173° capítulo

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Maria Clara.

Essa era a última vez.

Última vez que me via dentro de um quarto de hospital.

Estou cansada do mesmo cenário toda vez, de estar aqui e sempre com um tubo ou corte em mim.

- consegue acompanhar a luz? - perguntou a médica ligando uma lanterninha, parecia uma caneta. Ela colocou aquilo de um lado pro outro e eu acompanhei com os olhos. Ela desligou. - não se preocupe, está bem e em segurança. - tocou meu braço e eu tentei sorrir mas não conseguia, tinha um tubo na minha boca e quando eu tentava engolir, sentia ele na minha garganta também.

Ela foi andando.

Espera... Chama o daddy... Por favor.

- não se preocupe com nada, descanse para se sentir melhor. - ela mexeu em algo a cima de mim e fez um barulho de "bip". Logo depois ela sorriu gentilmente e saiu do quarto.

Fechei os olhos devagar, sentindo algumas lágrimas caírem. Mas logo dormi de fato.

Henrique.

Fumei o último baseado que tinha comigo até descer do carro, já fazia umas boas horas que ninguém me dava notícias. Cida sabia que eu estava aqui.

Agora estava chapado de mais pra pensar em algo sério. Só queria levar Maria pra casa e deu.

Foi quando uma enfermeira veio até mim.

- senhor. - me tocou e eu me virei. Ela olhou fundo nos meus olhos percebendo algo de estranho. - é.. o senhor está bem? - concordei normal, querendo me agitar.

- tô. - digo paciente.

- é... Você pode ver a menor do quarto 216. - Maria.

- ela tá bem?.. ela..

- ela está bem, dormindo mas você pode ir até o quarto. - eu passei por ela na velocidade da luz e subi direto de elevador quando entrei no hospital.

Mais...

Maria estava ligada a tubos.

Seu rostinho estava rosado mas pálido ao mesmo tempo.

Abri a porta e entrei, observando ela e fazendo o máximo de silêncio... Era Maria, suas mãozinhas pequenas... Era Maria.

A toquei pela primeira vez em semanas.

Era uma das únicas sensações que não me lembrava como era... Era tudo que queria sentir.

Estava quentinha, seu coração pulsava.

Maria estava bem.

Minha Maria.

Já eu... Queria gritar, estava agitado. Não tinha noção do que se passava na minha cabeça.

- porra Henrique! - fui até o banheiro olhando pra Maria pra ver se ela não estava acordada, não. Quando entrei no banheiro me encarei no espelho até começar a lavar o rosto com a água gelada da torneira.

Me sentia um louco mas após o contato da água no meu rosto eu me senti bem melhor.

Preciso ficar sóbrio por ela, por que ela precisa de mim.

De volta ao quarto pude observar Maria com mais tempo e raciocínio.

Havia machucados por ela toda basicamente. Seu rostinho estava machucado...

Seu rostinho idêntico ao de Mariana.

Igualzinho, sem nada a mais e sem nada a menos.

Eram gêmeas idênticas.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Onde histórias criam vida. Descubra agora