126° capítulo

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Maria Clara.

Calma... Calma.

Maria calma.

Meus ouvidos não ouviam nada, parecia que o som estava distante.

Mas eu ouvia a bebê chorar...

Me arrastei com cuidado até a porta e olhei pra trás.

O pai do daddy tentava tirar a arma da mão do homem, Leo ainda com os olhos fechados e a minha perna..

Eu amo você escada da minha casa.

Se eu não tivesse quebrado a perna, nunca teria colocado gesso, se eu não tivesse colocado o gesso nunca teria o tirado e se eu não tivesse tirado, nunca colocaria uma tala.

Uma tala forte que te impede de levar um tiro.

Foi de raspão, um pouco abaixo do meu joelho e olhando pra ele percebi que saiu só um pouco da minha pele. A dor profunda que eu sentia era na verdade a dor no meu tornozelo, lá em baixo, por que eu me atirei no chão.

- Maria... Corre. - disse o pai do daddy entre os dentes pela força que fazia e quando eu olhei para o Leo, uma fração de coisas passaram pela minha cabeça.

Prometi a Cida que sairia com vida desse hospital junto com as crianças, mas nesse momento só posso salvar a mim..

Como irei viver pro resto da vida lembrando que deixei duas vidas inocentes pra trás.

Porém o pai do daddy deu um soco no homem e o barulho da arma caindo no chão foi mais alto.

Não, não, não... Eu não sou assassina.

Mas o pai do daddy não estava bem... Ele não tinha mais forças, levava a mão ao peito toda vez que podia.

- Maria.. - disse ele entre a briga. - corra. - caiu no chão.. ele não se mexia mais.

Ele teve alguma coisa por que o homem não fez nada.

Mas eu peguei a arma tão rápido e apontei para ele.

- não quer fazer isso quer? - me levantei e ele se aproximava. - tem só 16 anos... É uma criança ainda. - comecei a chorar, a perna doía e o medo também.

- você ia matar todos nós. - digo. - quer se vingar de uma pessoa boa como sua mulher mas ia matar três crianças inocentes... Já deve ter matado outros médicos aqui dentro e só falta Cida... Não vai deixar três crianças como testemunhas. - sai da sala e ele estava saindo quando eu pensei.

Atiraria para salvar a vida das crianças e de Cida. Atiraria para ser presa. Atiraria para voltar ao daddy um dia.

E atiraria por que eu estava com medo de largar a arma.

Com medo de saber que talvez o médico que ele queria se vingar estava no quarto da Luh e que ele matou ela também.

Atiraria por todos os motivos, por saber que não daria tempo de correr e por saber que ele é um militar com habilidades e eu só uma adolescente com a perna quebrada.

Oque eu posso fazer pelas crianças estando no estado que estou? Oque posso fazer se não correr? Se não atirar?

- está confusa. - disse ele calmamente. - queremos a mesma coisa.

- eu quero salva-la! Você quer mata-la! - gritei chorando.

- mas eu vou te deixar ir.

- e as crianças também. - ele negou.

- o menino sim. - fiz uma cara de brava e parei de andar, arrumando a postura. Chorava mas lá no fundo eu precisava fazer aquilo. As pessoas me entenderiam, não tinha mais oque fazer.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Onde histórias criam vida. Descubra agora