Ultrapassar Barreiras

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***Rafael

Às vezes, precisamos dar um passo atrás, para enfim, podermos seguir adiante.

Eu estava com tal frase martelando em minha cabeça. Pois a mesma, nunca me havia feito tanto sentido antes. Eu sentia, bem no mais íntimo do meu ser, que um período tempestuoso se aproximava... Não só de mim, mas de todos com quem eu me importava. Era difícil encontrar uma explicação para tal sensação...

A sensação que me rondava, era de certa impotência. Uma angustia me dominava cada vez mais.

Como se já não bastassem os problemas pelos quais eu estava passando, outra enxurrada começou a me atingir.

Eu ainda não tinha uma idéia certa do que poderia ser feito... Eu ainda não sabia o que pensar sobre meu incerto futuro.

Para ser mais sincero, eu nunca senti tanto medo antes. Nem no passado, quando enfrentei situações que colocaram em risco toda a existência de vários seres humanos, mágicos e afins, eu me senti tão acuado.

Meus sentimentos estavam confusos...
Como se já não bastassem meus outros problemas, mais conhecidos pelos nomes de Thales e Miguel... Agora, eu estava totalmente tomado pelo pânico de perder minha melhor amiga... Luna, estava em grande perigo.

***

Beatriz nos materializou em frente a cabana que eu me lembrava bem: O refúgio onde passei anos me escondendo do restante do mundo, junto com minha pequena amiga, Luna.

Estar de volta ali, me causava uma agradável sensação de nostalgia. Pena que, o motivo que havia me trazido de volta, não era dos melhores.

De pé ao meu lado esquerdo, estavam Bia e Íris... Do meu lado direito, Félix. Em meus braços, eu carregava Luna, como se fosse um dos objetos mais delicados do mundo, como se fosse um vaso de cristal fino. As pessoas ao meu lado, pareciam estar extremamente abobalhadas com a visão do local.

— Nossa! Como é lindo este lugar!!! — Exclamou, Íris. A garota, sequer piscava.

— Agora entendi porque nunca fez muita questão de voltar. — Félix, fez um comentário tentando descontrair.

Com certeza, estava mais do que visível em meu rosto o quanto eu estava tenso e com medo. Também, não era para menos. De certa forma, naquele presente momento, eu estava carregando uma parte do meu mundo em meus braços... A responsabilidade era grande demais.

— Não temos tempo para admirar a paisagem agora, gente... — Beatriz interrompeu os comentários paralelos. Seu tom de voz era firme. — Vamos, Rafael, precisamos levá-la para junto do carvalho, e logo!

Apenas assenti. A Mor saiu andando em nossa frente e não demoramos muito até subirmos os degraus de madeira que davam acesso à humilde, porém aconchegante, varanda de frente da cabana.

Havíamos chegado as pressas no local, obviamente, eu estava sem as chaves. Beatriz, sabendo disso, sem fazer qualquer cerimônia, apenas ergueu a mão direita em direção à porta, fazendo com que a mesma se abrisse completamente.

Adentrei o local e fui seguido pela mulher. Félix e a filha, ficaram de pé próximos à porta de entrada.

Beatriz, tomou a frente da situação, se aproximou do tronco do grande carvalho, localizado ao centro da sala, e me olhou atentamente, dizendo:

Coloque-a aqui. — Apontou para o chão.

Logo em seguida, com movimentos ágeis, ela começou a olhar ao redor. Avistou uma manta felpuda xadrez, que estava dobrada sobre uma cadeira de madeira. Mais que depressa, ela agarrou aquilo e estendeu sobre o assoalho.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora