O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Aquela Conversa

***Thales

Na Manhã da nomeação:

Acordei com uma ansiedade fora do comum. O grande dia havia chegado, não havia mais como adiar o inevitável.

Minha preparação para tal momento, havia se arrastado por longos anos. Enfim, todo o meu esforço e dedicação fariam algum sentido.

Demorei um pouco para me levantar da cama. Miguel ainda dormia em um sono que me parecia ser profundo.

Fiz minhas higienes matinais, como de costume. Ao sair do banho, logo comecei a me arrumar, pois a festa de nomeação começaria logo cedo.

Vesti uma cueca branca, uma camisa rosa de tom claro e em seguida logo comecei a amarrar minha gravata. Eu encarava atentamente o meu reflexo no espelho... Muitas coisas se passavam pela minha cabeça.

Eu já sabia que aquele, não seria um dia fácil. Um assunto pendente também teria de ser abordado naquela ocasião. Eu já vinha preparando Miguel para tal coisa, já fazia algum tempo.

Não demorou muito até que meu parceiro despertasse e fosse para o banho. Quando terminei de me arrumar, sentei-me na cama e fiquei apenas o esperando.

Quando saiu do banheiro, o rapaz ainda estava com parte do corpo úmido. Vestia um cueca box preta que evidenciava bastante suas coxas avantajadas.

Ele ficou de pé em frente ao espelho, e com toda a tranquilidade do mundo, começou a se vestir.

— Miguel... — Chamei-o, enquanto o mesmo abotoava a camisa branca que havia acabado de colocar.

— Sim? — Ele encarou-me pelo reflexo do espelho.

Vigiando cada ação do rapaz, e com bastante tranquilidade no tom de voz, comecei a falar:

— Você sabe que não dá mais pra adiarmos aquela conversa, não sabe?

Ele deu um profundo suspiro, parou de se ajeitar por um instante e respondeu após contorcer os lábios:

— É. Você não me deixa esquecer...

— Não aja assim... Você precisa entender que, eu estou tentando fazer a coisa certa desta vez. Precisamos consertar os erros do nosso passado.

Ele arqueou a sobrancelha direita, e logo em seguida franziu a testa. Eu até tentava, mas não conseguia decifrar os pensamentos do rapaz. Estava inseguro, tinha medo de estar por forçar uma situação que não faria bem a ele... Mas eu precisava tentar abrir seus olhos.

Depois de alguns instantes de silêncio, Miguel voltou a ajeitar sua roupa e perguntou serenamente:

— Então tu acha que eu fui um erro? Acha que nós fomos um erro?

— De modo algum. — Fui o mais objetivo possível em minha resposta. — Cada experiência, cada momento que passamos juntos foi único e vou guardar com carinho para sempre no meu coração. Mas agora, eu preciso colocar todos os sentimentos envolvidos a prova, Miguel, mesmo que isso acabe magoando muito um de nós três.

Meu parceiro terminou o que estava fazendo, virou-se para minha direção e me fitou atentamente. Seu olhar parecia vazio.

— Eu entendo que esteja com dúvidas, mas nunca duvide que os meus sentimentos sempre foram reais, Thales.

— Eu sei... Tudo foi tão intenso e verdadeiro... — Fiz uma pausa. — Mas o que eu preciso saber de você é... Ainda são reais?

— E-u... E-u... — Ele gaguejou.