Tic Tac

164 26 5
                                    

***Gabriel

Eu, era claramente o mais lúcido dali. Também pudera, após ter avistado aquele cenário caótico do fundo do fosso.

Thales permanecia ajoelhado em estado de choque. Rafael se aproximou do Mor, na intenção de consolá-lo, mas seus esforços de acalmar o rapaz, não estavam rendendo qualquer fruto.

O que mais estava me indignando, era aquele sorrisinho medíocre estampado na cara de Pavel. Ele estava tão seguro de si, como se já tivesse vencido a batalha sem precisar de esforçar muito. De fato, a vantagem dele se revelou ser enorme, já que ele tocou o ponto fraco de Thales: o psicológico.

Eu tentava imaginar, o que seria de nós sem o apoio do rapaz em uma possível luta. Afinal, ele era o mais poderoso de nós. Desestruturá-lo daquela forma, foi uma jogada bastante astuta de seu pai.

Eu estava de pé, de frente para Pavel, que mantinha seus braços cruzados, bem próximos a borda do fosso. Quando eu olhei para o lado esquerdo, avistei, mais uma vez, Rafael tentando amparar Thales.

— Thales, levante-se. — Sussurrou o Platinado.

Eu voltei a fitar o ser medíocre à mainha frente, estreitei os olhos e perguntei:

— Cara, pra que isso tudo?!

Ele deixou escapar um risinho, enfiou as mãos nos bolsos das calças e respondeu, com a maior calma do mundo:

— Melhor parar de repetir discursos. Afinal, nada que eu diga a vocês aqui, terá nenhum valor futuro. Vocês sempre me subestimaram tanto. Chegou a hora de verem minha grandeza com seus próprios olhos.

— E tu acha mesmo que vamos ficar de braços cruzados, só assistindo você fazer o que bem quer?! Você é mais louco do que eu imaginava! Não vamos abaixar nossas cabeças pra você!!!

— Não vão? — Ele arqueou a sobrancelha esquerda e olhou para o chão, na direção em que se encontravam meus dois amigos.

Rafael, que estava ajudando Thales a se levantar, olhou para o mago e respondeu:

— Não, não vamos!

— Você pode tentar qualquer coisa, Pavel, mas não sairá por cima! Quando sua queda vier, eu estarei pronto pra aplaudí-la! — Cuspi as palavras.

— E acham que podem me impedir?! Acham que o queridinho de vocês vai arriscar o bem estar das três pessoas que ele mais ama neste mundo?! Os três estão em meu poder! — Ele apontou para o próprio peito, referindo-se a Travis. Em seguida, apontou para Suzana sobre a plataforma e, por fim, para Miguel pendurado no teto.

— Você é nojento! — O Mor desvencilhou-se dos braços de Rafael. — Aquelas pessoas são inocentes, tinham suas vidas!!! E o pior de tudo: você acabou com a infância daquelas crianças! Como consegue ser tão frio?!

Ele não controlava as lágrimas. Era perceptível o tamanho da dor e revolta que ele estava sentindo, mas ao mesmo tempo, eu também conseguia identificar uma certa ira e culpa naquele misto de sentimentos.

— Tolinho... — Riu Pavel. — Você é fraco, Thales! Quando vai aceitar isso? Qualquer coisinha já te abala, não puxou a mim em nada!

— Pois eu agradeço a Deus todos os dias por isso!!! — Suzana gritou do meio da plataforma. — Agradeço a Ele por ter me dado um filho maravilhoso e que se preocupa com os outros, até mais com que consigo mesmo! Meu filho é um anjo enviado a esse mundo! Acho maravilhoso que não tenha nenhum resquício do seu malcaratismo nele!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora