O Mais Poderoso

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***Gabriel

Eleonor e Zack adentraram o quarto apressadamente. Em mãos, eles seguravam algumas bolsas de sangue como eu havia pedido.

Ao se aproximarem da cama, onde eu ainda tentava manter a garotinha sob controle, imediatamente eles soltaram sobre o colchão o alimento que aquela recém-transformada tanto ansiava.

Pude ver com clareza, o exato momento em que as presas da menina cresceram. Seus olhos ficaram ainda mais arregalados.

Em um impulso, a menina curvou-se para a frente e desvencilhou-se de meus braços, caindo de joelhos sobre o colchão. Ela agarrou com gana uma das bolsas de sangue e levou até à boca, mordendo logo em seguida.

Gotas do líquido vermelho e viscoso escorreram pelas laterais da pequena boca da criança. Algumas gotículas caíram sobre os lençóis claros, os manchando imediatamente.

Com semblante assustado, eu olhei para os dois outros membros do Clã, parados de pé, totalmente apáticos observando aquela cena um tanto grotesca. Era como se um animal selvagem estivesse sobre aquela cama, se alimentando de forma voraz.

— Isso... — Zack engoliu em seco e apontou para a menina. — Isso vai ser o suficiente? Ela se sentirá saciada após se alimentar?

Eu apertei os lábios. Minha vontade era de gritar, mas não podia correr o risco de me deixar levar pelo impulso e acabar assustando a criança, que havia acabado de se distrair com seu alimento.

Dei um profundo suspiro, olhei Zack nos olhos e respondi, tentando manter a calma:

— E tu acha que eu sei? Isso é tudo novo para mim também, assim como é pra vocês! Não faço a menor idéia do que vai acontecer após ela terminar de beber isso!

— Francamente?... — Eleonor ajeitou os cabelos, que estavam um pouco bagunçados. — Estou torcendo para que isso a satisfaça... Do contrário, não sei o que mais poderemos fazer para acalmá-la.

— Espero que Beatriz tenha alguma boa idéia. Por isso pedi para Plínio ir buscá-la. — Falei. — Se ela não conseguir resolver esse problema, ninguém mais pode.

— Mas... — Zack pareceu-me inseguro a princípio. — E o Thales?... Vocês não estão planejando contar a ele sobre isso?! Talvez ele consiga fazer algo.

— Eu não sei o que Bia tem em mente, Zack. Acho que essa decisão de contar ou não a ele, cabe somente a ela. Com toda certeza, ela deve saber o que está fazendo. — Desviei meu olhar para a garota, que continuava a tomar o sangue das bolsas com um apetite assustador.

— Eu ainda acho que o Thales devia saber o que está se passando aqui... — Insistiu Zack. — Ele é o mais poderoso de todos, com certeza ele seria capaz de resolver esse problema em dois tempos.

— Nem pensem nisso! — A voz de Beatriz inundou o quarto.

Todos desviamos nossa atenção para a porta, onde estavam de pé a Mor, Félix e Plínio. Sem fazer movimentos bruscos, os três entraram no local e posicionaram-se estrategicamente em frente a saída.

Eleonor fitou a outra, fez uma expressão bastante curiosa e perguntou:

— Mas por quê?! Por que não quer que Thales saiba da garota?!

— Não é óbvio? — Replicou Beatriz. — Eu já deixei bem claro pra vocês o quanto estou me arriscando em lidar com esta situação. Meu cargo está em perigo aqui! Não quero envolver Thales e acabar colocando o pescoço dele na reta também... Se alguém tiver de ser destituído do cargo por omitir a transformação de um inocente, que esse alguém seja eu! Vocês realmente acham que os líderes de Conselho pegarão leve com a gente se souber disso tudo?!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora