O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Lembranças III

***Luna

Lentamente, fui abrindo meus olhos.

Demorou um pouco para que eu conseguisse me acostumar com a claridade do ambiente.

Deduzi que, eu estava em casa. Aquela sala com ar aconchegante, aquele cheiro familiar e aqueles paredes de madeira me causavam uma sensação acolhedora de segurança.

Olhei para meu lado esquerdo, avistei o grande carvalho que ficava localizado no centro do cômodo principal. O discreto cheiro e o som de madeira queimando na lareira, faziam com que minha sensação de paz interior aumentasse ainda mais.

Ao olhar para meu lado direito, avistei Rafael sentado em uma cadeira. O rapaz me olhava com um semblante preocupado. De pé, ao seu lado, estava Beatriz.

Totalmente confusa, com aquela visão, perguntei quase que fazendo uma careta:

— O que estamos fazendo aqui?!

— Longa história. — Respondeu Rafa, arqueando um pouco seu corpo para a frente.

Ainda meio tonta, apoiei minhas mão sobre a cama improvisada no chão, e me sentei. Em seguida, passei a mão direita sobre o rosto e cocei os olhos. Por fim, questionei:

— Podem, por favor, me explicar o que houve?

Beatriz aproximou-se de mim, abaixou-se, me olhou atentamente e começou a falar:

— Lembra quando eu contei a vocês sobre sua natureza e a sua provável ligação com a árvore que lhe deu origem?

Apenas assenti. Em seguida mirei o tronco do grande carvalho.

A gentil feiticeira, com toda a paciência do mundo, então, continuou:

— Parece que passar muito tempo longe daqui, drenou muito sua força vital. Acredito que você seja capaz de sentir quando é hora de voltar para recarregar suas energias... Mas isso só deve acontecer de forma perfeita, quando recuperar suas memórias. Acredito também que, terá mais controle sobre suas habilidades especiais quando se lembrar de seu passado.

— Então, quer dizer que, se eu passar muito tempo longe da minha árvore, eu posso morrer?!... É isso?!

— Exatamente. — Ela foi bastante cirúrgica em sua resposta.

— Nossa! — Exclamei.

— Eu disse que não queria voltar. Pra me ajudar, tu acabou colocando seu próprio bem estar em perigo, Luna. — Rafael entrou na conversa. — Eu não quero mais que isso se repita.

O olhar de remorso estampado no rosto de meu amigo, me cortou o coração. Eu queria tanto ajudá-lo na resolução de seus problemas, mas no fim, acabei me tornando mais um deles.

— Me perdoem. Eu não queria me tornar mais um peso pra vocês. — Abaixei a cabeça.

— Por Merlim! Não diga isso! — Bia exclamou. — Você não fez por mal. Não sabia o que poderia acontecer. É por isso que eu pesquisei muito e trabalhei duro em uma poção para recuperar as suas lembranças.

Ao ouvir aquilo, uma ponta de otimismo invadiu o meu coração. Ergui meu olhar e fitei a feiticeira abaixada à minha frente.

— Eu entendi bem? Você conseguiu a poção? — Perguntei. Com certeza meus olhos brilharam.

— Sim. Eu concluí a poção, mas...

— Mas?... — Insisti para que ela prosseguisse.