda de sereia roxo com um cinto dourado, estava com um salto, o cabelo preso em um coque com algumas pérolas e algumas jóias discretas. E por último, Pat desceu, nossa, ele estava muito bonito (só com o charme que Garrett Hedlund tem) ele também estava vestido com roupas da realeza que combinava com a de Aquiles.
 Nos levantamos, quando eles estavam no pé da escada, e nos cumprimentamos.
 -Nossa Safira, -Pat parou em minha frente e me mediu dos pés a cabeça.- como você está bonita -ele me girou pelo braço, senti meu rosto corar.
 -Obrigada… -foi só o que eu consegui dizer. 
 -Safira! -Briseis pareceu maravilhada ao ver minha gladiadora.- Que lindas gladiadoras! 
 -Viu só, ganhei de Andrômaca -abracei Andrômaca rapidamente e cochichei um obrigada a ela que me sorriu. 
 -Gente, eu vou ficar um pouco na recepção para quando eles estiverem chegando eu avisar, com licença -Lena se retirou animada, ela estava louca para ver Páris.
 Nos sentamos novamente, Aquiles estava sério, ele não falava muito, como sempre, e às vezes sorria para algo que falávamos. Pat era o contrário, ele interagia com a gente, ria e brincava, acho que esse tempo que passei com ele me fez ter uma nova visão da pessoa que realmente ele era. De repente, Ulisses pareceu observar o mesmo que eu:
 -O que foi amigo? -Perguntou ele á Aquiles.
 -Nada cara… não foi nada -ele abaixou a cabeça e Briseis nos olhou.
 -É que, no dia de hoje, á alguns anos atrás, o pai dele faleceu -senti um aperto no peito e uma tristeza tomou conta do ambiente. Pat dá tapinhas no ombro dele.
 -Sinto muito… -falei o olhando, e ele me olhou de volta com um sorriso de agradecimento nos olhos.
 -Obrigada, Safira -Safira, ele não havia me chamado de prima como fazia antes.
A energia triste se esvaiu da sala quando Lena chegou aos pulos e anunciando aos ventos que eles haviam chegado. Nós corremos para a escadaria e nos posicionamos elegantemente para esperá-los: Andrômaca á frente, Lena do lado esquerdo, Ulisses um pouco atrás, Briseis e Aquiles do lado direito, Pat atrás deles e eu atrás de Andrômaca entre Pat e Ulisses.
 Eu sentia minha coragem sair correndo cada vez que Asti ia se aproximando, eu não iria conseguir contar a ele mas, ao mesmo tempo, eu sabia que TINHA que contar a verdade. Então eles chegaram.
 Heitor deu um beijo apaixonado em Andrômaca que retribuiu, em seguida foi abraçar o filho -que linda cena- e depois os três estavam abraçados. Páris correu, abraçou Lena, a ergueu no ar e a beijou. Depois eles foram falar com nós, Heitor e Asti abraçaram Lena e Briseis enquanto Páris falava com Andrômaca, depois eles cumprimentaram Ulisses, Aquiles e Pat, na verdade, só Heitor e Páris cumprimentaram meus primos, Asti apenas acenou com a cabeça e veio em minha direção. 
 -Que saudades -ele me abraçou, eu retribui, como era bom estar ali… nos braços dele. 
 -Eu também estava Asti -o abraço se encerrou mas continuamos de mãos dadas, depois percebemos que não estávamos a sós e disfarçamos rapidamente. 
 -Você está linda, o que aconteceu? Você cresceu? -Ele cruzou os braços e me olhou.- Não era pra isso acontecer. 
 -Ah, bobinho -ri, #RindoDeNervoso.- impressão sua Asti -ele estava tão bonito, como sempre, sua pele estava mais bronzeada e seus olhos azuis ganhavam mais destaque, seu cabelo continuava o mesmo, loirinho, sedoso e cheiroso. 
 -Vamos entrar! Quero ver como está minha casa… -Páris anunciou abraçado com Lena.
 Todos entramos e eu abraçada com Heitor e Páris. Nos sentamos nos sofás e Páris começou a falar da viagem, ele estava muito feliz, tinha feito um armistício com um dos reinos vizinhos. Comentamos o que havia acontecido lá em Tróia nesse tempo, menos sobre meus primos, Asti estava na sala, falamos da trégua dos gregos de uma semana e que, daqui a aproximadamente dois dias eles voltariam para a lá. 
 -Nossa! Realmente aconteceu muita coisa nesse tempo -Páris não desgrudava de Lena. 
 -É, e você não faz idéia… -Briseis me cutucou e fez sinal com a cabeça para Asti.
 Eu entendi de imediato, é agora ou nunca, eu tinha que contar a Asti. Me levantei e Briseis me acompanhou com os olhos, em seguida, balançou a cabeça em sinal de encorajamento. 
 -Asti, me acompanhe, por favor -falei.
 -Claro Safira -ele se levantou.
 Todos me olharam, já sabiam que eu iria contar a ele e por um instante a sala ficou em silêncio. Fomos para a biblioteca, eu tranquei a porta e nós nos sentamos no sofá. 
 -O que foi, Safira? Aconteceu alguma coisa? -Ele notou minha expressão de angústia e segurou minhas mãos. 
 -Asti, e...eu tenho que te contar uma coisa, e eu tenho certeza que isso irá mudar nosso relacionamento de amizade ou… -ele se aproximou de mim e me abraçou.
 -Você sabe que isso não é só amizade -ele cochichou em meu ouvido e depois olhou para mim.- Eu te amo, -meus olhos ameaçaram lacrimejar.- sinto muito por não ter dito isso antes. Acho que esse tempo longe, me fez pensar mais em nós.

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