O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Avalanche Destrutiva

***Thales

Não.

Aquela história não fazia sentido pra mim... Não ainda.

Acho que mais de uma hora já havia se passado, desde o momento em que meus amigos haviam chegado à minha casa. Gabriel e Zack, também já estavam presentes no local, os dois chegaram no momento em que Beatriz e Luna estavam contando toda a história sobre o passado da garota, que naquela altura do campeonato, já não parecia mais ser tão garota assim. Também revelaram a sua verdadeira origem. Luna, era uma ninfa, que já havia vivido por séculos.

Fiquei, absurdamente, chocado quando aquele segredo me foi revelado. Era a primeira vez que eu tinha notícias de criaturas pertencentes a outros Clãs, sem ser dos três principais.

Mas algo me deixou muito mais horrorizado...

A capacidade que Pavel tinha de ser tão medíocre e assombrar nossas vidas, mesmo depois de ter sido banido para o submundo há anos atrás.

Aquele homem, teve o fim amargo que mereceu. O que ele causou à amiga de Rafael, além de criminoso, era doentio e não tinha perdão. Ouvir tudo que Pavel causou à Luna, só fez com que meu asco por ele aumentasse ainda mais.

***

Todos os presentes, naquela sala, me olhavam apreensivos. Minha mãe, chorava silenciosamente, sentada em uma poltrona mais ao canto do cômodo. Eu sabia que ela precisava de um tempo para digerir tudo aquilo que havíamos acabado de ouvir de nossos amigos.

Eu, estava sentado no sofá maior, ao lado de Bia, Luna, Félix e Íris. Em outra poltrona, estava Rafael, e acomodado no braço da mesma, Gabriel. De pé, debruçado sobre o encosto, estava Zack, fitando tudo atentamente.

Engoli em seco. Beatriz, segurava minha mão com delicadeza, como me dando forças. Lentamente, soltei-a, esfreguei o meu rosto com certa força, como se estivesse tentando me despertar de um pesadelo profundo... Porém, não funcionou, eu teria de encarar mais aquela dura realidade.

Mais uma vez, meu pressentimento estava correto. Eu sentia como se uma imensa avalanche destrutiva, tivesse acabado de me atingir em cheio... Arrasando tudo pela frente.

Levantei-me de onde estava, totalmente calado, e comecei a caminhar de um lado para o outro. Todos os olhares permaneciam sobre mim.

Parei em frente a lareira, virei-me para todos os presentes, dei um profundo suspiro e perguntei:

— Vocês têm certeza de tudo isso que acabaram de dizer aqui?!

Com uma expressão de descrença estampada em seu rosto, Beatriz foi a primeira a se pronunciar:

— Está duvidando de quê?! Que seu pai era um grandessíssemo filho de chocadeira, nojento e asqueroso?!

— Não é isso... — Eu, ainda não tinha conseguido absorver bem tudo aquilo.

— Escute bem, Thales... — Luna, pôs-se de pé. Seu olhar revelava dor, angústia, trauma... — Eu nunca passei por algo tão horrível em toda a minha vida. O que aquele homem me fez, gerou traumas, que acho, que nunca conseguirei me recuperar enquanto eu viver. Se eu imaginasse o que estava em jogo, eu não teria aceitado tomar a poção para recuperar a minha memória. Uma agressão sexual, com certeza, é algo que eu não fazia questão nenhuma de me lembrar.

— Eu nem sequer imagino o quanto isso é difícil pra você, Luna. Só quem vive na pele tal situação é capaz de ter consciência sobre isso. Eu não quis parecer duvidar disso... O que me angustia, dá nojo, e me gera ainda mais revolta, é ser filho de alguém assim... Medíocre, sujo... Alguém capaz de descer tão baixo! — Meus olhos começaram a lacrimejar. Minha garganta se fechou. Senti minha voz ficar meio embargada. — E o Travis?! Pelos céus!!! Como meu irmão vai reagir quando descobrir que é fruto de um abuso?! Ele vai ficar arrasado!!! Ele não merece passar por uma tristeza dessas!!!