106° capítulo

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Henrique.

- então vamos do começo. - disse o policial e o garoto se ajeitou na cama.

- meu nome é Luiz, eu tenho 16 anos e estávamos indo pra boate gay no centro da cidade.

- sim e...

- e vocês não pensaram em pegar um Uber? Vocês não tem juízo? O censo?

- mãe.. - digo tocando nela.

- senhora, precisamos saber oque aconteceu exatamente. - disse o policial.

O garoto loiro estava bem, apenas com a perna quebrada e alguns arranhões.

- prossiga. - disse o policial.

- bom.. quando as meninas, por que Carla sugeriu atravessar pro outro lado pra gente pegar a decida e ir pra boate, a Luiza e a Beatriz falaram: "vamos depois que algum carro gostar da nossa roupa". Por que se vocês não sabem qualquer motorista para pras meninas passarem. E dois deles pararam e atravessamos, só que o caminhão que estava vindo logo atrás não viu que os pararam e ele bateu nos carros. Eu estava indo pro último na fila e eu corri pra dentro do mato.

- o mato atrás de você, isso?

- isso, e tinha uma decida, eu caí e quebrei a perna. Fique lá por horas, não consegui salvar nenhuma delas.. - começou a chorar. - só tinha gritos.. eu queria... Estava lá em baixo e não conseguia me levantar... Poderia ter salvado todos eles.... - ele começou a chorar e isso era de mais pra mim, conseguia sentir oque ele sentia.

Parecia que a culpa era sua.

- sem mais perguntas.

- você foi herói meu filho. - minha mãe se aproximou dele e o abraçou. - sabe disso. - o garoto abraçou minha mãe com tanta força, como se a conhecesse.

- me desculpa. - minha mãe o beijou na cabeça.

- não peça desculpa. - deu carinho nele se sentando ao seu lado.

- eu tenho juízo, eu avisei, todos nós nos avisamos, mas Luiza já tinha feito isso, de atravessar pela BR por que o caminho era menos. Não tínhamos nem ideia do que poderia acontecer... Era uma noite de curtição. - minha mãe se levantou limpando o rosto.

- achamos bebida alcoólica em uma das mochilas. - disse o policial.

- sim, estava na mochila do Juan e na da Carla, eles são... Eram muito grudados, os dois estavam sempre juntos... Ah meu deus coitada dela... Ela tá bem não tá?

- no momento todos eles estão estáveis, você teve sorte garoto. - disse o policial.

- mais oque aconteceu com eles de verdade? Por favor me conta.

- bom... Beatriz e Luiza você já sabe... Carla no momento pode não voltar a andar mas está bem, acordada e bem. Paola.. infelizmente não sobreviveu, seu corpo foi achado e diferentes lugares. Juan... Eu sinto muito e você, que teve muita sorte. - via o garoto chorar com cara de quem se sentia culpado. - eu sinto muito garoto. - bateu no seu ombro.

- eu deveria ter avisado... Eu deveria ter dito. - começou a chorar.

Era difícil ver aquilo.

Me sentia no lugar dele caso Maria estivesse junto.

Eu ficaria me repetindo isso "eu deveria ter avisado, poderia ter sido diferente".

Mas graças a deus ela está aqui, comigo.

Eu lamento muito por todos eles mas sei lá... Maria está bem.

Voltei pro quarto dela e a mesma dormia, do mesmo jeitinho como estava quando eu saí.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Onde histórias criam vida. Descubra agora