O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Regresso

***Rafael

Sabem aquela sensação de que mudanças enormes estão prestes a acontecer? Aquela sensação que a gente não sabe ao certo de onde vem, e nem o por quê?... A gente, apenas, sente?

Eu estava me sentindo assim, empunhando aquele misterioso envelope dourado.

Luna, permanecia totalmente em silêncio sentada ao meu lado, enquanto me olhava atentamente. Ela sabia que eu ainda estava relutante em abrir àquela correspondência.

Eu sabia que, dependendo do que estivesse escrito ali, tudo mudaria... Eu estava com medo.

Depois de arrastados minutos observando a minha falta de reação, a moça ao meu lado, mais uma vez, voltou a falar em um tom calmo, porém autoritário:

— Qual é, Rafael? Não adianta ficar tentando adiar o inevitável. Poupe-se desse sofrimento e abra logo isso!

Mordi meu lábio inferior com certa força. Lentamente, comecei a desatar o laço da fita vermelha que envolvia o envelope.

Engoli em seco. Se eu fosse um simples mortal, com certeza eu já estaria suando naquele momento. Eu sentia muita pressão... Ansiedade.

Rompi o lacre... Retirei um papel totalmente preto, que se encontrava dobrado ao meio, dentro do envelope... Por fim, o desdobrei.

Naquela folha de carta preta, com uma caligrafia totalmente invejável, estava escrito um texto em letras prateadas, o qual eu comecei a ler em voz alta, para que minha amiga também pudesse ouvir:

— "Olá, Rafael! Sou eu, Thales! Sei que deve estar se perguntando agora como essa carta chegou até você... É totalmente compreensível, eu também estaria me perguntando o mesmo. Tudo que posso dizer sobre isto, é que eu desenvolvi habilidades que você nem pode imaginar. Sei também que, você, aparentemente, não está muito afim de ter contato com os velhos amigos, ou então, do contrário, já teria voltado a nos procurar. Por muitos anos eu respeitei sua decisão, seu espaço... Por isso não lhe escrevi antes. Mas agora, sinto que já não dá mais para adiar nosso reencontro." — Naquela altura da carta, eu fiz uma pausa e olhei para minha amiga.

Luna, franziu o cenho, livrou-se da xícara que, até aquele momento mantinha em mãos, colocando-a no chão ao seu lado, deu uma piscadela para mim, e falou por fim:

— Continue... Está cada vez mais interessante.

Voltei a focar minha atenção naquele papel, então, continuei:

— "Eu sei que não deve estar muito afim de voltar, mas peço que, por favor, pense com carinho na proposta que tenho a lhe fazer... O nosso grande dia chegou. Sim... O meu dia e o dia de Beatriz. Após tanto tempo de muito treinamento intenso, muitas aulas de feitiços, estresses, provações... Chegou o dia em que nós, formalmente, seremos nomeados Líderes de Conselho. Será um dia muito especial, portanto, queria que você estivesse presente. Você pode não acreditar, mas sua presença é muito importante para nós... Principalmente para mim. Peço que, se por um acaso se sentir confortável, por favor volte... Compareça à cerimônia. Temos tanto a conversar, tanta coisa mudou por aqui. Queria poder compartilhar disto tudo com você, que permanece tendo um lugar muito especial em meu coração. A cerimônia de iniciação será realizada no final da próxima semana. Se não quiser ficar em algum outro lugar, fique sabendo que, a minha casa está de portas abertas e você sempre será muito bem-vindo. Tenho muita coisa pra lhe agradecer, você fez tanta coisa por mim, e te receber em minha casa será uma pequena forma carinhosa de dizer-lhe obrigado. Por fim, encerro aqui essa carta, pedindo mais uma vez que, por favor, pense com muito carinho no meu convite. Estamos com muitas saudades. Com todo carinho, Thales."