Reencontros VI

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***Rafael

A noite anterior foi de muitas conversas e recordações. Fiz de tudo o possível para manter a identidade real de Luna em total segredo, ainda era cedo para que os outros soubessem que, na realidade, a minha amiga era uma criatura mágica de espécie desconhecida para mim.

Eu e minha amiga, dormimos no mesmo quarto, dividimos a mesma cama, para não levantar qualquer suspeita que fosse contra o nosso relacionamento de fachada.

Acordei cedo, tomei um banho e fiquei durante muito tempo observando a paisagem através das janelas um pouco embaçadas... Com certeza, as mesmas se encontravam daquele jeito por conta do frio externo.

O sol raiou entre muitas nuvens acinzentadas... A pouca luz daquele amanhecer opaco, atravessava os vidros da janela e iluminava parcialmente o quarto.

Devido ao meu estágio de distração, nem percebi o exato momento em que minha companheira de quarto acordou. Quando dei por mim, a voz meio rouca, de quem havia acabado de acordar, chamou pelo meu nome:

— Rafael?...

Virei-me para a direção da cama, na intenção de observar melhor Luna, abri um discreto sorriso e falei:

— Bom dia, amiga!

— Bom dia... — Ela coçou os olhos. Seus cabelos se moviam lentamente, como se tivessem vida própria, emoldurando seu rosto angelical. — Já acordado tão cedo?

— Foi difícil ter uma boa noite de sono... Muita novidade para digerir. — Respondi, caminhando em direção à poltrona e me sentando.

— Imaginei que não fosse conseguir dormir bem... — A moça levantou-se de forma lenta, e deslizou sobre o colchão até apoiar suas costas na cabeceira da cama. — Quando viemos para o quarto ontem a noite, você me pareceu pouco a vontade.

— Não se preocupe demais, Luna... Uma hora eu vou ter que acabar me acostumando com todas essas mudanças. — Tentei tranquilizá-la.

— Que pedido difícil esse seu! Sabe o quanto me preocupo com você.

— Esquece, vai! Eu vou ficar bem. — Esbocei um sorriso. — Agora que já acordou, aproveite para tomar um banho e ir tomar o café da manhã.

— Okay, mandão! — Luna revirou os olhos enquanto jogava o edredom para o lado e saltava da cama.

— Olha quem fala! Não sou eu quem dou ordens aqui! — Caçoei franzindo a testa.

— Vou fingirei que não me chamou de autoritária.

Luna caminhou até o closet, onde havíamos deixado nossas coisas, apanhou algumas peças de roupas e logo seguiu em direção ao banheiro dando risadas em tons sarcásticos.

— Olha o abuso, mocinha!!! — Brinquei.

— Que horror!!!... — Ela gritou já de dentro do banheiro, antes de fechar a porta. — Não me trate como uma criança!!!

— Nem poderia! Afinal, é você quem cuida de mim, não o contrário! — Gritei de volta.

— Que bom que reconhece isso!... Saiba que me dá muito trabalho, por sinal!

Ao terminar de dizer tais coisas, ela fechou a porta.

O silêncio no cômodo, não durou muito. Foi questão de alguns instantes, até alguém bater na porta do quarto.

Me levantei da poltrona e fui até a mesma abrí-la. De pé no corredor, estava Thales. Ele vestia um conjunto de pijama azul royal com pequenas estampas de nuvens. Sem fazer muitos rodeios, ele imediatamente dirigiu-se a mim:

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora