42° capítulo

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Henrique.

Duas horas depois que minha mãe chegou aqui ela foi embora. Pedro super estranho e nem um sinal da Maria.

Tirei a mesa e deixei o bolo pra ela em cima do balcão da cozinha. Já eram 18h.

Subi lá pra cima e procurei primeiro no quarto de menina mas não achei ela, provavelmente no nosso e estava, a porta estava trancada.

- Maria! Mor? - ela não responde. Pode ter dormido. - amor? - bato na porta sem fazer muito barulho e logo escuto passos. Ela abre, o rostinho vermelho e tanto... Chorar? - oque foi? - ela me puxou pra dentro do quarto e trancou a porta me abraçando fortemente.

Naquele momento tudo que eu pensava era na cara do Pedro.

- me conta, foi o Pedro não foi? - ela caiu em lágrimas, chorando como um bebê e eu levei ela até a cama, me deitando com ela e abraçando o seu corpo contra o meu.

Em momento assim devemos primeiro abraçar e deixar chorar, depois fazer perguntas mas eu queria muito saber qual foi a graça que aquele moleque fez dessa vez.

- eu tô aqui, tô aqui. - eu deveria ter ficado perto, ou melhor, nem ter deixado ela ficar perto dele.

Puxo o vestido da Maria pra cima, não pra ver sua bunda ou toca-la mas pra ver se não tinha algum machucado, não tinha. Baixo o vestido arrumando e tento olhar o seu rostinho mas ela não deixa.

- olha pra mim, me conta. - ela não parava de chorar. Tremia e eu tava ficando nervoso.

Sinceramente a primeira coisa que eu pensava era um estupro, aquele pensamento dava ideia a outros, tipo: matar o meu irmão caso ele tenha feito isso. Não estava nem aí se era sangue do meu sangue, coisas assim não tem perdão, ainda mais quando se aproveitam e Maria é só uma menina inocente.

- tem que me contar pra eu poder te proteger. - digo com calma mesmo estando a ponto de sair no soco com aquele moleque, mas passar tranquilidade e amor ajuda. - o daddy não vai sair do teu lado. - o seu choro amenizou, mas ela não me soltou.

- ele abusou de mim...- voltou a chorar desesperadamente.

Agora sim eu tinha raiva.

- amor. - tiro ela a força do meu abraço mas não pra machucar e sim pra fazê-la me ouvir. Ela me encara, parando de chorar. - senta. - me senti ajudando ela. - calma e me conta. - digo com paciência e ela faz perna de índio cobrindo as pernas com o vestido com o rosto de medo. - conta pra mim. - fiz carinho na sua mão.

- ele me deu o óculos de realidade virtual... - começou a chorar mas tentou se conter e as lágrimas eram tantas. - ele colocou em mim... Aí tinha um joguinho de montanha russa e eu tava tão focada no jogo que não... Não conseguia sentir e nem ouvir nada. - chorou baixinho mas tentava não chorar. - ele tocou aqui. - colocou a mão na sua cintura. - depois aqui. - na coxa. - e quando eu percebi ele tava com a mão aqui.... - tocou no seio e voltou a chorar.

Eu queria ser aquele homem bonzinho que eu sou pra ela todos os dias mas naquele momento queria socar a cara do meu irmão. Se é que posso chamar aquilo de irmão, se fosse não seria daquele jeito.

- daddy... Você não pode fazer essa cara. - disse soluçando.

- desculpa, o daddy não tá bravo com você e sim com ele. E depois ele fez oque? - ela voltou a chorar.

- disse que... Que gostava de mim... Que queria ser mais que amigo... E, e... Colocou a mão na minha ppk por que eu disse que ia falar pra você. - ela desabou em choros.

Não tinha como faze-la parar.

E pela primeira vez na vida eu deixei ela ali na cama chorando e desci pra pegar o meu celular. Liguei pra minha mãe, falei tudo pra ela que ficou do meu lado e na mesma chamada xingou o Pedro e bateu nele. Ouvi ele chorar e pedir desculpa. E só acreditei por que conheço minha mãe quando tá brava. Ela disse que não deixaria ele sair de casa e até eu ir embora ele não veria a Maria de jeito nenhum.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Onde histórias criam vida. Descubra agora