O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Lembranças V.2

***Luna

— Por que está tão escuro aqui?! — Foi a primeira coisa que perguntei, assim que percebi que não enxergava um palmo à frente do meu nariz.

Aquela voz, tão familiar, de Rafael, que me guiava por aquele tour confuso às minhas mais profundas lembranças, respondeu afetuosamente:

— Este lugar é onde estão seladas suas lembranças mais perturbadoras e dolorosas... Mas antes que você possa tomar conhecimento delas, precisamos voltar um pouco mais.

Ao fim daquela breve explicação, avistei uma porta branca posicionada bem ao nosso lado direito. Em um click, a mesma se abriu, revelando outra paisagem exuberante.

Assim que a atravessamos, me dei conta de que estávamos em um outro bosque, não tão bonito quanto o primeiro, mas mesmo assim, era carregado por belezas únicas.

— E agora? Onde estamos? — Perguntei olhando ao nosso redor.

— Aqui é, exatamente, onde você nasceu. Bem diferente do que é agora, né? — O rapaz respondeu, esboçando um meio sorriso.

— Este... — Arregalei os olhos, bastante surpresa. — É o bosque de Snowland?!

— Exatamente! — Confirmou.

— Mas... Como isso é possível?! Como pode estar tão diferente?!

O rapaz continuou em silêncio e começou a caminhar pelo local. Eu, imediatamente, o segui.

Ele colocou as mãos nos bolsos da calça que vestia e, por fim, respondeu:

— Em oitocentos anos, muitas coisas podem mudar.

— O quê???!!! — Quase tive um treco quando ouvi aquilo.

— Por que a surpresa?! Você é uma dríade, afinal...

— Mas... Mas... — Gaguejei. Não conseguia dar continuidade a conversa.

— Você precisa estar preparada pra tudo que vai descobrir aqui, Luna. Sei que pode ser difícil pra você, mas muitas memórias importantes foram tiradas de você, não é verdade? Sua real idade é uma delas.

— Eu não imaginava que fosse tão velha! — Soltei. — Estou me sentindo totalmente caquética!

— Para! Ninfas não envelhecem... Só deixam de existir quando seu ciclo existencial se encerra. — Ele parou de caminhar e me encarou por um breve instante.

— Mesmo assim... Não consigo acreditar que já existo há tanto tempo!

— Quando acordar, sua visão do mundo real será outra. — Ele foi bastante sincero. — Espero que saiba lidar com isso. Sei que é uma garota muito forte.

— Agora, sabendo minha real idade, não acho que garota seja a forma de tratamento mais adequada para de dirigir a mim. — Brinquei por um momento.

Ele sorriu e fez um lento movimento negativo com a cabeça. Em seguida, apontou para o meu lado esquerdo e disse:

— Olhe ali.

Quando virei-me para a direção indicada, notei uma minúscula planta, que parecia estar bastante saudável e vistosa. Depois de examinar bem, cheguei a conclusão que se tratava de uma pequena muda de carvalho.

— Não me diga que...???!!! — Não terminei a frase.

— Sim.

Não demorou muito, até que eu avistasse uma outra eu se aproximando. Em uma das mãos, ela carregava um balde de madeira.